Esta tem sido uma das armas privilegiadas no comportamento comercial das empresas e dos estados para vender um produto ou uma ideia. E quer-me parecer que tem sido eficaz, então, cá vai mais uma provocação para discussão, onde pergunto se a Internet não será um veículo mais poderoso, com a partilha desse medo por buzzação (desculpem a palavra, mas no meio de tantos palavrões deixem-me lá inventar uma).
Nada do que Machiavelli, através da sua obra-prima, O Príncipe, já não tenha dito que se mantiver o indivíduo sob a pressão do medo, o príncipe pode controlar a instabilidade social. Por outras palavras, e para o que nos interessa, o medo na sociedade, no indivíduo, evita incerteza, ou seja, aumenta os níveis de certeza daquele que detém o poder (o poder de mandar ou de fornecer), tornando a acção de governo mais eficaz (tornando a venda mais certeira).
Esta técnica pode surgir, pelo menos, de duas formas: o medo de perder o bem que se pode querer adquirir ou o medo de não ter acesso ao bem que se pode adquirir (mesmo não o conhecendo). Isto é, campanhas de venda colocam o bem (um serviço ou um produto, mesmo que se reverta sob a forma de uma ideia) à disposição do consumidor (público) e indicam-lhe uma condicionante que o podem levar à perda do bem. A outra forma, disponibiliza-se o bem, mas no imaginário do consumidor (público) indicam-lhe que se não o possuir, de facto, ficará vulnerável. Por exemplo, menos atraente (ou mesmo nada atraente), limitação que tem sido das armas mais eficazes, mas não só, também o apelo à vaidade através do artefacto que simboliza o poder, ou liberdade de poder, como é o caso do automóvel.
Vendo-se susceptível e ou vulnerável, o consumidor ficará obviamente com medo. Reparem nas campanhas à nossa volta, desde os produtos de beleza aos produtos de tecnologia, passando pelo bem de limpeza, simples utilidades (ou de utilidade nenhuma), sem esquecer os alimentares e os mais óbvios, os de saúde ou de segurança.
Vejam o que se fez com a Gripe X.
Vejam o que se faz com o depilador XPTO…
Vejam o que acontece se não possuírem o modelo GTI da VIAT-ura.
Vejam se não possuírem o telemóvel KZ111 da rede OlhaoFone!...
Vejam se ficarem com o Homem Abrasivo…
(tentei, de alguma forma fugir a marcas… mas elas estão bem presentes na minha memória, mas neste momento só preciso de comprar lâminas da Gillette… que a máquina já cá canta e foi de borla, além de que nem sempre gosto de estar nessa “tribo” dos homens lixa!)
Mas agora chegamos à Net. E que vemos neste mundo virtual e no comércio que por lá passa? Será que assistimos a novas formas de relacionamento, onde o “diz que diz” e o “passa palavra” têm relevância global? E estas, têm impelido esta arma de venda… o medo? Sendo o grande alvo os ingénuos jovens, mais susceptíveis às ameaças veladas, do género: “se não fizeres, se não participares, perdes!”, os condutores privilegiados destas técnicas?
Penso que tudo se mantém, apesar dos subterfúgios e das ferramentas serem bem diferentes daquelas que existiam à 30 ou mesmo há 10 anos. Vejamos as formas de comercialização que surgem com base na Internet e que têm vindo a ser estudados neste curso, das quais destaco o efeito “Cauda Longa”, será o princípio do fim da técnica do medo? Ou, por outro lado apenas significa a consciência de um facto da natureza: “se és ser e existes então és classificável e pertences a uma categoria taxinómica…”; e neste caso, se saíres desse nicho, então escolhe este outro, porque, de outra forma deixas de pertencer e logo de ser. Terrível para as mentes modernas, hem?
Claro que tenho em consideração que muitos dos bens são de facto úteis e aparecem porque preenchem necessidades ou porque me facilitam uma data tarefa. Mas, e o resto? Sempre desconfiei dos telemóveis, que hoje controlam a minha vida. Desconfio da Internet e da forma como “advinham” os meus gostos e interesses. Desconfio da forma como as redes sociais disponibilizam das minhas amizades e ao mesmo tempo me afastam delas… Mas o facto é que facilitam a minha vida, que fica ao sabor de um fácil digitar numa tecla.
Última nota, ora vejam lá, se o medo não é útil para se conquistar com um singelo clik?
Caro colega e amigo,
ResponderEliminarDe facto a manipulação e o controlo do poder, já vem de muito longe, quiça antes do tempo dos principes, talvez do tempo dos imperadores ou mesmo dos homesn das cavernas.
A organização da sociedade, está na mão de quem tem informação e a organiza de forma que possa ser interpretada e pensada da forma que convém a quam a formata.
E de facto devo dizer que é muito dificil fugir a este controlo e a este poder, porque é dificil encontrar alternativas.
Se não uso o depilatório, fico com pelos e os meus amigos já não gostam de mim. Se não compro as sapatilhas da moda, estou completamente ultrapassada e já troçam de mim. E se não me visto da forma adequada para uma entrevista de emprego, aí sim é que comaçam os problemas á serio.
Assim há que ser politicamente correcto, socialmente correcto e ...... sempre correcto!!!
Não há dúvida que temos que viver nesta simbiose do querer ser igual aos outros mas ao mesmo tempo ser diferentes! faz parte de nós e da condição humana.
E penso que já discutimos isso, neste blog, tantas vezes. Ainda me lembro do dia sem calças por exemplo! Talvez seja bom um exemplo deste apelo à diferença num mundo de iguais.
E por favor não tenham medo! Aprendam a gerir o medo e a viver com ele!