a fim de não perder o hype mediático dos Oscars 2012, antecipo este post sem, para já, relação directa com a matéria leccionada até então, no entanto estou certo que à medida que as aulas forem correndo que poderemos encontrar pontos em comum com a publicação que pretendo elaborar por mim mesmo e sem grande base cientifica e/ou académica e os assuntos discutidos nas aulas.
Sacha Baron Cohen, polémico actor/comediante que podem conhecer como "Ali G" ou "Borat" muito recentemente surgiu na passadeira vermelha dos Oscars como a sua nova personagem "The Dictator". A organização do evento tinha proibido o actor de se apresentar desta maneira, argumentando que, o actor deveria se representar como si próprio, como pessoa Sacha Baron Cohen e não como personagem fictícia.
Sacha não só apareceu como "The Dictator" como levou duas "assistentes" consigo, mas pior, trazia consigo o que dizia serem cinzas do falecido líder norte-coreano Kim Jong Il.
É certo que, por exemplo este vídeo conta já com 4.156.919 visualizações até ao momento da publicação e haverão pessoas que viram isto mesmo em directo pela televisão ou Internet ou em vídeos similares a este, mas será esta boa ou má publicidade ao actor?
Aparentemente má publicidade, afinal o actor foi bastante indelicado e desrespeitou o trabalho de um apresentador de televisão. Avaliando pela ferramenta Youtube este vídeo conta com sensivelmente 90% de "gostos" e 10% de "não gosto", parece ter sido então boa publicidade.
Sacha acaba expulso do evento antes do mesmo começar mas obtém um grande falatório sobre o sucedido e com excelentes resultados ao que podemos apurar.
Com este tipo de estratégia de auto-promoção Sacha Baron Cohen para além das personagens que consegue sistematicamente vender em filme e séries, consegue entrar em filmes de realizadores consagrados e respeitados como Tim Burton ou Martin Scorcese.
Afinal, os 10% que não gostaram do vídeo podem achar o actor um "palhaço" no mau sentido do termo mas o que é certo é que o mesmo entrou no filme mais premiado dos Oscars do presente ano.
O caso Português:
Esta não é uma técnica usada só internacionalmente, ser inconveniente em directo é válido também em Portugal.
Neste caso, observamos uma prática recorrente que os "Homens da Luta" operam, aparecer em directo nos telejornais dos grandes canais generalistas, sem serem convidados, é claro. Apareceram na inauguração do Túnel de Ceuta em Lisboa, e aqui interrompem o Presidente da República atraindo todas as atenções para si mesmos, arrancando mesmo palmas do próprio Presidente da República.
Este tipo de estratégia tirou os "Homens da Luta" da SIC Radical onde faziam comédia de nicho, para a SIC ocupando espaços em horário nobre e não só, têm ou tiveram programas de rádio mas mais do que isso tudo, Jel que interpreta "Neto" nesta dupla, tem até espaço de opinião pessoal nos media. Actualmente vendem iPods alusivos às suas personagens, CD's e dão concertos em todo Portugal.
Esta foi uma maneira de se arrancaram a si mesmos de personagens de culto para personagens "mainstream" que qualquer português pode gostar. Se os jovens vêem os seus programas preferidos como e quando querem e a que horas querem , as faixas etárias mais idosas continuam a confiar na informação generalista das 20h e é aí que estas personagens se deram a conhecer rompendo com a rotina informativa dessas pessoas.
Em conclusão, o que quero lançar para debate são as seguintes questões:
- Existe boa ou má publicidade? Ou essa questão nem se põe neste tipo de casos?
- Acham este tipo de estratégia de auto-promoção sustentável? Será demasiada arriscada?
- Acham que Ryan Seacrest sai a ganhar ou a perder desta situação ? E Cavaco Silva ?
Durante a aula, foi mencionado o conceito de word-of-mouse, derivado do word-of-mouth, mas na forma digital.
ResponderEliminarEste conceito está na base do Marketing Viral, que baseia o seu poder de contágio no efeito-rede, que propaga o "vírus".
O poder virulento da mensagem faz com que os próprios receptores a transmitam, resultando num meio de comunicação ao mesmo tempo económico, eficaz e credível.
Assim, a ideia é que o conteúdo seja de tal forma "apaixonante" (pelo seu carácter humorístico, polémico, original, etc...) que gere uma "epidemia" permitida, vista como não-intrusiva (vai "passando" de livre vontade, tornando o receptor em emissor e parte activa do processo).
É cada vez mais difícil garantir este impacto, já que a atenção é o bem mais escasso na era digital. Além disso, há o grande risco de não se conseguir controlar a forma como a mensagem é propagada, podendo gerar quer buzz positivo quer negativo. No entanto, tem realmente a vantagem de permitir maior proximidade com os receptores da mensagem, algo muito adequado aos tempos que correm, em que todos queremos fazer parte! :)
Professora, antes de mais obrigado pelo seu comentário que veio abrilhantar e enquadrar muito melhor este post com a aplicação dos seus conhecimentos técnicos. Tendo pesquisado mais, estes são sem dúvida casos de Marketing Viral. No entanto, penso também serem inspirados em Marketing de Guerrilha, isto é, estes indivíduos aplicaram o conceito como forma auto-promoverem se.
EliminarPara não criar confusão, que já toldou a minha cabeça durante algum tempo com estes dois conceitos, penso que o Marketing de Guerrilha é um conceito que se pretende transformar, depois de aplicado, em Marketing Viral, ou seja a Guerrilha pretende sempre ser Viral. Estou certo nisso? Um é causa e o outro consequência respectivamente?
Eu acho que não existe má publicidade, acho sim que existem reacções positivas e reacções negativas e isso é que vai determinar o seu sucesso. Mas, a partir do momento em que uma estratégia/publicidade dá que falar, como deu nestes dois exemplos que apresentas, já cumpriram o seu objectivo: pôr as pessoas a falar sobre isso!
ResponderEliminarSe nos lembrarmos do exemplo do Pingo Doce, aquela música irritante do "Venho ao Pingo Doce de Janeiro a Janeiro (...)" que muita gente criticou, a verdade é que deu que falar, toda a gente a sabe e a cantou alguma vez e acredito que, pelo menos cada uma dessas pessoas comentou esse spot publicitário com mais uma ou duas pessoas.
Tiago, quanto à tua questão sobre o Marketing de Guerrilha e o Marketing Viral, eu concordo contigo: um dos objectivos de uma acção de marketing de Guerrilha é tornar-se Viral, no entanto, não considero que seja uma relação de causa-efeito porque pode não originar um fenómeno viral (dados que estes fenómenos estão dependentes da reacção dos nossos públics-alvo à estratégia). Além disso, a acção de marketing de guerrilha poderá ter sucesso sem se ter tornar num fenómeno viral, desde que consiga provocar uma reacção (mensurável) no consumidor.
Belo exemplo Rita, para se ver a profundidade/penetração que esse anúncio teve partilho com todos que essa mesma música chegou a passar em festas populares e festas académicas em que estive no Verão em que a mesma saiu. Lá está, normalmente uma publicidade "normal" nunca alcançaria este feito, já esta "má" publicidade alcançou o sem, a meu ver, causar grande "mossa" na marca.
EliminarNa segunda questão, concordo contigo. Eu apenas quis destrinçar os dois conceitos, o que pode ter sido redutor para os mesmos e para os seus propósitos.
Olá,
ResponderEliminarConcordo com a Rita: não haverá boa ou má publicidade, os seus efeitos é que poderão ser positivos ou negativos... Quanto à classificação dos dois exemplos como sendo auto-promoção, parece-me que são muito mais do que isso e daí o seu poder viral: trata-se de intervenções humorísticas mas igualmente oportunas e críticas relativamente à actualidade, que cronfrontam o receptor, levando-o não só a sorrir mas a reflectir e a querer partilhar a mensagem.
Claro que não será o caso da música do Pingo Doce que, (inicialmente) aparentemente com efeito tão desastroso acabou por ser um "sucesso". Seria interessante perceber o que se terá passado nos bastidores e de que forma foi vivido este fenómeno.