domingo, 19 de abril de 2015

Haverá sensibilização?

Recentemente, o rapper Jay Z adquiriu a empresa sueca Aspiro especializada em streaming de alta qualidade para músicas. Como tal, a empresa do artista - Project Panther Bidco - passará a controlar dois serviços: WiMP e Tidal. Enquanto o WIMP está disponível em vários países como Alemanha e Dinamarca, o Tidal apenas está disponível nos EUA e no UK. Logo, o desafio consiste em expandir a área de negócio e disponibilizar o serviço em 35 países, incluindo o mercado português. 
Sendo o Tidal um serviço de streaming de música online, a organização deseja fornecer um serviço com áudio e vídeo de alta definição e conteúdos exclusivos no qual estão disponibilizados álbuns e temas. Mas, também pretende que os criadores de música norte-americana tenham controlo sobre o que é disponibilizado, isto é, quer uma plataforma que seja propriedade dos artistas.

Deste modo, para aceder ao serviço existirão duas subscrições mensais: 10 dólares se for um formato comprimido e 20 dólares para streams com qualidade de CD. No entanto, os consumidores podem experimentá-lo de forma gratuita durante 30 dias, o que é benéfico para eles visto que atualmente os clientes valorizam a opção de experimentar antes da (potencial) aquisição.

Este serviço já conta com 25 milhões de faixas de música disponíveis, 75 mil vídeos e conteúdos editoriais escritos por jornalistas. Contudo, será que conseguirá ultrapassar os 60 milhões de utilizadores do Spotify onde 25% deles têm subscrição paga?


Ora, sendo actualmente liderado por plataformas como o Spotify e Deezer, o mercado de streaming está cada vez mais competitivo. Um exemplo disso é a Apple, que em 2014 comprou o serviço de música online Beats Music e prepara-se para lançar um serviço semelhante. Por conseguinte, a perceção de quem já utiliza estes serviços pode não diferir deste “novo” serviço. Assim, segundo o artista, esta aquisição consiste em “dar uma nova direção ao setor musical de um ponto de vista criativo e comercial". 

Artistas com elevada influência como Rihanna, Kanye West e Madonna também aderiram. Para tal, utilizaram o Twitter (que já sabemos é uma ferramenta eficaz de comunicação e de influência) com o intuito de contagiar exponencialmente a mensagem onde mais tarde serão os próprios consumidores a transmiti-la (WOM).

Desta forma, a estratégia de Jay Z passa por apelar aos artistas a defenderem e promoverem as suas editoras, divulgando uma música semanalmente no Tidal antes de o fazerem junto de outros serviços, criando uma oferta de exclusividade para os utilizadores. Portanto, será que conseguirão sensibilizar os consumidores e persuadir os fãs leais? Quererão os fãs fazer parte? 
Apesar da lealdade ter limites, o que é certo é que se trata de um dos artistas norte-americanos mais bem sucedidos na indústria musical.

Todavia, algumas das críticas apontadas consistem no facto de ser um serviço mais caro face à concorrência e que irá valorizar os artistas com mais notoriedade. Por isso, até que ponto estarão esses fãs leais dispostos a pagar?
Tratando-se de um mercado dominado por outras plataformas, é necessário que seja um serviço inovador e que faça com que os consumidores se identifiquem com ele. Logo, ao existirem cada vez mais serviços deste género, mais os consumidores vão querer experimentar pois os novos são menos fiéis e gostam de consumir novos produtos.
Um dos aspetos que o diferencia é a "imagem" que estão a tentar passar de que esta ferramenta passa pelo sentimento de comunidade em que que há um beneficio comum para ambas as partes (artistas e utilizadores). E, o facto de se pretender agrupar diversos artistas pode demonstrar a ideia de que reside um elo emocional entre eles e que se uniram em prol desta indústria. 

 
  O desafio é pôr todos a respeitarem a música outra vez, a reconhecerem o seu valor. A água é gratuita. A música custa seis dólares, mas ninguém quer pagar pela música. Devíamos beber água de forma gratuita da torneira – é uma coisa bonita. E, se queremos ouvir a canção mais bonita, temos de apoiar o artista. (…) Mesmo que isso signifique lucros menores. Menos lucro para a nossa linha de fundo, mais dinheiro para o artista. Fantástico".

Fonte: New York Times

Serão então os fãs suficientemente leais para adquirem e se comprometerem com este serviço? Ou o fenómeno do gratuito tem mais peso?

De facto, como já vimos, grande parte dos utilizadores utiliza um serviço e até o recomenda, mas quando questionado se estaria disposto a pagar por ele, em grande parte das vezes a resposta é negativa.

9 comentários:

  1. Realmente o fenómeno do gratuito costuma ter mais peso, mas concordo com o facto de este tipo de serviços serem pagos. O artista investe tempo, dinheiro e talento pessoal, e isso deve ser pago, é a profissão dele.
    Em mercados como os Estados Unidos é mais comum o consumidor pagar por este tipo de plataformas, vemos que grande percentagem compra músicas no iTunes, o que não acontece tanto no nosso país, o que tem a haver com o poder de compra. Por isso penso que em certos mercados haverá grande adesão de compromisso.

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  2. Tal como a Ana Vaz também defendo que a qualidade do serviço deve ser paga e os próprios artistas deverão ter uma palavra a dizer acerca da divulgação do seu trabalho. Os artistas têm sofrido nos últimos anos com a proliferação dos serviços de streaming e muitos manifestam-se contra os mesmos - como foi o caso de Taylor Swift, que retirou as suas músicas do Spotify por considerar que a plataforma não valoriza o seu trabalho e o dos restantes profissionais da área. O Tidal poderá, eventualmente, contribuir para um maior reconhecimento dos profissionais do panorama musical.
    Claro que o facto do Spotify disponibilizar tanto conteúdo de modo gratuito será sempre uma mais valia para a plataforma (que dificilmente perderá a sua vantagem competitiva por esse mesmo motivo), mas como já discutimos em sala de aula o poder do Word of Mouth é inegável, bem como a influência das figuras públicas (pelo que os fãs mais dedicados não hesitarão em aderir ao serviço para poder ter acesso a conteúdos exclusivos dos seus artistas favoritos).

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  3. É um facto que o serviço streaming é o próximo passo na forma como a música chega ao consumidor. Serviços como o Spotify, por terem a opção de ter uma conta gratuita, contribuiram em muito para a diminuição dos downloads ilegais, conseguindo recompensar os artistas. No entanto, alguns dos artistas têm vindo a afirmar que o dinheiro que recebem não é suficiente e portanto tomaram medidas contra isso.

    Jay-Z, Rihanna e Beyonce foram alguns dos nomes que se associaram a este novo serviço do Tidal por causa dessa questão. No entanto, devido ao custo elevado da subscrição, poderão sair prejudicados, podendo os consumidores voltar à pirataria.

    Jay-Z afirmou que a água também é um bem gratuito mas que no entanto os consumidores comprar garrafas de água na mesma. No entanto, relativamente à música, o mesmo poderá não se aplicar visto não ser um bem tão essencial.

    Outros músicos como Marcus Mumford defende que não lhe interessa como a música chega ao consumidor desde que este ouça o trabalho dos artistas.

    Na minha opinião é este o caminho que os artistas devem tomar. O trabalho de um álbum deve ser recompensado, mas é provavelmente nos concertos e tours que os artistas deverão procurar receber o suficiente para sobreviver.

    Quanto melhores os álbuns mais lotados estarão os concertos e deverá ser por esta perspetiva que os artistas devem evoluir.

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  4. Realmente cada vez mais aparecem novos modelos de negócio ligados ao streaming sejam eles pagos ou gratuitos. Na minha opinião, os verdadeiros fãs dos artistas que cooperam com o Jay Z neste novo negócio irão pagar para poder ter acesso a músicas destes antes de serem lançados no mercado em álbuns. Sem sombra de dúvidas que, quanto mais artistas cooperarem, mais lucro terá. Por outro lado, teremos aqueles consumidores que não sendo aficionados ou não tendo hipóteses para fazer parte deste mundo, não se importam de esperar para ter acesso ao álbum completo dos artistas de modo gratuito.

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  5. Este serviço, bastante usual hoje em dia, penso que não terá grande adesão do público devido ao facto de ser exigido um pagamento e também por a concorrência apresentar um serviço similar, se não igual, a custo zero.
    É justo que os artistas pretendam obter lucros, fruto do seu trabalho, bem como promover as suas editoras, contudo, é normal que as pessoas prefiram utilizar outra plataforma de forma grátis.
    Uma boa maneira de cativar utilizadores terá sido, sem dúvida, o facto de disponibilizar músicas mesmo antes de estas serem divulgadas normalmente, mas esta atitude apenas irá atingir fãs extremamente leais e fanáticos.
    Vou assim de encontro à tua opinião, o fenómeno do gratuito tem um peso muito elevado e não é fácil haver utilizadores que estejam dispostos a pagar por este serviço.

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  6. Com a proliferação das plataformas que disponibilizam de forma gratuita uma enorme quantidade de músicas, julgo que neste momento é difícil qualquer cantor conseguir receitas através destas iniciativas. No entanto, há que reconhecer o mérito de quem tanto trabalha e como disse o Jay Z o objetivo é fazer uma revolução cultural dando novamente poder aos músicos! A iniciativa envolve outros conhecidos músicos pelo que os fans poderão ter ainda uma palavra a dizer...

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  7. Ainda a propósito deste assunto, Jay Z usou o twitter na passada segunda-feira para defender a sua aplicação Tidal : "O Tidal está bem. Temos mais de 710 mil subscritores. Estamos no negócio há menos de um mês". O rapper tenta desta forma contrariar o fracasso que parece estar a sua aposta, com mensalidade duas vezes mais cara do que os concorrentes Spotify e Pandora.
    Neste momento, o Tidal está fora dos 700 apps mais descarregados, para além de já se terem demitido todos os diretores e CEO!

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. A indústria da música tem vindo a acentuar as grandes diferenças de remuneração dos seus artistas.Aqueles que sobrevivem e aqueles que "fazem milhões" através da sua imagem, o que dá origem a multiplas fontes de rendimento.
    Uma indústria muito dividida, mas que sem dúuvida, lutam pelos seus direitos. E como nos filmes, nimguém quer pagar por algo que continua "livre". A menos que se respeite muito aquele artista ou que a pessoa goste mesmo do seu trabalho completo, poucos são aqueles que compram os albuns físicos.
    Enquanto que nos tempos dos Queen, um album representava um conjunto de músicas fantásticas e todas com sucesso, hoje em dia um album contem 2 ou 3 musicas com sucesso. Daí também não se querer "desperdiçar" dinheiro num album completo, quando apenas se pretende algumas das músicas. Logo, este tipo de sites de subscrição vêm trazer soluções para satisfazer o consumidor com uma oferta muito mais diversificada.
    Penso que todos consideramos que é imperativo respeitar o trabalho de todos, e "roubar" o produto, fruto de trabalho, é crime.

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