Durante as aulas, uma das características estudadas relativas à Geração Net foi o "Inner Glow". Apesar do acesso generalizado à internet e às novas tecnologias de informação e comunicação característico desta geração, trata-se de uma geração "high tech-high touch": ou seja, privilegia o sentido de comunidade acima do individualismo (característico da geração anterior dos "yuppies") e é dotada de algum idealismo, pensamento livre e vontade de mudar o mundo.
Se esta tendência é bem visível nos padrões de consumo e na forma de se relacionarem com as marcas (veja-se por exemplo o crowdsourcing, o marketing viral /tribal ou o P2P), também é cada vez mais verdade a nível da sociedade em geral.
Um bom e recente exemplo é o das manifestações em Madrid, que se alastraram a cerca de 60 cidades espanholas e foram convocadas para cerca de 30 cidades estrangeiras, incluindo Lisboa e Porto (listadas no site http://www.tomalaplaza.net/).
O movimento "Democracia Real Ya", mais tarde baptizado de 15M (alusivo ao dia 15 de maio, quando começou) foi o grande impulsionador, através das redes sociais, já depois do mesmo ter acontecido nos países do Norte de África e de Portugal (que, apesar de ter menor dimensão do que Espanha, foi pioneiro em 12 de Março). Foi até criado pelo movimento um canal de televisão na Internet, o SolTv.tv, que acompanha tudo o que se passa na "acampada" da Puerta del Sol. O número de visitas à página do canal, motivado pelos crescentes comentários no Twitter e no Facebook levou os criadores da iniciativa a ponderar utilizar outro servidor para evitar que as transmissões falhassem.O Maio de 68 dá lugar ao Maio de 2011. A geração net parece saída dos anos 60. Mas agora com a capacidade mobilizadora das redes sociais. O poder do consumidor aumenta. E o dos cidadãos também. O movimento já contribuiu para os resultados das eleições municipais e regionais em Espanha. Como antes outros conduziram à queda de regimes no Médio Oriente. Reagirão os políticos como a Ensitel?...
Pessoalmente, não acredito que esta classe política se atreva a mudar. Basta pensar no momento em que Teixeira dos Santos entrega o orçamento de estado em DVD ou quando entra na AR com um iPad. Se não conseguem receber este tipo de "ideias", quanto mais as redes sociais...
ResponderEliminarRessalva seja feita ao Presidente da República, não fosse ele um adepto fervoroso do FB.
Mas, ao mesmo tempo, acredito que a próxima geração de políticos, talvez tenha essa capacidade. Se não tiver, duvido que consiga alcançar a sociedade, não estivessem as redes sociais cada vez mais enraizadas na nossa cultura e civilização.
Gosto de ver como as pessoas se unem em prol da comunidade, mas infelizmente não creio que a tendência seja o ressurgir do comunitarismo.
ResponderEliminarEm Portugal, pelo contrário, estamos a tornar-nos cada vez mais individualistas (como sempre fomos) e muito por culpa da geração "Yuppie" que prevalece na nossa classe média e alta. É verdade que queremos partilhar tudo nas redes sociais: o que fazemos, onde estamos ou as fotos das nossas últimas férias, mas parece-me que isto é muito mais o afirmar do ego individual do que propriamente para "partilhar".
Quanto aos manifestantes, também me parecem um pouco de "old wine in a new bottle", ie, jovens que legitimamente reclamam melhores oportunidades e a possibilidade de terem uma vida tão boa ou melhor que a geração anterior, mas que apenas se adaptaram à forma moderna de comunicar: utilizando as redes sociais.
Ricos ou pobres, "yuppies" ou "hippies", todos perceberam a potencialidade destas ferramentas e já não conseguem passar sem elas!