quarta-feira, 8 de junho de 2011

Acabaram-se as referências ao Facebook e Twitter em França


França, 2011. A nação que trouxe ao mundo os ideais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", a revolução de Maio de 1968 e intelectuais defensores da liberdade civil como Voltaire, decidiu antecipar-se ao mundo moderno e proibir a referência ao Facebook e Twitter na rádio e televisão.

Segundo alegam, existe no país uma lei de 1992 que impede a referência a marcas nestes meios de comunicação social como forma de publicidade gratuita, salvo em situações de divulgação noticiosa.

De facto o mundo mudou, e não foi apenas "online". É que esta França que nos dias hoje chama "puritanos" aos media americanos pelo tratamento dado ao caso "Dominique Strauss-Kahn", é a mesma que fez aprovar a célebre lei Hadopi que prevê punições a quem faça downloads ilegais dentro do território, e que parece estar a produzir poucos frutos.

Estarão os franceses com medo do mundo virtual? Demasiado conservadores? A verdade é que o mundo provavelmente esperava uma atitude destas em países com um historial de liberdade de direitos muito reduzido, algo ao género de "democracias" como a China, o Irão, Cuba ou a Coreia do Norte, agora dos franceses? Querem mostrar "esperteza" a Ben Ali, Mubarak e Khadafi?

O que acham disto? Fará sentido ou é apenas mais uma excentricidade da governação Sarkozy?

9 comentários:

  1. Não sei se são os franceses - que realmente sempre foram historicamente bastante cabotinos - ou o presidente Sarkozy. Só de lembrar que também foi ele que, em 2009, decidiu lançar um pacote de medidas de cerca de 600 milhões de euros para revigorar a imprensa escrita no país, ameaçada pela internet.
    Entre as medidas firmadas estão o aumento de publicidade estatal, a atribuição de um abono aos jovens para que assinem jornais e tarifas de entrega postal congeladas. Tudo pago pelo Estado.

    Tentar controlar as redes sociais ou os downloads de música são só outras formas de evitar o crescimento de um poder que não controla. De acordo com Sarkozy, apesar de a criatividade no mundo digital dever ser fomentada, em democracia os governos "são os únicos representantes legítimos da vontade geral"...

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  2. Não deve haver melhor definição de um francês que essa: cabotino!

    Mas aparte nacionalismos, concordo que parece mais uma "Sarkozyce", em busca de um protagonismo perdido na história, e condenada ao mesmo sucesso da lei Hadopi.

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  3. Olá Tiago,

    Eu consigo entender que é impossível controlar o poder da internet e das redes sociais, mas também existe um outro lado a ser analisado, as leis têm de acompanhar a evolução social. Será que uma lei de 1992 não estará muito desactualizada?

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  4. Sobre o facebook só tenho a dizer que desde que eu apaguei a minha conta, sinto-me mais livre!
    Estava sempre a procrastinar... agora tenho muito mais tempo livre :D
    Serve para estarmos em contacto com as pessoas, e para nos promover-mos... mas também serve para criar problemas e ver o que as outras pessoas andam a fazer, etc :D

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  5. Concordo Bruno! Até se fez um estudo em que infere que o facebook já "provocou" 28 milhões de divórcios!

    Mas gosto da conclusão da Sara: "Será que uma lei de 1992 não estará muito desactualizada?"

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  6. Bruno, tens razão, e eu quanto mais tempo passo longe do Facebook melhor me sinto, mas não posso negar que dá um certo jeito para entrar em contacto com as pessoas!

    Isso dos divórcios que tu falas Sónia é mesmo verdade, e há pessoas que se deprimem por causa de andarem a espiar o que faz a cara-metade.

    Mas não podemos negar que o Facebook é como a TV Cabo, use-se muito ou pouco é quase obrigatório para a sociedade hoje em dia. E cá para mim acho que os franceses (Sarkozy) foram ao baú desencantar esta lei para dar nas vistas, já que a sua influência no mundo é muito fraquinha nos dias de hoje.

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  7. Depois desta discussão não pude deixar de intervir. Sou uma de muitos milhões que tem facebook, mas apenas o uso de tempos a tempos como forma de comunicação com família mais distante ou até mesmo com amigos que no dia-a-dia não é possível encontrar.

    "Tudo o que é demais é exagero" e este começa a ser um vício que ocupa muitas pessoas, levando-as a "esquecerem" o que é contacto físico, o que é não passar o dia em frente ao computador... Na América existem mesmo já clínicas de reabilitação para pessoas viciadas no facebook, já para não falar dos farmville que tantas polémicas levantou.

    Outro perigo que se avizinha é o facto de todos exporem demasiado a sua vida numa página da internet, acessível a muitas pessoas. Facilmente se sabe quando estão de férias e a casa está vazia, quais as rotinas diárias, quais os locais normais onde estão presentes... Demasiada informação disponível muito facilmente.

    Há que saber quais os limites!!! E será que as vantagens superam as desvantagens?

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  8. Só voltando à Sarkozyce e ao cabotinismo dos franceses: o caso já está a ter repercussões nos EUA. Depois de não conviverem bem com o McDonalds, os franceses são agora acusados pela imprensa norte americana, nomeadamente pelo New York Times, de conviverem mal com a cultura americana e com a diferença em geral. Será que aconteceria a mesma coisa se Zuckerberg e o Facebook fossem franceses...?

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  9. Os franceses não convivem bem com a ideia de que a sua influência no mundo é cada vez menor. Hoje, por exemplo, saiu uma notícia que afirmava que pela primeira vez Portugal conseguiu um excedente comercial com a França! Incrível para um país que todos os dias agrava ainda mais a sua balança comercial.

    Há largos anos que vivemos imersos na cultura norte-americana, e que o mundo olha para a Europa como o "Velho Continente". A julgar por este tipo de políticas, parece que estamos longe de contrariar estas ideias, mais ainda se tivermos em conta a tendência actual para o individualismo e conservadorismo entre as nações do espaço europeu!

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