sexta-feira, 3 de abril de 2015

Twitter, um poderoso persuador?

No dia 27 de Março, a Helena Rodrigues publicou um artigo referente à campanha do Lidl que aproveitou o impacto que a notícia da saída de um elemento dos One Direction, Zayn Malik, teve para promover os ovos de chocolate com a imagem da banda alusivos à páscoa.
Agora, apenas uns dias depois dessa notícia, foi divulgada na rede social Twitter uma demo com um solo de Zayn resultado da colaboração com outro cantor, Naughty Boy. Ora, para além do título denominar-se “I don´t mind”, o que para muitos foi percecionado como uma provocação, não vai de encontro à justificação que Zayn deu para a sua saída, como podem ver no comunicado oficial do Grupo:
Comunicado oficial no dia 25 de Março
Logo, como seria de esperar, devido à velocidade de propagação que este conteúdo teve, visto que foi partilhado por milhares de pessoas ao ponto de surgirem apelos e vídeos ao seu regresso, gerou-se novamente um buzz pelo facto de o acontecimento ser relativamente recente e das pessoas serem um agente ativo e terem necessidade em participar.
E por que motivo? Porque a demo foi considerada uma traição pelos fãs da banda e portanto não tardou até a internet se invadir de reações.


Não só cerca de 50.000 pessoas deixaram de seguir o cantor no Twitter, como também o ex-colega Louis Tomlinson reagiu à divulgação da demo na mesma rede social, direcionando-se a Naughty.

Isto demonstra que, apesar de em Portugal existir maior adesão ao Facebook, o Twitter também é uma ferramenta poderosa de comunicação.

Posteriormente, após as reações, Naughty Boy afirmou que não era um single a solo nem era recente. Além disso, eliminou o vídeo com a demo. Contudo, o acesso quase imediato à informação e por isso a possibilidade de feedback em tempo real e pelo facto de estarmos numa geração “always on”, faz com seja praticamente impossível prever a escala que um simples ato pode ter. Como tal, apesar de o vídeo só ter estado disponível algumas horas, o poder do Word-of-Mouse originou uma elevada interatividade entre os fãs.
Assim, como não é possível controlar a mensagem e o efeito que esta tem, já que esta interatividade faz com que a divulgação do conteúdo seja eficaz e rápida, pode por em causa a reputação e a credibilidade do artista em segundos.
Como já vimos, é relativamente difícil recuperar a confiança dos consumidores quando estes se sentem enganados. Portanto, por que motivo Naughty não esperou pela melhor altura? Terá sido uma estratégia de marketing com vista a criar polémica e captar ainda mais a atenção do público?
Certo é que os fãs têm cada vez mais poder e muitas vezes não são verdadeiramente leais (a lealdade tem limites), isto é, quando sentem que a relação já não é de confiança, normalmente tendem a ter mais em conta os fatores negativos do que os positivos, o que por sua vez condiciona essa relação, quebrando em algumas situações.

Todavia, os fãs da banda - “directioners” - são tão defensores que podem ser considerados apóstolos, visto que, não só são protetores (advogados) como sentem que fazem parte (membros), tendo logo demonstrado um enorme apoio ao cantor mesmo após a sua saída inesperada.

Ficará Zayn perdoado?

Para quem não conhece, principalmente para as meninas, a pessoa que levou à publicação de milhares de tweets!

6 comentários:

  1. Naughty Boy, como produtor não tem tido muita atenção desde o lançamento do single La La com Sam Smith. Na minha opinião, o lançamento da demo surgiu como uma forma de ficar novamente nas bocas do mundo.

    É no entanto preocupante o tipo de reações exageradas dos fãs da banda à notícia da saída de um membro. Se por um lado não é uma coisa nova (algo semelhante aconteceu com os Take That nos anos 90) por outro a constante exposição à banda através das redes sociais cria um nível de empatia muito maior entre os fãs e a mesma. No caso dos OneDirection, um conjunto de fãs divulgou uma hashtag para auto-infligir dor pela partida de Zayn. Essa hastag tornou-se trending no Twitter após a notícia ter sido divulgada. Este nível de empatia leva a reações exageradas que podem ser prejudiciais e deverão ser tomadas medidas para evitar este tipo de casos.

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  2. A minha atenção ficou algures perdida nos ovos de chocolate do Lidl.

    No entanto, penso que nem tudo que se aproveite dessa fama fácil à custa deste episódio mediático e da rápida divulgação das redes sociais terá, à partida, uma boa publicidade. A não ser que o público-alvo sejam adolescentes com um pouco de histerismo à mistura.

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  3. Hoje em dia algumas celebridades usam as redes sociais com o objetivo de causar polémica, muitas vezes até ignorando se é pela positiva ou pela negativa. Fazem posts estratégicos com o intuito de "provocar" os fãs e desafiá-los a falarem do assunto com amigos e familiares, pois enquanto falam, a fama da pessoa em questão cresce.
    O caso da mudança de visual e atitude da Miley Cyrus andou na "boca do mundo" durante muitos meses, o que na minha opinião foi uma das estratégias de Marketing de imagem/pessoal mais bem conseguidas dos últimos tempos. Ou a Lady Gaga, por exemplo, que apostou no factor choque em tudo o que fazia: letras de música, videoclipes, indumentária, etc., e o objetivo de se destacar, de ser falada e adorada por milhares de fãs, foi conseguido.
    No mundo da música, há uma competição feroz o que leva a que muitos cantores necessitem de polémica para se destacarem, acabando por apostar em escândalos em vez de qualidade musical.
    Não quer dizer que seja o caso nesta situação, mas a verdade é que polémica gera fama e fama gera dinheiro.

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  4. Como é costume dizer-se "There is no such thing as bad publicity". Embora seja impossível afirmar-se com certeza se houve ou não intenção de o fazer, é bastante evidente que, apesar de o video apenas ter estado online por alguma horas, a existência deste chegou certamente aos ouvidos de centenas, se não milhares de pessoas por todo o mundo, passando por fãs de ambos os artistas (tanto dos One Direction como do próprio Naughty Boy). Apesar de o video ter sido removido é frequente surgirem outras submissões não oficiais do mesmo (uma vez na internet, para sempre na internet, como aconteceu com o caso das fotografias que Beyonce requereu que fossem removidas da web por estar "menos fotogénica"). Contudo, independentemente do video estar acessível ou não, a sua mera existência (curta mas ainda assim existência) já sofreu tanto mediatismo com toda a polémica, partilhas e "likes", que já "todo o mundo" sabe do acontecimento. Acidental ou intencional, esta demo já propagou o nome de Naughty Boy por todo o lado e, como todos sabemos, nada é melhor a propagar uma fofoca do que um conjunto de redes sociais motivadas.

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  5. Cada vez mais os fãs usam as redes sociais para demonstrar a sua satisfação ou insatisfação. Isto vai influenciar a performance dos artistas alvo destas publicações visto que o seu objectivo é manter os seus fãs satisfeitos e motivados com o seu trabalho. Quando há um efeito massa como o da notícia, a sua prioridade é atenuar o efeito da atuação que tiveram. Tratando-se de um artista tão conhecido como o em questão, a sua resposta deve ser imediata para que a situação não piore com o tempo, visto que a informação nas redes sociais corre muito rápido e muitas vezes sem factos. Por outro lado, o contacto rápido do artista vai fazer com que os fãs valorizem esta interacção, conseguindo fazer com que os fãs o ‘perdoem’ mais facilmente.
    E sempre com temas atuais e de grande interesse para as adolescentes do presente!

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  6. Quem já não ouviu esta expressão: "Falem bem ou falem mal…mas falem de mim!” Ou então esta: “Não há boa nem má publicidade, há publicidade!”. Hoje em dia, os artistas procuram o mediatismo, independentemente da forma como o atingem. A descrição aqui apresentada, é um caso disso. Com tudo isto, o Naughty Boy teve aquilo que almejava, ser o centro das atenções nas redes sociais. No entanto, toda esta sucessão de eventos repercutiu-se de forma não favorável, na imagem do ídolo Zayn perante os seus fãs. Tudo isto, reflete de forma bastante clara, a importância das redes sociais na partilha e, consequentemente, na propagação rápida de informação. Se, a tudo isto, juntarmos o facto de a grande percentagem de fãs do Zayn serem adolescentes, as proporções atingidas são muito superiores. Na medida em que, cada vez mais, os adolescentes dependem (a um nível próximo do denominado “vício”) das redes sociais.

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