Kony2012
Em 2012, foi publicado, pela organização Invisible Children, um vídeo online sobre Joseph Kony, o líder de uma milícia armada, que recorria à formação forçosa de crianças soldado em certas regiões de África (Uganda, República Democrática do Congo e Sudão do Sul). O vídeo, no formato de documentário, almejava apelar à consciencialização do público geral contra a milícia e contra a formação de crianças soldado.
Esta campanha rapidamente se tornou viral em diversas redes sociais, apelando à consciência do público geral, obtendo também o sucesso de diversas personalidades, como Justin Bieber, Bill Gates, Nicki Minaj, Kim Kardashian, Rihanna e Ellen Page.
Esta campanha rapidamente se tornou viral em diversas redes sociais, apelando à consciência do público geral, obtendo também o sucesso de diversas personalidades, como Justin Bieber, Bill Gates, Nicki Minaj, Kim Kardashian, Rihanna e Ellen Page.
Por um lado, foi louvada por dirigentes públicos como Luis Moreno Ocampo, na altura procurador chefe do Tribunal Internacional de Justiça (e entrevistado no vídeo), com jurisdição para julgar indivíduos por crimes de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. A Casa Branca também emitiu um comunicado a congratular os milhares de americanos que se haviam mobilizado pela causa, consistente com a legislação que havia sido promulgada 2 anos antes pelo congresso. A Amnistia Internacional também louvou a atenção agora dedicada pelo público a esta causa pela qual já havia apelado.
Por outro lado, a campanha foi criticada por apresentar a situação de forma simplista, não apresentando o contexto da situação. De igual modo, também surgiram críticas a apelar para que o foco da campanha se dirigisse à reabilitação e apoio a crianças soldado, em vez de se focar na captura de Joseph Kony, assim como críticas à forma como a campanha não conseguira alcançar verdadeira mudança, apenas “slacktivism”, em que as pessoas partilham a causa, sentindo-se bem consigo mesmas fazendo apenas isso.
HeforShe
Esta campanha, promovida pelas Nações Unidas, tem como objectivo promover o compromisso por parte de rapazes e homens como agentes de mudança no que toca a combater as desigualdades enfrentadas por raparigas, pois baseia-se na ideia de que a igualdade de género é um problema que afeta todos e não só as mulheres.
A
campanha foi lançada pela atriz Emma Watson, embaixadora e boa vontade das
Nações Unidas, e cujo discurso sobre a iniciativa se tornou rapidamente viral,
contando agora com mais de 1.4 milhões de subscritores no site oficial da
campanha, a maioria dos quais homens. A iniciativa conta com o apoio de várias
personalidades que contribuíram para a sua divulgação e que se tornaram
subscritores da mesma, entre os quais se contam Matt Damon, Tom Hiddleston,
Kiefer Sutherland, Simon Pegg e o novo secretário geral das Nações Unidas
António Guterres.
Embora
extremamente popular, esta campanha também teve algumas críticas, nomeadamente,
que a campanha promovia, com o seu nome, o estereótipo de que o homem deve
proteger e defender a mulher, assumindo-se como mais forte ou poderoso. De
igual modo, também foi comentado que a campanha excluía grupos que também
sofriam de desigualdade baseada no género, nomeadamente, indivíduos que não se
identificam com nenhum dos géneros.
Estes dois casos apresentam-se como situações em que
estratégias online foram utilizadas para consciencializar o público em geral,
pondo a população ao serviço de causas sociais, mostrando que, apesar de
possíveis críticas realizadas às campanhas, se apresentam como capazes de
contribuir para o bem da sociedade ou para uma sociedade mais informada.
Olá Nuno!
ResponderEliminarAntes de mais, devo congratular-te pelos posts que fazes aqui no grupo. Vais buscar temas muito interessantes e tendes a explorá-los de modo a que nós fiquemos com uma ideia estruturada do tema que trazes.
Sinto-me até um pouco embaraçada por admitir que não conhecia nenhuma das campanhas que apresentas neste post, mas mais vale tarde do que nunca. Acho maravilhoso que pessoas/entidades/empresas procurem usar a sua influência no público e as potencialidades do mundo digital para trazerem assuntos tão importantes como os que descreves para cima da mesa. Sendo eu utilizadora de Internet há bastantes anos, tenho-me apercebido de um progressivo ganho de relevância daquilo que a percorre e das opiniões nela expostas na moldagem do próprio pensamento das sociedades, daí poder ser tão potenciadora do desenvolvimento como perigosa. Falando por mim, tenho a perfeita consciência de que me associei a diversas causas (ainda que informalmente) e de que comecei a pensar de uma determinada forma e a ter certas opiniões devido aos conteúdos publicados na Internet, com os quais tive/tenho a sorte de "esbarrar". Fazendo referência à 2ª campanha de que falas, devo admitir que o Feminismo é uma das causas cujos ideais adquiri e compreendi primeiramente graças à Internet, porque li e vi coisas de pessoas que me ajudaram a ver mais além, que me deram a conhecer injustiças, que me permitiram descodificar algumas situações menos percetíveis a "olho nu".
Por tudo isto, apoio que este tipo de iniciativas sejam tomadas, não só para consciencializar quem não está tão a par das questões, mas também para criar debate, porque, como se viu pelas reações do público, por vezes alguém pode querer muito sensibilizar as outras pessoas sobre o tema, mas falhar em determinados pormenores (importantes). E falhar também é bom, porque dá-nos oportunidade de aprendermos uns com os outros e de desenvolvermos o nosso espírito crítico e reflexivo.