domingo, 5 de abril de 2020

Cibersegurança. Será que já é normal termos a nossa privacidade comprometida?

A tecnologia está no foco do quotidiano de grande parte da sociedade faz algum tempo. Contudo, por estes dias, não só está na ordem do dia como, arrisco-me a dizer, é crucial para o funcionamento "normal" de um dia-a-dia em que, qualquer semelhança com normalidade, é pura coincidência! O que não é coincidência, certamente, é a Cibersegurança (ou falta dela, melhor dizendo) não dar tréguas pelas piores razões. Por essa razão, já temos vindo a abordar o tema por aqui, tal é recorrência das aparições dos hackers por estes dias.

Está mais do que provado que a(s) Siri(s) que diariamente nos acompanham no bolso conseguem ouvir muito mais do que deviam. A verdade é que a Inteligência Artificial oferece-nos um mar de oportunidades e desta vez parece estar a nascer mais uma. A Universidade de Chicago criou uma pulseira capaz de silenciar os assistentes inteligentes e a inovação até teve participação portuguesa. A "pulseira do silêncio" portátil causa interferência nos microfones, oferecendo, assim, a possibilidade de recuperarmos a privacidade e a segurança no digital, ao mesmo tempo que mantemos a indispensável tecnologia na nossa vida.



Este acessório em especial, mas também outras novidades semelhantes que vão surgindo, deixam em aberto as questões dos direitos fundamentais da privacidade, porque, na verdade, não deveria ser necessário recorrer a estes mecanismos para os garantir.

Segundos os investigadores, o protótipo custaria cerca de 18 dólares, caso fosse comercializado, o que não me parece um preço elevado a pagar, tendo em conta o que está em jogo. Ainda assim, muitos interesses estão em jogo e a verdade é que por mais que a discussão do tema esteja constantemente acesa, maior parte de nós tem uma atitude passiva e conformista perante o problema.  Entretanto as perguntas permanecem: será que vão acabar por surgir soluções eficazes para recuperarmos a nossa privacidade, ou será que a tecnologia terá eternamente um preço a pagar (por vezes demasiado alto) que é encarado como um mal menor a que vale a pena sujeitar?

Fontes:
https://www.publico.pt/2020/03/03/p3/noticia/alexas-mundo-gravam-nao-pulseira-silencio-resolver-problema-1905702?utm_term=Portugal%20pode%20perder%20quase%2040%20das%20praias.%20Pritzker%20vai%20para%20duas%20arquitectas%20irlandesas&utm_campaign=Lista%20Newsletters%20Editoriais&utm_source=e-goi&utm_medium=email&fbclid=IwAR0FXJdmHOj8WLyfgK1bEqgK6Tlmzziv6md_sI209xkOIOhR1dGjUj28o-g

3 comentários:

  1. Olá Joana! Novamente, tem aqui um post muito interessante e bem fundamentado. Esta questão da privacidade dos dados ganha cada vez mais importância no online e com os assistentes virtuais. Num discurso antes da pandemia feito pelo PM inglês Boris Johnson, este afirmava que "You may keep secrets from your friends, from your parents, your children, your doctor – even your personal trainer – but it takes real effort to conceal your thoughts from Google. A future Alexa will pretend to take orders. but this Alexa will be watching you. And if that is true today, in future there may be nowhere to hide…this technology could also be used to keep every citizen under round-the-clock surveillance".
    Por muito catastrófico que este discurso possa parecer, faz cada vez mais sentido com a recolha de dados que está a ser feita em prol do combate à Covid-19. O Google e o Facebook, grandes detentores de dados pessoais a nível global, lançaram duas iniciativas, o COVID-19 Community Mobility Reports e o COVID-19 Mobility Data Network, respetivamente, que permitem perceber a mobilidade dos indivíduos e a potencial disseminação do vírus. Apesar de o Facebook chamar a esta iniciativa "Data for Good", estas e outras recolhas de dados "por um bem maior" não deixam de colocar questões sobre como vai ou não mudar o paradigma de partilha e proteção de dados antes e depois da pandemia...

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  2. Olá professora! Concordo totalmente consigo. Na verdade considero que a tecnologia tende a violar cada vez mais a nossa privacidade, mas há, simultaneamente, uma cuidado por parte das marcas por abafar esse facto. Tornam a oferta tão apetecível que todo o resto é deixado para 2º plano. Passam a "batata quente" para as nossas mãos e a decisão está do nosso lado e nem damos conta (somos nós que aceitamos todas as Políticas de Privacidade sem ler o que implicam verdadeiramente). O Futuro parece-me bem próximo. Afinal, já não estaremos, pelo menos grande parte de nós, "under round-the-clock surveillance"?
    Boa Páscoa!

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  3. Olá Joana, este é um tema muito atual e muito falado nos últimos tempos, pois com a pandemia Covid-19 os ataques dos cibernautas têm aumentado em massa por todo o mundo de todas as formas.

    Podemos mesmo ver na fonte, https://www.itchannel.pt/news/seguranca/covid-19-utilizado-como-chamariz-para-infetar-smartphones

    Investigadores detectaram mesmo várias aplicações que aparentavam ser de confiança, mas que continham programas maliciosos destinados a roubar informação sensível e gerar receitas fraudulentas

    Foram detectadas só neste estudo 16 aplicações que aparentavam ser de confiança, mas na realidade continham uma série de programas maliciosos destinados a roubar informação sensível dos utilizadores ou gerar receitas

    Esta notícia é apenas um exemplo de tantas que tenho visto à volta deste tema e sem dúvida um fator a termos em conta nos nossos computadores e smartphones, para mais em época de teletrabalho.

    Reforçar o uso de anti-vírus parece assim crucial seja em PC ou em Android.

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