"A narrativa é relativamente simples: faz uso de símbolos da identidade portuguesa para deixar uma mensagem de união nestes estranhos dias de pandemia. Imagens de lugares icónicos de Portugal vazios, como a Avenida dos Aliados ou a Ponte de Luís I, cruzam-se com as de famílias portuguesas em casa, ao som de um fado melancólico que canta a “saudade”. A marca apropria-se destes elementos patrióticos, explora a sincronia entre o seu próprio nome e o significado da palavra “nós” e fala, assim, em nome dos portugueses: “Todos juntos, seremos nós.”
A mensagem é míope, por presumir uma empatia que não existe. Chega a ser soberba, por achar que pode falar, num anúncio empresarial, em nome de quem não representa. Há uma falta de coincidência entre aquilo que a Nos é para muitos portugueses e aquilo que de mais profundo compõe o “nós” português colectivo. Ao falar por nós, no que de mais visceral nos identifica, a marca comete um erro. A Nos está longe de ser o mesmo que nós. Irrita porque, à semelhança de outras irritações, toca num ponto sensível, num momento de acrescida fragilidade social. Toca no que não lhe pertence.
Reforço também a convicção do poder das mensagens, dos símbolos e do potencial de empatia ou de aversão que a publicidade comporta. Continuo a achar que as marcas podem e devem falar connosco. Mas têm de ter muito, muito cuidado ao falar por nós.”
Tendo em conta o que temos vindo a estudar nas aulas, qual a vossa opinião sobre esta abordagem da NOS?
Fonte:
https://www.publico.pt/2020/05/11/p3/cronica/erro-falar-1916042 (acedido a 13.05.2020)
Fonte:
https://www.publico.pt/2020/05/11/p3/cronica/erro-falar-1916042 (acedido a 13.05.2020)
Olá Cristiana!
ResponderEliminarTenho de admitir que este anúncio também já me irrita, não pelo conteúdo em si mas pela frequência com que passa na televisão, acho que está a ser demasiado intrusivo e repetitivo, o que faz com que o anúncio tenha o efeito contrário ao que a marca pretendia. No que diz respeito ao conteúdo em si do anúncio e a mensagem que a empresa quer passar ao público, não acho que mereça as criticas de Teresa Lencastre, acho que lá no fundo até acaba por ser um mensagem bonita.