Poderá não ser conhecido de muitos mas o Reino de Novelmore é um lugar onde a novidade é apenas limitada pela imaginação infantil - e, quem sabe, não apenas - dos pequenos cavaleiros que enfrentam as sucessivas legiões dos Burnham Raiders. Uma profecia antiga anuncia um desastre. O pendor da batalha poderá ser decidido por uma armadura indestrutível - a Invincibus!
Este é o pano de fundo de uma das histórias da mundialmente conhecida Playmobil. Normalmente, associamos esta e outras marcas de brinquedos afins a bonecos feitos para a manipulação, reino distante da linguagem binária. Não vos assusteis, porém, guardiães do tacto, pois não trago novas de uma digitalização destas articuladas figuras e, mantém elas a função de puxar pela imaginação.
Esta é uma história para os alquimistas do marketing pois não deixaram estas marcas de aproveitar a internet e as suas maravilhas para chegarem aos pequenos. Alguma digitalização houve, sim, desculpem ter-vos enganado. Não sendo novidade, foi-o para mim, quando descobri que a Playmobil criou um site dedicado ao mundo de Novelmore. Aqui são apresentados filmes, mini-jogos, e vídeos que têm como função dar a conhecer os brinquedos disponíveis e disponibilizar o acesso os locais de venda.
É criado assim um universo talvez capaz de se auto-sustentar. O meio digital será sem dúvida uma forte forma de atração. Confere, desde logo, a possiblidade de interação com a marca, mesmo para aqueles que não têm os brinquedos; forma uma comunidade que servirá de estímulo aos participantes quer entre si, quer com terceiros nos recreios; potencia ainda um fervor pela novidade, qual será o próximo brinquedo, ou o próximo capítulo da história?
Este marketing interativo introduz-se, assim, nas brincadeiras. Os conteúdos são o suficiente para manter o público-alvo interessado: os mini-jogos são simples mas mantém o interesse que todos temos por bater os recordes, as histórias criam o pano de fundo e incitam a imaginação e os vídeos de unboxing fazem furor, ao mostrarem crianças a disfrutarem de maravilhas anunciadas, num crescendo de parafernália. Posso afirmar de experiência própria que já assisti a um pequeno a fazer ele próprio vídeos de uma espécie de unboxing e de longas batalhas de onde, vos garanto, ele saiu vencedor, com ou sem Invincibus.
Reconheço que todo o marketing dirigido a crianças levanta sempre questões éticas que devem ser ponderadas. Por outro lado, podem até conferir o estímulo para criar pequenos cineastas. Vêem aqui potencial para user generated content?!
A força destes brinquedos continua a ser a sua presença física e gostamos deles pelas histórias que nos obrigam a contar e pelo exercício do polegar oponível, tão importante na nossa evolução, antes e agora. No entanto, estas marcas não deixaram o digital de fora. Agarraram uma plataforma em que mais facilmente podem chegar a mais crianças e criar uma relação com estas. Ainda que o tempo efetivo de sermos crianças seja limitado, existe aqui um forte potencial para criar relações afetivas e de lealdade de longa duração. Mesmo se olharmos para estas crianças enquanto futuros pais, uma relação criada agora poderá ser uma relação criada com as crianças do futuro.
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