segunda-feira, 13 de março de 2023

Quiet Quitting e a Geração Z.

Olá a todos! 

Hoje trago aqui um tema polémico o qual se propagou única e exclusivamente devido à existência de redes sociais com conteúdo a circular e a ser criado 24/7. Para além disso, como temos falado sobre a geração Z, achei que seria interessante abordar o mesmo. 

Já falámos sobre as diferentes características desta geração, desde a sua ligação próxima aos valores como autenticidade, honestidade e sustentabilidade até à sua capacidade – ou não – de fazer multitasking. No entanto, é de ressalvar que esta geração dá muito valor ao chamado work-life balance. O gen Z não abdica de um café com os amigos ou uma saída à noite só porque o chefe precisa de alguma coisa urgente. Assim, nas redes sociais, esta nova geração aclama que ‘’trabalhamos para viver, não vivemos para trabalhar’’. Na onda deste mindset, surge o Quiet Quitting. 

Este fenómeno nasce na China e propaga-se no TikTok em forma de protesto à precariedade no trabalho. Este resume-se em nada mais nada menos do que : recusa em fazemos mais do que para o que eu sou pago. O TikTok desde que apareceu tornou-se numa ferramenta de propagação de tendências instantaneamente, e com esta moda não seria diferente. Assim, este tema chega aos 4 cantos do mundo e faz surgir notícias e reações de imensa gente e de imensas empresas. 

A meu ver, este fenómeno é expectável de uma geração como a  Z – na qual eu me integro, apesar de não me reconhecer neste fenómeno -. A clareza com que esta geração separa a vida pessoal e a profissional é efetivamente impulsionadora deste estilo de vida! Óbvio que isto não acontece apenas porque temos uma geração com uma postura muito forte e muito qualificada, aliás, em maior parte dos casos, parece-me que acontece com o objetivo de causar alguma consciência para temas como a saúde mental, depressões e burnout, os quais me parecem temas relevantes e essenciais num mundo como o nosso. 

No entanto, e não querendo de todo romantizar temas como o burnout, como é que uma geração que toma a postura de ‘’não mexo nem mais uma palha do que o que é suposto’’, pode defender também que todos podemos ser empreendedores, todos podemos ter sucesso e todos podemos ter a vida com que sonhamos? Parece-me quase como o sonho da american way of life da atualidade que nunca se concretiza. 

Apesar de defender que devemos equilibrar a nossa vida e que podemos ter muita coisa dos dois mundos, nem sempre podemos ter o melhor dos dois mundos, daí existirem prioridades, as quais se vão adaptando às nossas necessidades e ao nosso dia-a-dia. 

Sou totalmente contra o workaholism, porém olhando para a situação socioeconómica que vivemos, como é que os jovens – o grupo etário no mercado de trabalho com menos experiência – se pode dar ao luxo de pôr em prática o quiet quitting. Sou totalmente contra a exploração dos estagiários e dos recém-empregados – até porque me incluo neste grupo - , dos salário baixos e das precárias condições que muitas empresas praticam, mas não acham que em vez de nos ‘’demitirem silenciosamente’’, deveríamos lutar por mais direitos em vez de menos deveres? 

Sou totalmente apologista de que uma pessoa só trabalha bem se estiver feliz com a sua vida pessoal, no entanto, também só é feliz se estiver minimamente realizada na sua vida profissional. Por tal, parece-me que há uma reciprocidade entre os dois pólos. 

Para além de tudo isto, devemos medir o impacto que estas opiniões têm numa rede social.  Tal como foi referido em aula, esta geração é altamente influenciável por desconhecidos/influenciadores digitais, etc. e por tal, estas opiniões fortes/diferentes quando surgem numa rede social como o TikTok propagam-se rapidamente por todos os seus utilizadores, acabando por os influenciar. Se por um lado, o TikTok poderá ser uma ferramenta fortíssima para as empresas crescerem e darem a conhecer a sua marca, poderá também ser uma ferramenta de propagação de ideias, as quais devem ser escrutinadas e esmiuçadas. 

Qual é a vossa opinião sobre este assunto tão polémico e como é que enquadram esta teoria nesta geração? Para além disso, qual é o papel do TikTok no meio disto? E acima de tudo, que tipo de estratégias de Marketing Digital é que as empresas podem usar para impedirem que esta tendência se propague pelos seus trabalhadores? 

Fontes: 

https://observador.pt/opiniao/a-demissao-silenciosa-quiet-quitting-vai-acabar-mal/ 

https://www.publico.pt/2022/09/24/sociedade/noticia/quiet-quitting-nao-apenas-moda-redes-sociais-reaccao-precariedade-2021627

3 comentários:

  1. Boas Alexandra!

    Adorei a tua partilha e sou totalmente de acordo com a tua opinião.

    Ao contrário das gerações anteriores, que muitas vezes se conformavam com empregos que não gostavam ou que não estavam alinhados com os seus valores, a Geração Z está mais disposta a deixar essas atividades e a procurar algo que lhes traga mais realização pessoal. Esta tendência pode ser atribuída em parte à cultura das startups e empreendedorismo, que tem incentivado os jovens a criar as suas próprias empresas refletindo os seus próprios valores e objetivos pessoais.

    Além disso, a Geração Z cresceu num mundo digital e está mais consciente das opções disponíveis. Podem facilmente pesquisar alternativas de trabalho e carreira, e muitas vezes preferem trabalhar em empregos que lhes permitam equilibrar melhor a vida pessoal e profissional.

    Embora hoje em dia seja muito importante fazer-se um equilíbrio entre a vida pessoa e a vida profissional dada a crescente ansiedade sentida pelos trabalhadores, tal como referiste e estou totalmente de acordo, dificilmente se alcança o melhor dos dois mundo sendo fundamental definir prioridades e adaptá-las às nossas necessidades e ao nosso dia-a-dia.

    Também pertencendo à geração de recém-licenciados e estagiários e também não concordando com a exploração que se faz sentir neste grupo etário concordo que a solução não passe apenas pelo despedimento em busca de alguma oportunidade melhor mas sim lutar pelos direitos e tentar mudar a mentalidade da nossa sociedade empresarial no que toca a este assunto.

    Obrigada pela tua partilha!

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  2. Alexandra,
    Felicito-te pela abordagem que partilhas e pelo equilíbrio que imputas ao assunto.
    Efetivamente o extremismo começa a apoderar-se de vários assuntos que impactam a sociedade e todo o seu entorno, quer seja económico, politico ou social. O usos das redes sociais como propagador de opiniões e criador de conceitos, provoca muitas vezes o efeito contágio e torna grande um assunto que tantas vezes é um não assunto.
    Necessitamos de sociedades e gerações que pensem coletivo, que se envolvam e sobretudo que não se desresponsabilizem dos seus papeis. O equilíbrio está em ver o outro e compreender o seu ponto de vista, mesmo discordando em absoluto.
    A minha geração é sobretudo workaholic, focada em resultados e demasiado empenhada em responder de forma multitasking a tudo e a todos. Eu diria que de geração "Rasca", passamos à geração que não sabe dizer NÃO. Sem generalizar, somos de tal forma focados que trabalho é a maior parte do pequeno mundo que nos circunda. É correta esta visão? Não, insisto que tem de haver equilíbrio e a gen Z sofredora de um percurso em que aprendeu o que não quer para a sua vida, decidiu impor ao mercado um novo curso.
    -Egocentrismo? Não! Mas talvez atitudes mais extremadas poderão resultar em equívocos importantes.
    Em minha opinião, aprendemos com os erros e replicamos o que vamos vendo fazer. Concordo claramente com a tua opinião, lutar pelos direitos, aproveitar oportunidades e sobretudo crescer com todas as aprendizagens do caminho.
    Grata pela tua reflexão.

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    1. Olá Susana,
      Concordo com tudo o que diz. Efetivamente, é preciso saber dizer que não e é preciso que haja um equilíbrio porque não vivemos para trabalhar. Mas que o trabalho é uma parte importante da nossa vida é inegável, daí não me rever nesta tendência nem em qualquer outra que leve a extremismo.

      Obrigada pelo comentário.

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