domingo, 16 de abril de 2023

"Desinfluencer"

Ao longo dos últimos anos as redes sociais têm vindo a tornar-se numa espécie de shopping center digital, estilo loja de bolso. Esta tendência foi, e continua a ser promovida pelo papel/impacto dos influencers
Os influencers ou influenciadores digitais devido ao seu domínio nas redes sociais, conseguem criar conteúdo que tem impacto direto no comportamento de consumo dos seus seguidores. Através de parcerias com marcas, os influencers promovem produtos e serviços de uma forma mais subtil e atrativa para quem está do outro lado da tela. Os influencers vieram então revolucionar a forma como as marcas se relacionam com os consumidores, provocando um boost no marketing digital, capaz de atingir o público-alvo de uma forma mais direta e personalizada.
 
Tudo isto leva a que todos os dias sejamos bombardeados com dezenas de produtos e quase todos se tornam num “must have”, criando nos consumidores uma necessidade em adquirir um determinado produto para estarem “atuais” e se encaixarem nos padrões impostos pela sociedade. Até porque todos nós precisamos de um candeeiro em forma de lua, não é verdade?

Uma das plataformas mais utilizada pelos influencers é o Tiktok. Estes têm um papel tão notório no comportamento de consumo dos seus seguidores que surgiu uma trend ,“Tiktok made me buy it”,em que os utilizadores fazem vídeos a mostrar os produtos que o “Tiktok os levou a comprar”.





De acordo com um estudo feito pela Marketing Dive, 44% da Geração Z faz compras com base em recomendações de influencers. No que toca ao resto da população geral, apenas 26% se deixa cair na tentação.
Como Gen Z e utilizadora (assídua) do Tiktok, posso afirmar que já perdi a conta dos produtos que me senti tentada a comprar devido ao seu “hype”, ou porque “toda a gente tinha”.

 


No entanto, nos últimos tempos o termo “deinfluencing” viralizou no Tiktok e já possui mais de 250 milhões de posts.
 
Mas afinal o que é “desinfluenciar”?
 
É um termo inventado recentemente pelos criadores de conteúdo com intuito de incentivar os seus seguidores a não comprar ou usar algoSe os influencers criam hype em torno de um determinado produto os “desinfluencers” vão questionar todo esse hype.
“Desinfluenciar” é também uma maneira dos criadores de conteúdo ganharem credibilidade uma vez que são vistos como mais honestos e autênticos por darem a sua verdadeira opinião acerca de um determinado produto.
À primeira vista, este tipo de conteúdos parece uma boa solução para controlar o consumo excessivo, no entanto, nem sempre têm esse objetivo, pelo contrário, a grande maioria desses vídeos consiste em sugerir alternativas de produtos a um preço mais baixo.



Surge então um paradoxo pois temos “desinfluencers” a usar o hype para mostrar que são autênticos, que não se “vendem” a qualquer marca ou até mesmo ganhar credibilidade, quando na verdade, estão apenas a desviar e influenciar o consumo para outros produtos.



Isto pode ainda representar um problema para as marcas na medida em que alguns vídeos de “desinfluencers” estão a tornar-se tão virais que podem vir a ser uma ameaça real, sendo necessário um cuidado maior na escolha sobre quem contratar para promover os seus produtos de modo a evitar opiniões negativas.
 
E tu? Já foste influenciado hoje?

3 comentários:

  1. Olá Bia,

    Achei o tema muito interessante principalmente na parte do paradoxo à volta dos "desinfluencers". Embora os "desinfluencers" possam argumentar que estão a demonstrar autenticidade e credibilidade, na verdade, estão a influenciar e a redirecionar as escolhas de consumo para outras marcas ou produtos que os próprios preferem ou até possam receber compensação para promover. Isso pode ser confuso para os consumidores e prejudicial para as marcas que procuram uma promoção efetiva de seus produtos.
    No entanto, é importante lembrar que o papel dos influenciadores digitais, como tudo na vida, está em constante evolução, e as marcas necessitam de estar atentas às tendências e mudanças de comportamento dos consumidores.
    Na minha opinião, a melhor forma de marketing de influência são quando as marcas são transparentes com o público sobre as suas parcerias com influenciadores, evitando assim qualquer possibilidade de práticas enganosas. No final das contas, o objetivo do influencer marketing é criar uma conexão genuína entre a marca e o seu público.

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  2. Olá, Beatriz!
    Desde mais, muitos parabéns pela escolha do tema. Num mundo onde cada vez mais temos várias opiniões ao dispor de um clique, e cada vez mais os criadores de conteúdo têm por hábito tentar promover produtos e serviços aos seus seguidores, é essencial colocarmos estes temas em cima da mesa, mesmo com o intuito de educar o consumidor.
    No outro dia deparei-me com uma loja online onde uma das secções principais de apresentação da marca era mesmo à base das “Tendências do Tik Tok”. Para quem tiver curiosidade, deixo ainda o link: https://www.normal.pt/ (não é publicidade!)
    Esta moda de recomendações como forma de marketing digital é algo que está claramente em alta, e a questão do desinfluencing, tal como o Tiago também mencionou, é realmente algo que se pode revelar confuso para os consumidores. Este formato passa uma sensação de distorção, e que no final de contas, desempenha um pouco do mesmo processo que os outros influenciadores fazem de forma aberta.
    Como tudo na vida, a evolução do mercado com base no marketing digital e nas redes sociais vai sempre colocar estas questões éticas e de responsabilidade, e daqui pode-se concluir que estes comportamentos devem de ser alertados com mais frequência.
    Mais uma vez, gostei bastante da tua abordagem, e é sem dúvida um tema muito interessante.

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  3. Beatriz,
    Excelente texto e assunto muito pertinente.
    Efetivamente num mundo de influências é relevante abordar até onde conseguimos ir no comércio livre, justo e destinado a todos.
    Numa era onde o motor de busca e o acesso facilitado a conteúdos nos empurra para escolhas condicionadas, até onde vai o papel da "rede" nas nossas escolhas? Somos influenciados ou influenciadores? Compramos com liberdade ou as nossas escolhas são impostas por padrões e vontades alheias?
    Não sou muito de modas, nem fã de influencers, contudo sinto que tantas vezes sou empurrada por escolhas "encomendadas", porque é difícil ter o melhor destes dois mundos.
    Acredito que se todos formos um pouco "desinfluenciadores", talvez as tendências sejam as mesmas, mas a nossa consciência de consumers seja mais cristalina.
    Grata pela tua partilha.

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