A capacidade de uma empresa em diversificar o seu negócio era vista pelos seus accionistas como uma menos valia que os mercados mais competentes sempre penalizaram. Estudos provavam nas bolsas mais activas e eficazes, como o S&P ou o NASDAQ, que sempre que uma empresa diversificava o seu negócio, para fora das suas competências, quer por criação de unidades de negócio, quer por M&A, o seu valor reduzia. Para o investidor, é certo, esta mudança aumentava o risco e logo, também o seu medo, caindo o valor das acções.
Resumindo, “se sais do teu mercado, lá se vai o teu dinheirinho”, e logo a empresa vale menos.
Ora bem, estou a aprender que isto está a mudar… As teorias relativas aos nichos que as empresas e tecnologia vêm a ocupar, destronando pesadas corporações tem sido alvo de evidente estudo, não tento pelo fenómeno, que penso que sempre ocorreu, mas pela velocidade e dimensão com que ocorre. O mercado está a mudar, e com ele oportunidades de nicho que estas pequenas mas dinâmicas empresas tiveram capacidade de captar.
Mas agora, as maiores também aprenderam a lidar com este fenómeno dos tempos modernos, pelo menos aquelas que se aventuram pelo mundo virtual. São diversos os exemplos que nos surgem… De tal modo que, por exemplo, é nestes nichos que algumas delas vêm concentrados os maiores volumes de receita, caso da Amazon?...
Agora vem a provocação.
Estes efeitos de mercado são tentadores e obrigam à adopção de modelos de gestão assentes em portefólios. Estes nichos são, também, muito vulneráveis, melhor dizendo, são extremamente imprevisíveis (este é um facto, venha quem vier a dizer o contrário…), tanto surgem, como desaparecem, muitas das vezes porque são mal compreendidos como a bolha das “dot com” de finais do século passado.
E este pode ser um desafio e um problema, que pode causar perda de milhões de investimento em negócios construídos sob nichos voláteis. Então têm vantagens as empresas com, digamos, dimensão, que como o lagarto, se perderem parte da cauda, ou mesmo a cauda inteira, conseguem sobreviver. Aqui, o tamanho conta.
E o que é que isto tem a ver com o marketing? Muito. Vai obrigar os homens e mulheres do marketing a manter redobrada atenção a estes nichos de oportunidade sob pena de darem tiros no pé, que lhe levem o corpo todo.
De facto o que os homens e mulheres do marketing terão de compreender de facto é a valia de encontrar cada cliente na sua unicidade e distinção.
ResponderEliminarDe facto o cliente pensa que é diferente e distintivo. No entanto e no limite nada que sofisticadas ferramentas de CRM não possam ajudar a dissecar. Encontrar com certeza o que cada um dos nós pensa ser único e distintivo, tornou-se possível. No entanto no limite o homem é um bicho de hábitos e que vive em grupos. Esta unicidade não é única, antes deve ser entendida no meio de excentricidades e hábitos de grupo.
Um fenómeno sociológico interessantissímo, a unicidade ... grupal. Se assim o podemos designar. Faz parte do Homem não estar sozinho...!
Ou melhor...a marca ajuda ao espectáculo.
ResponderEliminarRespondendo então à provocação...
Numa entrevista recente ao Jornal de Negócios (04.06.10), Pedro Bidarra, chief creative oficer da BBDO, destacava que "se há uns anos se dizia que o meio é a mensagem, hoje pode dizer-se que a mensagem é o meio".
Mais do que fazer ruído (embora algumas campanhas "descarrilem" e disparem foguetes em todas as direcções), a ideia é dar um conteúdo, associar uma mensagem às marcas, que seja suficientemente relevante para o target (branded content). E formar assim laços duradouros com o consumidor que reduzam a sua volatilidade.
Como discutido no caso da Porto Editora, esta mais do que estar associada à venda de livros, poderia passar a associar-se ao prazer da leitura, em particular, e até ao entretenimento e à cultura, em geral.
O tema do futebol, por exemplo, é um potencial agregador para marcas minimamente relacionadas (como as cervejas, onde o consumidor vê a ligação, a relevância, e a relação tem potencial para se manter).
A comunicação tem que interessar de tal maneira ao consumidor que este passa a "andar com ela". Mesmo que seja com uma vuvuzela...:)
PS: Para além de ter criado a vuvuzela, Pedro Bidarra esteve também por trás de "espectáculos" ruidosos como o hino "Menos Ais" da GALP por alturas do Europeu de Futebol, o anúncio da baleia da Optimus ou da imagem de Portugal como a nova "Europe's West Coast"... muito "foguetório"?