A propósito do exemplo dado na
última aula sobre o leilão do carro do Pedro Ribeiro na Rádio Comercial, achei
interessante trazer para reflexão a integração dos media tradicionais com a web,
e como as redes sociais e a exposição trazida pela net podem dar nova projeção
aos “velhos” meios de comunicação, supostamente “ultrapassados”, pelo menos em audiência,
pelo mundo virtual.
No ar há 36 anos, se há fator que
diferenciou a Rádio Comercial da concorrência e lhe permitiu chegar à
liderança, sendo hoje a estação de rádio mais ouvida em Portugal, foi a forma como
antecipou, arquitetou e geriu a sua presença online.
Na sua página de Facebook, com 1.371.648 de Likes (consegue a proeza de ter mais fãs que a Cristina Ferreira!),
são partilhados os pontos altos das emissões, bem como outras curiosidades, com
desafios à participação dos internautas e feedback constante.
O site,
renovado este ano, com um look moderno e atrativo, é simultaneamente meio
informativo, playlist e agenda cultural, divulgando os concertos e artistas, e
aproveitando o mundo online para promover o offline. O Player Online permite navegar
pelas emissões, fazer pausa, recomeçar, recuar, avançar, como quem percorre a
programação de uma box de TV, o que é ótimo para fãs como eu que gostam de
ouvir rádio no trabalho e se me chamam para uma reunião ou outra qualquer
interrupção, sei que posso ir e voltar sem perder pitada, sobretudo das rubricas!
Esse é outro grande segredo – desde que
os humoristas Nuno Markl, e mais recentemente Ricardo Araújo Pereira, se
juntaram às equipas das manhãs, que as rubricas na rádio, outrora aborrecidas,
se tornaram no ponto alto da programação – quantos episódios da Caderneta de
Cromos, O Homem que mordeu o Cão e Mixórdia de Temáticas ressoam nas nossas cabeças? Sem esquecer as míticas
versões musicais do Vasco Palmeirim! Para lhe dar uma componente ainda mais ”mediática”,
todas estas emissões são atualmente gravadas e disponibilizadas no Youtube,
canal em que a estação tem um total de quase 40 milhões de visualizações.
Além do
Youtube e do Facebook, a Rádio Comercial está ainda presente no Twitter, com
quase 33 mil seguidores, e no Instagram, com perto de 15 mil seguidores.
Se tudo
parecia estar perdido para os media tradicionais (e sobretudo para a rádio) com
o domínio da web 2.0, exemplos como este vêm mostrar que se pode juntar o útil ao
agradável, e que os media tradicionais podem e devem inovar na elaboração, comunicação
e apresentação de conteúdos. É assim respondendo às exigências dos novos ouvintes/consumidores, através de novas plataformas, com ligação 24 horas por dia, 365 dias por ano, de forma imediata, e sem perder
nenhuma piada, música, ou conteúdo relevante, que se conseguem manter
fidelizadas as novas gerações.
Para terminar, deixo-vos com o vídeo da rádio Comercial mais
visto no Youtube (1.342.081 de visualizações), e já agora pergunto-vos:
Qual é o vosso vídeo/rubrica/episódio
preferido??
O exemplo da Rádio Comercial é, de facto, excelente. Acredito que o sucesso deles se deve primeiro pelas contratações certas nos momentos certos, sobretudo Nuno Markl e Ricardo Araújo Pereira que permitiram à rádio atrair seguidores destas figuras para a Comercial. E por ter sido a primeira rádio portuguesa a compreender que, para se ter sucesso num meio de comunicação até então considerado datado, era necessário reinventar-se e tornar-se num meio omnichannel, como o fizeram.
ResponderEliminarMérito de todos os elementos da Rádio Comercial, mas sobretudo da visão do seu director, Pedro Ribeiro.
A Rádio Comercial é de facto um exemplo de sucesso na era da reinvenção da rádio. Mas não foi só desta vez (era do digital) que a rádio teve que se reinventar: também quando chegou a TV, com imagem e movimento, a rádio soube trazer o melhor de si: a companhia que faz aos ouvintes e que até hoje mantém. A Comercial, com informação útil, rápida, pertinente e direta, num só espaço, torna-se cómoda e atrativa (bem ao gosto dos millenials), principalmente quando optimiza o site (que vem no seguimento da uniformização de todos os meios da Media Capital, como também é exemplo a M80). A Rádio Comercial tornou-se uma excelente e divertida companhia, com a preocupação de atualização constante (quer ao nível da música quer ao nível do humor). No entanto, acho que ainda tem de "pedalar" um bocadinho para deixar de ser a companhia para o trabalho e para casa, visto que não há assim tanta gente que a oiça fora do horário de expediente.
ResponderEliminarAinda assim é uma excelente rádio, sendo a minha rúbrica favorita, sem dúvida, a Mixórdia de Temáticas (ainda bem que recuperaram o Ricardo!).
Já houve um grupo em WMCE que trabalhou este caso, sabia? Acho que mais do que as contratações, a Comercial se destaca pela forma que leva os ouvintes a participar, como aconteceu no caso do leilão.Ou para apoiar movimentos lançados pelos comentadores (Ex: Fizz Limão, Anita), ou para partilharem fotos, músicas e outras coisas com significado para os ouvintes (Ex: fotos do por do sol da sua terra, vídeos de todos no carro a cantarem uma canção). Ou como criou o "Dia de...", com imagens da Vanda Miranda alusivas e que os ouvintes podem partilhar nas redes sociais quando é dia do seu nome ou da sua profissão; ou ainda de convidar os ouvintes a sugerir slogans para a rádio e a serem reconhecidos pelos seus pares no concurso, com votos, comentários, partilhas, etc. A Rádio Comercial vive do blended marketing online e offline e do UGC, e é isso que cria envolvimento nos ouvintes, que sentem ser parte do programa. E o que isso lhes traz em publicidade, patrocínios, mesmo os concertos que organizam...o poder da Rádio Comercial é o poder do consumidor!
ResponderEliminarÉ realmente um bom exemplo, numa altura em que se fala da extinção dos media tradicionais, de como se pode fazer da ameaça da internet uma oportunidade, e de como é possível dar a volta por cima!
PS: o meu momento preferido foi a Mixórdia sobre a promoção do Pingo Doce a 1 de Maio: https://www.youtube.com/watch?v=mVq79Gu2gow
Sem dúvida nenhuma que a Rádio Comercial é um fenómeno.
ResponderEliminarConseguiu reinventar-se numa altura em que a rádio está cada vez mais fora de moda dada a possibilidade de os consumidores poderem escolher as músicas que querem ouvir, seja no YouTube ou seja em plataformas como o Spotify. Com a integração de rubricas de comédia e com um "elenco" de locutores absolutamente de luxo, que prende e acima de tudo fideliza os ouvintes, conseguiu dar a volta e tornar-se na Rádio Nº1 em Portugal!