sexta-feira, 1 de maio de 2020

Livestreaming shopping: o futuro das compras online?

Desde há 20 anos que é possível fazer compras online. Ainda assim, é notório como grande parte do processo que lhes está associado se mantém igual desde o surgimento das primeiras formas de venda online: as páginas dos produtos, categorizados; as fotos dos produtos; as descrições das características dos produtos; o “carrinho de compras” e o checkout. Coloca-se a questão: haverá algo capaz de vir a revolucionar a forma como são feitas as compras online?

Há uma forte aposta e otimismo associados às potencialidades que tecnologias de AR/VR (augmented reality e virtual reality) trarão para cima da mesa. Não obstante, este tipo de tecnologias encontra-se ainda bastante subdesenvolvido para que o investimento na sua implementação traga retorno para as marcas. Nesse sentido, uma alternativa emerge como sendo capaz de produzir avanços significativos num horizonte temporal extremamente curto: o livestreaming shopping.

Essencialmente, o livestreaming shopping consiste na integração de sessões de streaming nas plataformas das marcas que vendem online, com assistentes de loja a acompanhar instantaneamente os consumidores e a garantirem elevado nível de interatividade entre cliente e produto (por exemplo, momentos de perguntas e respostas em demonstrações de determinados produtos). Apesar de poder assumir várias formas, o livestreaming shopping é, em qualquer modalidade, um conceito assente na produção de uma experiência de compras rica em detalhe e informação, com conteúdos disponíveis para os clientes à medida que estes compram. Mais do que oferecer informações básicas sobre o produto, a tecnologia pretende oferecer uma experiência de compras online o mais autêntica e real possível, à distância de um clique e no conforto das nossas casas. Uma estratégia comumente usada pelas marcas para tirar benefício das virtudes da tecnologia passa pela utilização de influenciadores como embaixadores das diferentes marcas, interagindo com a audiência e fazendo demonstrações de produtos, com resultados extremamente positivos no envolvimento do público mais jovem.

Um caso de estudo que atesta os benefícios decorrentes da tecnologia é o mercado chinês. Nos últimos anos, as sessões de livestreaming shopping têm ganho cada vez mais popularidade (consumidores desejam experiências imersivas e recomendações personalizadas). Os dados apontam para um mercado de cerca de 4,4 biliões de dólares em 2018, com um crescimento de 37% face ao ano anterior e atraindo um total de cerca de 450 milhões de visualizadores.

No contexto da pandemia Covid-19, e após as lojas físicas das grandes marcas chineses terem sido obrigadas a encerrar temporariamente, o livestreaming shopping foi a alternativa preferida para contactar e atrair consumidores. A Taobao, plataforma de livestreaming da gigante Alibaba, reportou um aumento de 719% no número de primeiras utilizações da plataforma entre janeiro e fevereiro de 2020, reforçando a tese de que este poderá ser o futuro das compras online, especialmente face à inoperacionalização das canais físicos decorrente das circunstâncias extraordinárias em que vivemos.

E vocês? O que acham do livestreaming shopping? Acreditam que poderá ser, num futuro próximo, uma realidade no mercado português?

Fontes:
https://www.voguebusiness.com/consumers/live-streaming-china-shopping-kim-kardashian
https://www.abacusnews.com/tech/shopping-live-streaming-apps-booming-china-thanks-covid-19-pandemic/article/3077962
https://www.cbinsights.com/research/report/top-tech-trends-2020/

1 comentário:

  1. Olá Tiago, bem vindo ao blogue! Este post enquadra-se no que abordamos na última sessão relativa à distribuição na era digital e na verdadeira revolução que esta atravessa. O livestreamimg shopping pode ser uma boa forma de os retalhistas digitais ou outros com presença online superarem um dos seus pontos fracos face ao offline: a falta de colaboradores dedicados que nos acompanhem e aconselhem durante o processo de compra. No contexto atual de limitação de muitos canais físicos, não admira o sucesso que teve no mercado chinês. Não sei se se passaria o mesmo no português...

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