domingo, 11 de abril de 2021

Ainda é preciso chocar para ser criativo?

No mês passado, a VOGUE lançou uma notícia referente ao facto de haver diversas marcas que, para alcançar o público, recorrem ao marketing com o objetivo de chocar as pessoas, de as sensibilizar e de as chamar a atenção para determinado assunto.

O objetivo destas marcas, segundo o artigo, é “(…) apenas ser relevante, apontar as falhas do ser humano e do mundo, numa tentativa de “acordar” os seus leitores”. Nem sempre estas estratégias resultam em bons resultados, porque o ser humano, na sociedade em que vivemos, nem sempre deseja (ou gosta) de ser despertado para os problemas reais que o rodeiam.

A questão que o artigo coloca é: É preciso chocar para ser criativo, ou pelo contrário, é preciso ser criativo para chocar? Na minha opinião, ambas as questões são válidas, porque realmente é preciso chocar para ser criativo, na medida em que as marcas conseguem captar a atenção do público e para marcarem a diferença das restantes publicidades. No entanto, considero que é preciso as marcas serem extremamente criativas e corajosas para abordar determinados tópicos, alguns deles tão sensíveis, sabendo que existe sempre um risco associado de gerar consequências menos agradáveis.


Uma das marcas mais conhecidas, no que diz respeito a este tipo de marketing, é a Benetton. Em 1982, eles contrataram um fotógrafo, Oliviero Toscani, que criava anúncios que confrontavam visceralmente o público com imagens, como a de um homem com SIDA, prestes a morrer numa cama de hospital, ou pessoas de diferentes etnias a saírem juntas. Ele defendia que não havia imagens chocantes, mas sim uma realidade chocante. O que é certo, é que através destas campanhas, a marca, não só atraía a atenção dos media, como também contribuía para expor uma realidade que era, frequentemente, ignorada pelo mundo.

Eu, pessoalmente, aprecio muito este tipo de publicidade e marketing. Apesar de, muitas vezes, não ser bonito nem a mais agradável à vista, é aquela que provoca uma emoção além daquela que estamos habituados a sentir e, principalmente, é um despertar da mente e um acordar para a vida. Tal como diz no artigo: “Um ver-as-coisas-como-elas-são porque, na maioria das vezes, é assim que elas são. O público é que não as quer ver.”

Deixo aqui um link, para os mais curiosos e interessados neste tema, com imagens de campanhas da Benetton. Vale a pena ver! :)

https://observador.pt/2015/10/28/50-anos-50-imagens-campanhas-benetton/?fbclid=IwAR0IkAduJHDZc-8D_u3cA5qyl8mZj9sbrb6exV__2999zysj0Uyzy-q4e3k

Fonte 1

1 comentário:

  1. Em resposta ao título do artigo, diria que não. Não é preciso chocar para ser criativo, nem vice-versa. As campanhas de "choque" são sempre muito arriscadas podendo ter impactos bastante negativos. Um bom exemplo deste caso foi a publicação do Burger King no twitter e jornais face ao "lugar da mulher". Há um post aqui no blog sobre o tema e penso que é interessante (re)ler em que consistiu essa campanha.

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