No passado dia 25 de abril, Elon Musk conseguiu fechar um acordo para a compra do Twitter por cerca de 44 mil milhões de dólares, o suficiente para comprar os 15 clubes mais valiosos do mundo. Bastaram apenas 11 dias desde que o homem mais rico do mundo se ofereceu para comprar o negócio (14 de abril), até a sua oferta ser aceite. Mais rápido do que o processo de aprovação de um crédito para comprar casa em Portugal.
Após a divulgação da notícia, através da sua conta do Twitter, Elon falou aos seus 88 milhões de seguidores sobre as suas pretensões para o futuro da rede social, passando pela redução de anúncios, adição de uma ferramenta de edição, aumento da verificação de usuários, redução dos bots de spam destacando, sobretudo, uma melhor aplicação dos princípios de liberdade de expressão. “A liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento., e o Twitter é a praça digital onde são debatidos assuntos vitais para o funcionamento da humanidade.”
Nos últimos anos, as equipas do
Twitter têm trabalhado para reduzir e limitar os abusos na plataforma e para
tornar o site um espaço online mais seguro para os usuários. No entanto, após
as declarações do novo principal acionista e depois de, em 2018, ter sido
acusado de dogpiling, isto é, um fenómeno em que poderosos usuários do Twitter
estimulam os seus seguidores a assediar outras pessoas, alguns funcionários da
organização temem que a aquisição de Elon Musk, no mínimo, reduzirá a confiança
dos utilizadores nos esforços de anti abuso do Twitter e, na pior das
hipóteses, poderá resultar na desconsideração ou cancelamento desse trabalho.
Para além disso, muitos daqueles
que estão na linha da frente pela luta de espaços democráticos online,
questionaram se a propriedade de Elon Musk do Twitter prejudicará, em vez de reforçar
a democracia e se não será apenas uma tentativa de manter a sua capacidade de
influenciar milhões de pessoas sem interferência.
Desconfianças e críticas à parte,
dois dias após anunciar a compra da rede social, o bilionário utilizou a sua
conta para fazer uma pequena brincadeira, dizendo que a próxima empresa que irá
comprar será a Coca-Cola, para que possa voltar a colocar cocaína na bebida.
Isto porque, em 1903, a empresa de refrigerantes eliminou a droga da bebida,
substituindo-a por cafeína e folhas de coca somente como aromatizantes.
Horas depois, Elon volta ao
ataque publicando que ia comprar o McDonald’s para consertar a máquina de
gelados com a seguinte legenda: “Listen, I can’t do miracles ok”.
Não tardou para que surgissem marcas para brincar com a situação e aproveitar todo o mediatismo envolvente procurando, através do humor, aproximar-se dos seus seguidores e obter assim um maior engagement. Foi, por exemplo, o caso da Duolingo, Burger King, Pizza Hut e Doritos.
Com o crescimento do número de pessoas nas redes sociais, as marcas têm vindo a utilizar cada vez mais a estratégia de reactive marketing para responder a eventos, notícias e tópicos relevantes em tempo real, de modo a aumentar o relacionamento com o seu publico e a obter maior engagement do que o normal, uma vez que muitas pessoas estarão cientes desse fenómeno em específico. Contudo, apesar dos seus benefícios, a janela temporal para que possa ser realizado é bastante curta e, por isso, é importante que o conteúdo seja partilhado antes que se torne irrelevante. Não obstante, tendo em conta que muitas das vezes as marcas recorrem ao humor para exercer este tipo de práticas existe uma maior probabilidade de atingir o tom errado e o conteúdo ser mal interpretado, causando sérios danos na reputação da empresa. Apesar dos utilizadores verem com bons olhos este tipo de intervenções, do meu ponto de vista, estas devem ser doseadas e estrategicamente pensadas de modo a não produzir resultados inversos e causar aos seguidores a sensação de que a marca está desesperada.
E tu? Qual é a tua opinião acerca da mais recente aquisição do homem mais rico do mundo? Qual achas que será o futuro da rede social Twitter? E sobre as marcas se aproveitarem de assuntos mediáticos para obterem maiores interações com os seus seguidores? Deixa o teu comentário.
Fontes:
Elon Musk fecha acordo de 44 mil milhões de dólares pelo Twitter (eco.sapo.pt)
Elon Musk e Twitter: o que acontece agora? (forbes.com.br)
Twitter employees have spent years trying to make the platform safer. (time.com)
What is reactive marketing? And wich brands do it well? (econsultancy.com)
Eu penso que a aquisição do Twitter pelo Elon Musk pode tornar a rede social muito pior ou muito melhor.
ResponderEliminarPode se tornar muito pior dado o histórico de Elon Musk com a Tesla, por exemplo: a Tesla pressionou funcionários demitidos a assinar acordos de não depreciação sem datas de término e cláusulas de arbitragem que os impedem de levar a empresa a tribunal. Os funcionários da Tesla acusaram a empresa de discriminação racista, assédio sexual e retaliação por levantar questões de segurança. O próprio Musk também tem um padrão de tentar controlar o que jornalistas, comentadores e até clientes dizem sobre ele e sobre os seus negócios.
Ou seja, o Twitter como rede social pode-se tornar num ambiente ainda mais hóstil para muitos usuários, mulheres e minorias em particular, como em 2016 antes da empresa ter reforçado as suas políticas de moderação de conteúdo.
Ou, por outro lado, pode efetivamente tornar-se melhor, já que de facto a maior parte da administração da empresa não usa o serviço. Tendo como CEO, alguém que é um utilizador ativo da rede social e que gosta de a usar, pode de facto trazer importantes melhorias e inovações.
Depois desta aquisição não se sabe se o Twitter vai melhorar ou piorar, a única coisa que podemos ter a certeza é que não vai ficar igual!