domingo, 23 de março de 2025

O fenómeno do “MercaTinder”

Tudo começou quando a atriz espanhola Vivy Lin descobriu, através do programa britânico “First Dates”, que se utilizavam os supermercados Mercadona para encontrar o amor. Foi então que decidiu perguntar ao Google “Qual a melhor hora para seduzir no Mercadona?” e obteve a resposta de que entre as 19 e as 20 horas seria o timing ideal. Decidiu então filmar e partilhar nas suas redes sociais a descoberta e a sua própria experiência. O vídeo viralizou e surgiu o fenómeno “MercaTinder”.

As regras do “MercaTinder” são simples: se estivermos disponíveis, colocamos no carrinho um ananás ao contrário e dirigimo-nos ao corredor dos vinhos; se ao ananás juntarmos doces, então a nossa intenção é obter algo casual; se juntarmos legumes, pretendemos uma relação séria. Se encontrarmos alguém disponível e que seja do nosso interesse, só temos de chocar “acidentalmente” e iniciar uma conversa.

O fenómeno ficou de tal maneira viral, que rapidamente milhares e milhares de utilizadores publicaram nas suas redes sociais as suas experiências entre as 19 e as 20 horas nos diversos Mercadonas espalhados pelas mais diversas cidades.

Quem saiu a ganhar?

Se os embates acidentais nos diversos corredores foram efetivamente eficazes na criação de novos casais ou relações interpessoais, não sabemos. O que sabemos é o que esta cadeia de supermercados ficou nas bocas do mundo durante um vasto período de tempo sem ter de realizar gigantes investimentos em promoção e publicidade. Apenas teve de aproveitar e ampliar os conteúdos desenvolvidos pelos seus consumidores de forma voluntária, criando nestes uma sensação de comunidade e de proximidade com a marca.

Claro está que as equipas de marketing de outras empresas tentaram utilizar este hype a seu favor, publicando conteúdo humorístico que seguiam a ideia base de todo o movimento: “Qual a melhor hora para encontrar o amor, onde e como?”. Estas estratégias surgem numa tentativa de “roubar” holofotes de atenção para as suas próprias marcas, mas continuaram a beneficiar e estimular o buzz em torno da Mercadona.

Assim, surgem diversos posts de outras marcas em torno deste tema, como são exemplo o Lidl, Leroy Merlin e até a da Polícia de Segurança Publica:





Este caso exemplifica de forma clara como, cada vez mais, não é através de grandes investimentos em campanhas publicitárias que as marcas se destacam junto do público. É através do uso do potencial dos próprios consumidores que cada vez mais gostam de controlar, interagir e estar por dentro do que é o produto que consomem, que as marcas conseguem captar a sua atenção.


Fontes

https://www.instagram.com/lidlportugal/
https://www.instagram.com/leroymerlinpt/?utm_source=ig_embed
https://www.instagram.com/policiasegurancapublica/
https://www.tiktok.com/@yosoyvivylin
https://www.linkedin.com/pulse/como-um-anan%C3%A1s-transformou-o-mercadona-numa-love-do-e-cerca-miguel-f83pf/
https://www.nit.pt/comida/gourmet-e-vinhos/mercatinder-sabe-o-que-significa-realmente-um-ananas-virado-ao-contrario-no-sexo
https://vascomarques.academy/blog/fenomeno-ananas-mercadona-estrategia-acaso/?srsltid=AfmBOopCElm02m1d_JzbrUYwLdsEPTtt2O2055KbVmIp-klgiH61wv7S
https://marketeer.sapo.pt/ja-foi-ao-mercadona-virar-um-ananas-de-pernas-para-o-ar-agiu-de-acordo-com-uma-estrategia-de-marketing-perfeita/

2 comentários:

  1. Ótima escolha de tema, Helena! Este artigo traz à tona uma reflexão muito interessante, sobre como o comportamento dos consumidores pode ser moldado por fenómenos virais nas redes sociais.
    A forma como a Mercadona soube capitalizar a situação, sem investimentos diretos em campanhas publicitárias, é uma excelente demonstração do poder do marketing orgânico e do impacto que o marketing de boca a boca (ou neste caso, o "marketing de ananás") pode ter.
    No entanto, um ponto interessante a refletir seria: até que ponto esse fenómeno pode ser sustentável ou repetível em outros contextos. Será que a estratégia de criar uma comunidade em torno de um simples gesto pode expandir-se para outras marcas ou setores?

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  2. Alô Helena! Este post é simplesmente genial! Nunca me passou pela cabeça que um simples ananás virado do avesso pudesse ter tanto significado... Entre vinhos, doces e legumes, o Mercadona transformou-se no cupido moderno do amor sem gastar um único tostão! Isto prova de que o marketing mais poderoso é aquele que nasce do próprio público.

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