quinta-feira, 11 de março de 2021

Burger King: boa intenção, má execução

No dia 8 de março, celebrou-se o Dia Internacional da Mulher e o Burger King fez questão de assinalar a data. No entanto, a ideia que parecia ter uma boa intenção acabou por ter o efeito contrário ao que era desejado.

A marca fez a seguinte publicação no Twitter: “As mulheres pertencem à cozinha”. A frase era o início de uma sequência de tweets onde explicava o contexto: “Se quiserem, claro.”, seguido de um texto onde expunha que apenas 20% dos chefes de cozinha são mulheres. A iniciativa da cadeia de fast food tinha como objetivo anunciar um programa da empresa cujo intuito é promover a igualdade de género na restauração.

O Burger King acabou por apagar o tweet e pedir desculpa porque não queria ter dado espaço a comentários abusivos na sequência da publicação.

À partida, a estratégia de causar o choque inicialmente e depois desmistificar e chamar a atenção para a mensagem seria boa. No entanto, dividiu os utilizadores da rede social. Enquanto uns acharam genial, outros consideraram inadmissível.

O motivo principal para esta situação, a meu ver, poderá estar relacionado com a forma como a publicação foi feita. Ou seja, como o conteúdo estava dividido em vários tweets, facilmente qualquer pessoa poderia tirar a frase provocadora do contexto e passar uma má imagem da marca, desvirtuando totalmente a mensagem que a empresa queria promover. Uma boa mensagem com boas intenções acabou por ser mal executada e ter o efeito oposto. 

Terá sido uma ideia de génio ou uma aposta arriscada? Vale tudo para gerar partilhas e feedback? Apagar e pedir desculpa foi a melhor opção?

4 comentários:

  1. Olá Rodrigo! De facto não era intenção desta campanha criar um conteúdo machista, antes pelo contrário. No entanto, as empresas necessitam de estar conscientes das repercussões que as suas palavras podem vir a ter. Uma vez que vivemos numa época marcada pela interatividade entre as marcas e os consumidores, as marcas têm de estar conscientes de que já não controlam o que é dito sobre elas e, por isso, há certas afirmações que podem ser entendidas como inapropriadas. Neste caso, o risco que correram ao decidir dividir o conteúdo da campanha em vários tweets era desnecessário. Esta má aposta levou apenas a uma mancha na sua reputação e não há captação da mensagem principal.

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  2. Olá Rodrigo! Um grande exemplo de como a audiência tem um papel cada vez mais interventivo...e não perdoa! Com o digital, os utilizadores têm mais poder nas suas mãos, e "forçaram" mesmo a marca a apagar o tweet e pedir desculpa. Eventualmente, a mensagem foi intencionalmente provocatória de forma a gerar comentários e engagement...mas alguns utilizadores não perceberam o "sentido de humor" algo enviesado da Burguer King...

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  3. Este post vai totalmente ao encontro dos tópicos abordados na última aula. Por muito que a intenção da marca seja boa, a comunicação feita através de choque é sempre muito arriscada e tem que ser bem feita. Lembro-me perfeitamente de estar a ler os comentários a esse post e haver imensos tweets com cariz de ódio e a insultar a marca sem qualquer limite. Concordo totalmente que o facto de o tweet ter uma thread levou a más interpretações e, no final, quem “perdeu” talvez tenha sido o Burguer King com o tweet que foi apagado. Ainda assim, acho que é um pouco complicado saber as repercussões desta campanha para o Burger King. Tal como disseste: “Uma boa mensagem com boas intenções acabou por ser mal executada e ter o efeito oposto”.

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  4. Olá, Rodrigo! Tal como já foi dito, acredito que a marca pretendia chamar a atenção. Se conseguiram? Claramente, mas da pior forma possível! O meu primeiro pensamento após ler o tweet foi "eu não acabei de ler isto!". Achei estranho uma marca internacional querer denegrir-se dessa forma, especialmente, no dia que foi e perante a geração revolucionária que existe. Por curiosidade, fui ler o seguimento e fiquei admirada: "mas que estratégia tão mal pensada!".
    Como a Professora disse (e bem!) os internautas não perdoam, muito menos agora, que utilizam as redes socais para darem voz e apoiarem causas. As gerações millennials e Z lutam cada vez mais por aquilo que acreditam, mesmo que não lhes afete diretamente, porque vivemos em sociedade e todos merecemos os mesmos direitos - a igualdade é transversal a imensos conceitos (...) .
    Esperava-se que o tweet fosse polémico, mas seria de esperar que iriam perderem o controlo da situação. Não perderam apenas o controlo, porque acredito que perderam o respeito de muitos consumidores que não se querem associar a uma marca com "tendências machistas"; nestas situações, um pedido de desculpas são palavras vazias.
    Tal como a colega Sofia disse, é preciso ter muito cuidado com as palavras que usamos. Elas podem passar de nossas melhores amigas às piores inimigas! O Burguer King comunicou a ideia, mas quem decide se é boa ou má são os internautas. Eles claramente decidiram rápido - percebemos quem tem mais poder nesta nova sociedade.

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