As sociedades são cada vez mais multiétnicas, multiculturais e multirreligiosas. António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, afirma que uma estratégia de diversidade e inclusão poderá ter uma crescente importância dentro das organizações. Este contexto é positivo, transformando a diversidade numa força organizacional.
Depois de alguma pesquisa consigo
dizer que a implementação de uma estratégia que visa a diversidade e inclusão é
reconhecida como um catalisador do crescimento empresarial, gerando resultados
positivos nos fatores produtivos e financeiros.
A Victoria’s Secret, também
conhecida por VS, marca de lingerie e produtos de beleza fundada em 1977, atua
no mercado da moda como uma das melhores do mundo e uma das mais acarinhadas na
passarela há mais de 20 anos.
É de esperar que uma marca que
trabalha com mulheres e para as mulheres, se reinvente e se adapte às mudanças
da sociedade. Mas será que a VS fez isso a tempo e bem?
Na mais forte e melhor estratégia
de marketing que a VS alguma vez teve estavam as aclamadas e famosas Angels, grupo
de supermodelos que desfilaram durante anos a fio na passarela de um desfile de
moda, o VS Fashion Show, muitas vezes dito a Super Bowl da lingerie. Entre
elas, a portuguesa Sara Sampaio.
A empresa falha ao se adaptar às tendências
e mudanças sociais. Em 2018, enfrentam críticas do movimento #MeToo, dado a falta
de diversidade corporal, tons de pele e pela hipersexualização de modelos. Isto
resultou em 41% de queda nas ações e em 30 lojas fechadas. Em 2019, com o criador das
Angels demitido, a empresa é levada a adotar uma abordagem mais inclusiva.
Assim, as Angels foram
abandonadas silenciosamente em 2019, depois de 24 anos de história, visando o
rebranding da marca. Em 2021, a VS inclui atletas, ativistas e atores como os
novos porta-vozes da empresa. E, tudo isto, foi um processo muito gradual.
Representar diferentes corpos é mostrar às mulheres que não precisam de encaixar nos padrões irreais que antes viam nas
modelos, é fazer com que mulheres se sintam acolhidas e que vejam os seus corpos bem representados nas lojas da VS.
Em 2023 é anunciado o retorno do
VS Fashion Show, desta vez com o nome “Victoria’s Secret: The Tour” e em forma
de documentário. Esta nova forma de desfile surge com uma dinâmica muito
diferente da anterior e pretende assinalar o reposicionamento da marca, sem
passarela e sem as típicas asas das Angels.
A verdade é que o sucesso deste
novo formato de marketing da VS não foi tão grande como o das Angels. Qual a razão
para a falta de sucesso? Será que este rebranding foi contra a identidade da
marca? O feedback negativo foi aquele que sobressaiu nas redes sociais.
Este rebranding poderia resultar
em uma nova identidade de marca, mas que mantivesse os elementos-chave da marca
original, como a sensualidade e a moda íntima, ainda assim alinhados com os
valores atuais.
Acredito que este insucesso em
nada se deveu à diversidade de mulheres em si, mas sim como foi criada uma distância
tão grande entre o formato do amado (por tantos anos) antigo desfile e esta
nova versão. A alteração dos desfiles foi mal recebida e o público
mostrou querer as Angels de volta.
Como defensora dos valores de
diversidade e inclusão e como fã dos antigos desfiles das Angels, acredito que
a marca se teria saído muito melhor se tivesse mantido a mesma exata dinâmica
dos antigos desfiles, mas com Angels diversas.
Apesar do sucesso da VS na
criação produtos para mais segmentos - iniciada em 2019, não se pode dizer que
a sua maior estratégia de marketing (o desfile) tenha tido esse mesmo sucesso,
em 2023.
Qual acham que seria a saída para
este problema? Perdeu a VS a identidade da sua marca? Seriam as Angels a maior
fonte de identidade da marca?
Fontes:
https://nypost.com/2021/06/21/the-rise-and-fall-of-the-victorias-secrets-angels-models/
https://www.eviemagazine.com/post/gen-z-hated-victorias-secret-the-tour-23