A Economia
Digital tem já um papel muito importante nos principais mercados de destino das
exportações portuguesas e apresenta-se já como uma tendência incontornável a
nível mundial.
Neste seguimento,
as empresas portuguesas precisam de despertar, por forma a “apanhar o comboio”
da digitalização da economia e tirar proveito das muitas oportunidades que a
Economia Digital e, em particular, o Comércio Eletrónico lhes proporcionam. Nos
dias de hoje, o preço de não o fazer pode ser muito caro e pode colocar em
causa a sua própria sustentabilidade.
Assim, as
empresas precisam de vencer um conjunto de desafios, quer de contexto (que lhes
são externos), quer a nível interno ao seu próprio ambiente.
Desafios externos
As empresas
portuguesas que pretendam apostar no Comércio Eletrónico deparam-se com
desafios significativos a nível externos, nomeadamente:
- Financiamento – A
aposta em mercados externos, via Comércio Eletrónico, envolve investimentos significativos a vários níveis: tecnologia, marketing, logística, para além da produção tradicional dos produtos. Definir um plano de negócios com
atratividade para alcançar financiamento (quer dos próprios acionistas, quer de
entidades públicas como o Portugal 2020 ou Horizon 2020, quer ainda de
investidores privados), constitui um dos maiores desafios para empresas que
queiram uma posição forte na Economia Digital.
No
último concurso ao Sistema de Incentivos à Internacionalização das PME de 2018,
(
aviso 27SI2018) eram alvo de uma majoração de 10% no mérito
final do projeto as empresas que demonstrassem investimentos em desenvolvimento
de plataformas e-commerce e investimentos assentes na transformação digital dos
seus processos internos.
Após a análise das
candidaturas, tendo como ponto de referência a região Norte, cerca de 152
empresas nortenhas candidataram-se a este apoio do P2020, tendo apenas 90 delas
visto o seu projeto aprovado, com um referencial de mérito a situar-se no 4,42
(numa escala de 1 a 5). Dado o panorama desabitual de 40% das candidaturas
apresentarem um parecer desfavorável e um referencial de mérito acima dos 4,
faz acreditar que as empresas que apresentaram uma estratégia digital bem
definida, com previsões de exportações assentes no comércio electrónico
absorveram grande parte dos fundos, dado o objetivo de direcionar as PMEs
portuguesas para a digitalização, deixando todas as outras empresas que não
definiram uma estratégia digital para os próximos dois anos sem qualquer apoio no âmbito da tipologia de incentivo à Internacionalização.
- Dimensão do
mercado – O mercado nacional tem uma dimensão muito diminuta, pelo que as empresas que pretendam uma posição sólida na Economia Digital têm de apostar em mercados externos. Só assim poderão ganhar
competitividade face a outras empresas que rapidamente invadem o mercado
nacional;
- Notoriedade – A notoriedade
da marca constitui um aspeto fundamental para uma empresa se posicionar no
Comércio Eletrónico. Os consumidores dirigem-se e compram em sites de marcas
que conhecem e nas quais confiam. Trata-se de um enorme desafio para empresas
portuguesas que se queiram posicionar na Economia Digital e nos mercados
externos;
- Confiança, segurança e legislação – A confiança dos
consumidores, além de se focar na marca, depende
de diversos fatores externos como sejam a segurança
da internet, dos sistemas de pagamento, dos serviços
de entrega, da regulamentação/legislação, entre outros aspetos;
- Concorrência – A Economia Digital está
sujeita a um enorme nível de concorrência, em diversos setores de atividade,
nomeadamente com existência de empresas com atuação global em vários dos
mercados privilegiados para as exportações portuguesas;
- Contexto de cada mercado e parceiros locais – Apesar da possibilidade de atuar em vários
mercados em simultâneo, o Comércio
Eletrónico não
pode ignorar as especificidades de cada mercado, sendo necessário conjugar uma
atuação personalizada, na qual o recurso a parceiros locais pode ter um papel
decisivo.
Desafios internos
Para que as empresas
ambicionem alcançar um posicionamento na Economia Digital, com visibilidade e
alguma dimensão em vários mercados, precisam, antes de mais, de gerir alguns
desafios internos, nomeadamente os associados ao estabelecimento de uma visão e
à adoção de tecnologias, passando por vertentes fundamentais como as pessoas e
os processos.
As empresas
portuguesas que pretendam apostar no Comércio Eletrónico, precisam antes de
mais de ter uma visão clara, o que envolve aspetos como a definição de uma estratégia, devidamente
alicerçada na situação
e capacidades da empresa, assim como na situação do mercado, constitui a base para
abraçar a Economia Digital. Para além disso, as empresas da Economia Digital
devem possuir uma equipa à altura dos desafios e definir e operacionalizar
(novos) processos ajustados às exigências da Economia Digital, constituem
também desafios fundamentais para as empresas, envolvendo, nomeadamente:
- Marketing e gestão
da imagem - A aposta na Economia Digital deve ser acompanhada por processos e
atividades referentes a marketing e à gestão da imagem e da marca;
- Gestão do serviço e dos clientes - Os processos de gestão
de serviço e de clientes são
particularmente relevantes num contexto de Comércio
Eletrónico, devendo proporcionar ao cliente uma
boa experiência de compra e entrega do
produto/serviço.
- “Ensaio” de produtos e serviços e
respetivo ajuste face à procura - No contexto de Comércio Eletrónico, as
empresas devem implementar processos que permitam, de forma continuada, ensaiar
e monitorizar produtos e serviços no mercado e proceder a ajustamentos face à
aceitação que estes venham a ter pelo público alvo;
- Gestão dos
sistemas de informação - Os sistemas de informação devem estar no centro da
estratégia da empresa, adotando as melhores práticas ao nível da segurança, da
escalabilidade e da robustez, mas sobretudo oferecendo a agilidade que o
negócio necessita e a atratividade e facilidade para os clientes;
- Produção - A
abordagem, assim como os processos de produção,
têm de ser concebidos por forma a responder
com a agilidade, competitividade e escala que o Comércio
Eletrónico pode exigir;
- Armazenamento e distribuição
- Os modelos e processos de armazenamento e distribuição dos produtos têm de
ser concebidos por forma a responder à estratégia de negócio, garantido a
agilidade, a competitividade, escala e o acesso aos mercados alvo.
A tecnologia e
os sistemas de informação são os pilares que viabilizam e suportam a Economia
Digital, sendo, a este nível, importante ter em conta o seguinte:
- Segurança e Pagamentos
- Os sistemas e meios de pagamento são críticos para o sucesso do Comércio
Eletrónico, envolvendo grande exigência
tecnológica e de serviços, com eventual necessidade de personalização para
determinados mercados;
- Arquitetura - A arquitetura dos sistemas de
informação é um
dos aspetos críticos para o sucesso de uma
abordagem na Economia Digital. Opções a ter em conta passam por recurso a
cloud, utilização de tecnologia móvel, adoção de interfaces (webservices), plataformas
configuráveis, etc.;
- Integração - Uma
abordagem de Comércio Eletrónico
envolve a participação num ecossistema composto por
várias entidades, desde fornecedores, investidores, distribuidores, clientes,
etc. A articulação e relação entre todas estas entidades e processos é
suportada em sistemas de informação, nos quais a integração é crucial. Em
particular, a integração com fornecedores e distribuidores constitui um aspeto
fundamental;
- Analytics e Business Intelligence - A gestão do negócio na Economia Digital envolve
uma análise do comportamento do mercado – clientes – e a
identificação de modas ou tendências que podem condicionar, por exemplo, a adaptação ou
lançamento de novos produtos ou serviços. Para tal, é imperativo o recurso a
sistemas de Analytics e Business Intelligence.
Por forma a
ajudar a elucidação das empresas para a problemática da Economia Digital, a
AICEP promove, o programa
Exportar Online que visa contribuir para uma
internacionalização digital de sucesso das empresas portuguesas, através da
sensibilização, capacitação e consultoria às empresas, bem como do apoio na
implementação do plano de internacionalização digital e da sistematização das
fontes de incentivos.
Objetivos do
programa:
- Aumentar exportações e a diversificação de
mercados das empresas portuguesas;
- Aumentar o número de empresas que utilizam o
comércio eletrónico como ferramenta de internacionalização;
- Aumentar o conhecimento das empresas sobre o
comércio eletrónico;
- Aumentar visibilidade da oferta portuguesa nos
canais online.
Destinatários do
programa: Preferencialmente PME exportadoras empenhadas no
desenho e implementação da sua estratégia de internacionalização digital.
Para apoiar as empresas na internacionalização
online, a AICEP disponibiliza diversos serviços, tais como:
A
Academia Internacionalizar AICEP constitui uma aproximação real da Universidade
ao meio empresarial, promovendo a realização de Programas de Formação Avançada (E-commerce Advance) que dotam as empresas de ferramentas teóricas e práticas para o
desenvolvimento de uma internacionalização de sucesso, reforçando a sua
competência para a abordagem a novos mercados.
O
E-commerce Advance resulta de uma parceria entre a AICEP Portugal Global e a
UMINHOEXEC – Executive Business Education, e destina-se fundamentalmente a
empresas que pretendam melhorar a sua estratégia comercial nos mercados
digitais, com vista a elevar as suas vendas e internacionalizar a sua base de
clientes.
O programa, com
uma forte componente de hands on learning, destina-se ao desenvolvimento de um
projeto de internacionalização digital da empresa e inclui seminários,
workshops de projeto, apresentação de casos, espaços de networking e de
partilha de experiências.
“Menos
de 20% de PMEs tem site e menos de 10% vende on-line
60%
das empresas portuguesas não tem presença online”
Será
que, com estes incentivos e apoios disponibilizados, as empresas portuguesas conseguirão alcançar uma melhor performance no que concerne à sua presença digital?