terça-feira, 30 de abril de 2019

Coachella: Muito mais do que um festival de música

Na sua primeira edição, em 1999, o Coachella Valley Music and Arts Festival, ou simplesmente Coachella como é conhecido, era visto unicamente como um festival de música alternativa, rock, hip hop e eletrónica, e arte. Porém com o passar dos anos, o festival tornou-se também um local para "ver e ser visto", marcado pelo estilo hippie - desde as coroas de flores ou longas tranças, às famosas botas taxanas e não esquecendo as peças de roupa, com mistura de padrões ou monocromáticas, que têm que ser o mais apropriadas para aguentar as elevadas temperaturas que se fazem sentir no recinto. O facto de juntar as últimas tendências de moda com os artistas e famosos mais seguidos em todo o Mundo, faz com que o festival seja visto como uma passerelle, servindo de inspiração para os festivais que se realizam até ao longo do ano.


As modelos da Victoria Secret's são umas das caras que marcam presença todos os anos no festival.



Os preços do festival, que podem ir dos 370€ aos 5 mil (apenas entrada, por cada fim-de-semana), fazem com que este seja um evento premium e ao alcance de poucos. Porém, durante dois fim-de-semanas, os olhos do Mundo estão postos no festival, e tudo graças às redes sociais de quem marcou presença e registou todos os acontecimentos. Foi, desta forma, que o festival se tornou num mundo de oportunidades para as mais diferentes marcas, através da criação de momentos intencionais.

Apesar de ser um evento destinado aos Millennials, todas as marcas encontram oportunidades de aumentar a sua notoriedade e vendas, bem como fidelizar clientes.
Por um lado, temos as marcas já conhecidas por esta geração, como marcas de maquilhagem e de desporto, que aproveitam o evento mais "instagramável" do ano para fortalecer a relação com os seus consumidores.
A marca de maquilhagem NYX Professional MakeUp, é um bom exemplo da ligação das marcas com o evento. De forma a celebrar o seu primeiro ano como patrocinadora da 20ª edição do festival, a marca lançou uma linha de maquilhagem inspirada no mesmo, a Glitter Goals. Para além disso, realizou uma série de ativações da marca, nomeadamente convidando pessoas do mundo digital de diferentes países, para que pudessem usufruir de um fim-de-semana do Coachella na "companhia" da NYX. Em Portugal, a escolhida foi a ItGirl e maquilhadora Helena Coelho, que "em troca" do convite, partilhou com os seus seguidores, ao longo de 3 dias, diferentes maquilhagens feitas apenas com produtos da marca.



Por outro lado, também as marcas desconhecidas para os Millennials aproveitam a ocasião para melhorarem esta relação. É o caso da American Express e da Marriott, que através do festival tentam transmitir uma imagem mais moderna e eficiente.


Este ano começaram a surgir notícias de que o festival está a ficar sobrevalorizado e que tem cada vez menos impacto na sociedade digital. Contudo este ano o sucesso foi, ainda, inegável. Resta esperar pela 21ª edição, em 2020, para saber como será o próximo Coachella e qual o impacto que irá ter.

Fontes:
WWD
NIT
COACHELLA
POPSUGAR

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Storytelling - O Caso d'O Boticário

Uma das suas definições diz-nos que storytelling é a capacidade de contar histórias de maneira relevante, usando recursos audiovisuais simultaneamente com palavras, sendo também conhecido como “a arte de contar histórias”. Imaginemos que estamos a ver televisão ou mesmo noutros meios onde há publicidade e estarmos constantemente a ser bombardeados com sugestões para comprar produtos/serviços que, em alguns casos, mais parece que nos querem obrigar a comprar algo. Quem não prefere que estas campanhas publicitárias “obrigatórias” nos toquem e nos provoquem sentimentos em vez de nos chatearem e nos aborrecerem?
Sendo assim, de certeza que já todos assistimos a campanhas publicitárias que nos tocaram no coração ou que até mesmo nos deixaram muito felizes. Um excelente exemplo disto foi a campanha mais viral de sempre da Dove “Dove Real Beauty Sketches”, onde foi praticamente impossível ficar indiferente ou não ficar emocionado com esta, já que a campanha mostrava, resumidamente, que as pessoas se veem mais feias e com mais defeitos que os demais à volta delas, tentando mostrar-lhes que elas se preocupam demasiado com a beleza exterior e que deviam antes preocupar-se mais em aproveitar a vida e fazer as coisas que mais gostam.


Não só a Dove sabe como nos tocar bem no coração, mas também a Coca-Cola sabe como nos fazer verter uma lágrima e, em Portugal, as próprias marcas de telecomunicações apostam muito em tocar no coração das pessoas, especialmente na altura mais sentimental do ano: o Natal.



Numa altura em que a beleza física é cada vez mais importante no nosso dia-a-dia - ao contrário do que o que a Dove tenta demonstrar nas suas campanhas, a realidade é que cada vez mais a juventude feminina se preocupa mais com o aspeto - surge o Boticário. O Boticário é uma marca de cosméticos e perfumes brasileira que está em crescimento e cada vez mais na moda, tendo também aumentado o seu “poder” neste mundo da beleza, sendo mesmo representada por estrelas de váreas áreas.
Por ter um poder cada vez maior no mundo feminino, o Boticário utilizou esse poder para fazer uma campanha bastante emocionante e muito motivadora intitulada “Onde tem amor, tem beleza”. Esta campanha conta a história real de um casal de idade, em que o senhor decidiu fazer um curso de maquilhagem mesmo tendo mais dificuldades que os restantes colegas da turma. Apesar de eles terem mais talento que ele, o seu motivo era mais forte! Era ele que maquilhava a sua mulher já que ela tinha começado a perder a visão e deixou de o poder fazer sozinha e, como tal, ele prometeu-lhe que ia sempre tratar dela para que ela não perdesse a vaidade.
Palavras não descrevem o sentimento desta campanha, mas a mim toucou-me bastante, não sei se pelo facto de ser baseada numa história ou se pela maneira genial como foi usada para promover a marca sem promover o seu produto em específico. É de facto necessário parabenizar o Boticário por esta campanha de marketing espetacular, que apesar de recente, de certeza que se irá tornar viral pela sua linda mensagem, e por usar a sua “voz” para mostrar que, apesar de eles venderem produtos para melhorar a beleza exterior, a beleza interior também é muito importante e é algo muito importante de se preservar.

Fontes: https://www.youtube.com/watch?v=UZ3qOtiIodw

domingo, 21 de abril de 2019

As iniciativas da H&M para atrair a Geração Z

Atualmente, todas as empresas de retalho procuram ter uma forte presença online que lhes permita chegar mais facilmente a um maior número de clientes, aumentar as suas receitas, escoar o seu stock e, até, estudar diferentes estratégias para conseguir ultrapassar a concorrência.

Com a H&M a situação não é diferente. Após um período conturbado de diminuição das margens de lucro e milhões de dólares de inventário não vendido, a H&M está a começar a recuperar o tempo perdido apostando no e-commerce e aproveitando as oportunidades criadas pela digitalização da indústria da moda, de forma atrair a atenção e ir ao encontro das expectativas dos consumidores da Geração Z (Gen Z).

Como vimos nas aulas, esta geração caracteriza-se por estar quase exclusivamente online e desejar ter tudo à distância de um clique. Estes consumidores difíceis de fidelizar, valorizam as marcas que criam valor para eles através de ligações grupais e de conteúdos relevantes. Consciente destas características, a H&M pretende promover novas iniciativas que lhe permitirão competir com a concorrência cada vez mais feroz da indústria de fast-fashion.

Assim, e ciente de que esta geração é composta por consumidores preocupados com o ambiente em questões como a redução do lixo que produzem, da pegada ecológica que deixam no planeta e do uso do plástico, desde 2010, a marca lança, na primavera de cada ano, a sua Conscious Collection, com peças feitas exclusivamente com materiais amigos do ambiente, tais como polyester reciclado, algodão e linho orgânico. É desejo da H&M que, em 2030, todos os materiais utilizados no fabrico das suas peças sejam reciclados ou provenientes de fontes sustentáveis, num esforço para tornar a indústria da moda mais sustentável e acessível aos consumidores de hoje e das gerações futuras.


Também visando aliciar os consumidores da Gen Z, a Other Stories, marca do grupo H&M, está a testar uma parceria para o mercado sueco com a plataforma de venda de roupa em segunda-mão Sellpy. Esta estratégia é uma forma significativa de tornar a venda de roupa numa atividade mais sustentável, aproveitando o aumento das vendas de roupa usada e agradando a estes consumidores.

Mas não é só em sustentabilidade que assenta o investimento que a marca pretende realizar nos próximos anos. A H&M planeia melhorar e atualizar o seu website e app com novas features, elevar a experiência de compra em loja, e continuar a integrar as suas lojas físicas com o online – através da introdução em vários mercados das opções Click & Collect (compra online e pickup offline) e find-in-store, e melhorando o processo de reverse logistics ao possibilitar a devolução de compras online em loja. Para além disso, os consumidores norte-americanos já podem comprar os produtos da marca diretamente no Instagram sem sair da app.


Pretendendo interagir mais de perto com a Gen Z, o grupo H&M está, desde 2018, a desenvolver uma plataforma peer-to-peer chamada “Itsapark” apresentada como um guia de moda em formato de perguntas e respostas, que oferece conselhos úteis e honestos à sua comunidade digital. Nesta plataforma, os utilizadores podem navegar por categoria na secção “Encontrar”, ou fazer perguntas diretamente na página “Discussão”, que são respondidas em fotografia ou vídeo, por criadores selecionados pela “Itsapark”, e acompanhadas por um pequeno texto e lista de produtos recomendados, com ligação direta para as lojas online mencionadas.


Segundo a “Itsapark”, estes criadores são “recompensados” pelo seu trabalho, tal como acontece quando os influencers promovem marcas, mas não recebem qualquer incentivo ou comissão por recomendar alguma marca em particular. As lojas mencionadas podem ser inclusivamente de marcas fora do grupo H&M, sendo a plataforma responsável por direcionar os consumidores diretamente para os websites dessas marcas concorrentes, uma vez que todos os produtos aconselhados são escolhidos por esses criadores de conteúdo. Ainda que qualquer utilizador possa responder às questões com as suas próprias sugestões, o objetivo é que seja um grupo de “content creators” selecionados pela “Itsapark” a fazê-lo.
Acessível mediante registo, a versão beta da plataforma (itsapark.com) foi oficialmente lançada no passado dia 4 de abril, e apresenta já algumas questões respondidas pelos criadores selecionados, como por exemplo “O que devo vestir para uma entrevista de trabalho importante?”.

Compreende-se assim que o objetivo da “Itsapark” é ser um espaço onde a comunidade de utilizadores pode crescer, conectar-se e descobrir coisas novas, solucionando as interrogações da Gen Z. Ainda que o propósito principal não seja vender produtos diretamente, mas sim criar oportunidades para a interação e partilha de conhecimento, a construção de uma comunidade online permite que a H&M desenvolva uma estratégia de co-criação de valor entre os diferentes atores intervenientes - neste caso através da troca de reviews e sugestões sobre diferentes produtos.
A “Itsapark” é uma iniciativa inteligente da H&M, que vai ao encontro do tipo de conteúdo que a Gen Z procura online, e que vai permitir a agregação de imensa informação em constante atualização sobre esses consumidores. Torna-se essencial que a marca capitalize os benefícios que certamente terá ao conseguir aceder, envolver e influenciar mais facilmente esses utilizadores, mantendo a plataforma útil, enriquecedora, divertida e interessante.

Todas estas iniciativas sinalizam a intenção da H&M se tornar uma marca mais sustentável, inovadora e que consegue acompanhar, não só as mudanças tecnológicas do mercado, como também das preferências e comportamentos dos consumidores, o que lhe permitirá competir com os retalhistas que praticam “pure-play ecommerce” e posicionar-se como uma marca relevante para esta nova geração.

Fontes:
Itsapark
H&M
Revista Elle
Evening Standard
Quartzy

sábado, 20 de abril de 2019

Desafios das Empresas Portuguesas na Economia Digital


A Economia Digital tem já um papel muito importante nos principais mercados de destino das exportações portuguesas e apresenta-se já como uma tendência incontornável a nível mundial.
Neste seguimento, as empresas portuguesas precisam de despertar, por forma a “apanhar o comboio” da digitalização da economia e tirar proveito das muitas oportunidades que a Economia Digital e, em particular, o Comércio Eletrónico lhes proporcionam. Nos dias de hoje, o preço de não o fazer pode ser muito caro e pode colocar em causa a sua própria sustentabilidade.
Assim, as empresas precisam de vencer um conjunto de desafios, quer de contexto (que lhes são externos), quer a nível interno ao seu próprio ambiente.

Desafios externos
As empresas portuguesas que pretendam apostar no Comércio Eletrónico deparam-se com desafios significativos a nível externos, nomeadamente:
  • Financiamento – A aposta em mercados externos, via Comércio Eletrónico, envolve investimentos significativos a vários níveis: tecnologia, marketing, logística, para além da produção tradicional dos produtos. Definir um plano de negócios com atratividade para alcançar financiamento (quer dos próprios acionistas, quer de entidades públicas como o Portugal 2020 ou Horizon 2020, quer ainda de investidores privados), constitui um dos maiores desafios para empresas que queiram uma posição forte na Economia Digital.

No último concurso ao Sistema de Incentivos à Internacionalização das PME de 2018, (aviso 27SI2018) eram alvo de uma majoração de 10% no mérito final do projeto as empresas que demonstrassem investimentos em desenvolvimento de plataformas e-commerce e investimentos assentes na transformação digital dos seus processos internos.



Após a análise das candidaturas, tendo como ponto de referência a região Norte, cerca de 152 empresas nortenhas candidataram-se a este apoio do P2020, tendo apenas 90 delas visto o seu projeto aprovado, com um referencial de mérito a situar-se no 4,42 (numa escala de 1 a 5). Dado o panorama desabitual de 40% das candidaturas apresentarem um parecer desfavorável e um referencial de mérito acima dos 4, faz acreditar que as empresas que apresentaram uma estratégia digital bem definida, com previsões de exportações assentes no comércio electrónico absorveram grande parte dos fundos, dado o objetivo de direcionar as PMEs portuguesas para a digitalização, deixando todas as outras empresas que não definiram uma estratégia digital para os próximos dois anos sem qualquer apoio no âmbito da tipologia de incentivo à Internacionalização.
  • Dimensão do mercado O mercado nacional tem uma dimensão muito diminuta, pelo que as empresas que pretendam uma posição sólida na Economia Digital têm de apostar em mercados externos. Só assim poderão ganhar competitividade face a outras empresas que rapidamente invadem o mercado nacional;
  • Notoriedade A notoriedade da marca constitui um aspeto fundamental para uma empresa se posicionar no Comércio Eletrónico. Os consumidores dirigem-se e compram em sites de marcas que conhecem e nas quais confiam. Trata-se de um enorme desafio para empresas portuguesas que se queiram posicionar na Economia Digital e nos mercados externos;
  • Confiança, segurança e legislação A confiança dos consumidores, além de se focar na marca, depende de diversos fatores externos como sejam a segurança da internet, dos sistemas de pagamento, dos serviços de entrega, da regulamentação/legislação, entre outros aspetos;
  • Concorrência A Economia Digital está sujeita a um enorme nível de concorrência, em diversos setores de atividade, nomeadamente com existência de empresas com atuação global em vários dos mercados privilegiados para as exportações portuguesas;
  • Contexto de cada mercado e parceiros locais Apesar da possibilidade de atuar em vários mercados em simultâneo, o Comércio Eletrónico não pode ignorar as especificidades de cada mercado, sendo necessário conjugar uma atuação personalizada, na qual o recurso a parceiros locais pode ter um papel decisivo.
Desafios internos
Para que as empresas ambicionem alcançar um posicionamento na Economia Digital, com visibilidade e alguma dimensão em vários mercados, precisam, antes de mais, de gerir alguns desafios internos, nomeadamente os associados ao estabelecimento de uma visão e à adoção de tecnologias, passando por vertentes fundamentais como as pessoas e os processos.
As empresas portuguesas que pretendam apostar no Comércio Eletrónico, precisam antes de mais de ter uma visão clara, o que envolve aspetos como a definição de uma estratégia, devidamente alicerçada na situação e capacidades da empresa, assim como na situação do mercado, constitui a base para abraçar a Economia Digital. Para além disso, as empresas da Economia Digital devem possuir uma equipa à altura dos desafios e definir e operacionalizar (novos) processos ajustados às exigências da Economia Digital, constituem também desafios fundamentais para as empresas, envolvendo, nomeadamente:
  • Marketing e gestão da imagem - A aposta na Economia Digital deve ser acompanhada por processos e atividades referentes a marketing e à gestão da imagem e da marca;
  • Gestão do serviço e dos clientes - Os processos de gestão de serviço e de clientes são particularmente relevantes num contexto de Comércio Eletrónico, devendo proporcionar ao cliente uma boa experiência de compra e entrega do produto/serviço.
  • Ensaio de produtos e serviços e respetivo ajuste face à procura - No contexto de Comércio Eletrónico, as empresas devem implementar processos que permitam, de forma continuada, ensaiar e monitorizar produtos e serviços no mercado e proceder a ajustamentos face à aceitação que estes venham a ter pelo público alvo;
  • Gestão dos sistemas de informação - Os sistemas de informação devem estar no centro da estratégia da empresa, adotando as melhores práticas ao nível da segurança, da escalabilidade e da robustez, mas sobretudo oferecendo a agilidade que o negócio necessita e a atratividade e facilidade para os clientes;
  • Produção - A abordagem, assim como os processos de produção, têm de ser concebidos por forma a responder com a agilidade, competitividade e escala que o Comércio Eletrónico pode exigir;
  • Armazenamento e distribuição - Os modelos e processos de armazenamento e distribuição dos produtos têm de ser concebidos por forma a responder à estratégia de negócio, garantido a agilidade, a competitividade, escala e o acesso aos mercados alvo.

A tecnologia e os sistemas de informação são os pilares que viabilizam e suportam a Economia Digital, sendo, a este nível, importante ter em conta o seguinte:
  • Segurança e Pagamentos - Os sistemas e meios de pagamento são críticos para o sucesso do Comércio Eletrónico, envolvendo grande exigência tecnológica e de serviços, com eventual necessidade de personalização para determinados mercados;
  • Arquitetura - A arquitetura dos sistemas de informação é um dos aspetos críticos para o sucesso de uma abordagem na Economia Digital. Opções a ter em conta passam por recurso a cloud, utilização de tecnologia móvel, adoção de interfaces (webservices), plataformas configuráveis, etc.;
  • Integração - Uma abordagem de Comércio Eletrónico envolve a participação num ecossistema composto por várias entidades, desde fornecedores, investidores, distribuidores, clientes, etc. A articulação e relação entre todas estas entidades e processos é suportada em sistemas de informação, nos quais a integração é crucial. Em particular, a integração com fornecedores e distribuidores constitui um aspeto fundamental;
  • Analytics e Business Intelligence - A gestão do negócio na Economia Digital envolve uma análise do comportamento do mercado clientes e a identificação de modas ou tendências que podem condicionar, por exemplo, a adaptação ou lançamento de novos produtos ou serviços. Para tal, é imperativo o recurso a sistemas de Analytics e Business Intelligence.

Por forma a ajudar a elucidação das empresas para a problemática da Economia Digital, a AICEP promove, o programa Exportar Online que visa contribuir para uma internacionalização digital de sucesso das empresas portuguesas, através da sensibilização, capacitação e consultoria às empresas, bem como do apoio na implementação do plano de internacionalização digital e da sistematização das fontes de incentivos.


Objetivos do programa:
  • Aumentar exportações e a diversificação de mercados das empresas portuguesas;
  • Aumentar o número de empresas que utilizam o comércio eletrónico como ferramenta de internacionalização;
  • Aumentar o conhecimento das empresas sobre o comércio eletrónico;
  • Aumentar visibilidade da oferta portuguesa nos canais online.

Destinatários do programa: Preferencialmente PME exportadoras empenhadas no desenho e implementação da sua estratégia de internacionalização digital.

Para apoiar as empresas na internacionalização online, a AICEP disponibiliza diversos serviços, tais como:



A Academia Internacionalizar AICEP constitui uma aproximação real da Universidade ao meio empresarial, promovendo a realização de Programas de Formação Avançada (E-commerce Advance) que dotam as empresas de ferramentas teóricas e práticas para o desenvolvimento de uma internacionalização de sucesso, reforçando a sua competência para a abordagem a novos mercados.



O E-commerce Advance resulta de uma parceria entre a AICEP Portugal Global e a UMINHOEXEC – Executive Business Education, e destina-se fundamentalmente a empresas que pretendam melhorar a sua estratégia comercial nos mercados digitais, com vista a elevar as suas vendas e internacionalizar a sua base de clientes.


O programa, com uma forte componente de hands on learning, destina-se ao desenvolvimento de um projeto de internacionalização digital da empresa e inclui seminários, workshops de projeto, apresentação de casos, espaços de networking e de partilha de experiências.


“Menos de 20% de PMEs tem site e menos de 10% vende on-line
60% das empresas portuguesas não tem presença online”





Será que, com estes incentivos e apoios disponibilizados, as empresas portuguesas conseguirão alcançar uma melhor performance no que concerne à sua presença digital?

quinta-feira, 18 de abril de 2019

As resistências ao “plus size”

Cerca de 60% dos portugueses sofre de excesso de peso ou obesidade, foram os dados divulgados pelo Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física. Estarão as marcas a tentar incluir o máximo de consumidores possíveis, modificando as suas campanhas?


Atualmente são cada vez mais as marcas que procuram mostrar que estão a incluir todos os “tipos” de pessoas nas suas campanhas, desfiles e catálogos publicitários, talvez para transmitir que os seus produtos servem e podem ser usados por todos os “tipos” de corpos (os chamados “corpos reais”!). No entanto, todas estas tentativas de inclusão geram discussões e controvérsias, relacionando geralmente essas campanhas com questões de saúde, ficando a marca inevitavelmente associada a essas polémicas. As questões que se coloca são: até que ponto as marcas, ao divulgarem e se associarem a este tipo de campanhas, estão a valorizar a aceitação da pessoa na sociedade? Onde fica a sua saúde? Haverá espaço para pensar nela no meio destas questões?

Este foi um tema já abordado, por exemplo, numa das campanhas da Dove - quando foi publicada uma foto onde eram evidenciadas mulheres de diferentes etnias e “tamanhos”, na Revista Cosmopolitan - quando publicou a sua primeira capa com uma modelo plus size, e, mais recentemente, a marca Gillete Venus lançou um post no Twitter que também gerou polémica em torno deste assunto.

Exemplo Dove:





Exemplo Revista Cosmopolitan:



Exemplo Gillette Venus:






Relativamente ao anúncio partilhado pela Gillete Venus, o mais recente dentro desta temática, os consumidores foram críticos e acusaram a marca de ser irresponsável e estar a promover comportamentos destrutivos. E, embora a marca tenha vindo responder, a onda de discussão continuou. No entanto, e como na maioria dos casos, existem também indivíduos a defender a marca e apoiar este tipo de campanhas.


Todos sabemos que as marcas procuram a cada dia atingir um maior número de seguidores e apostam em campanhas relacionadas com as questões do momento, por serem os temas que à partida irão atrair mais a atenção do consumidor. A cada nova marca que se associa a estas modelos, que já não são apenas na área da moda, mas também noutros setores como os produtos de beleza e higiene, conforme demonstrado, são levantadas automaticamente questões relacionadas com estas temáticas. Os comentários apresentados são idênticos em qualquer outra das restantes situações, sejam as críticas positivas ou negativas, o certo é que este tipo de estratégia de marketing atinge o público gerando sempre reações antagónicas.


Então, com a crescente popularidade das marcas nas redes sociais, e sabendo que todas as reações que cada uma das suas campanhas gera, sejam elas positivas ou negativas, tomam proporções muitas vezes incontroláveis e até não desejáveis, obrigando-as cada vez mais a terem de vir responder e justificar-se, o que as levará a continuarem a optar por este tipo de estratégias de marketing?

E vocês, o que têm a dizer acerca deste tipo de estratégia de marketing?



Fontes:

quarta-feira, 17 de abril de 2019

O caso do marketplace Etsy: quando o marketing de conteúdo é bem aplicado

O site Etsy é um marketplace que oferece produtos vintages e manufaturados e busca seguir a tradição de feira de artesanato abertas, oferecendo aos vendedores "montras pessoais". De acordo com o Wikipedia, o Etsy obteve uma receita de US $ 603 milhões em 2018.

Mas como eles conseguiram consolidar o site e crescer a ponto de competir com a Amazon Handmade e o eBay?

Através de estratégias para marketplace e principalmente através do marketing de conteúdo. Além dos anúncios publicitários, pesquisar o mercado e marcar presença em alguns eventos, eles conseguiram gerar uma audiência de potenciais clientes e converter leads ao ensinar para os "sellers" como vender online.

 
Na prática qual foi a estratégia aplicada?

1- Segmentar o público que queriam alcançar: "pessoas comuns que queriam vender na internet e não sabiam como começar".

2- Oferecer conteúdo para cada etapa desse público. Incluindo palavras-chave no Keyword Planner (assim saberiam quantas pessoas estavam buscando pelo assunto)

3- Oferecer conteúdo específico e pedir para que cada leitor deixasse seu e-mail para receber mais materiais (um bom mailing na base de dados pode ser a alma do negócio).

4- Com esses contatos, o marketplace enviava e-mails com o objetivo de converter o leitor em um seller, ao mostrar os benefícios de disponibilizar produtos para vender no Etsy. Assim, o marketplace estruturou uma base de vendedores.

5- Investir em e-mail marketing: isso ajudava no "engagement" dos usuários com a plataforma, ao disponibilizar novos guias, vídeos, posts de blog, entre outros conteúdos.

Conclusão:
O caso da Etsy prova que, investir em conteúdo de qualidade e estabelecer uma proximidade com a comunidade é a melhor maneira de entregar valor para quem traz a receita.
Em uma entrevista em agosto de 2013, o CEO Chad Dickerson enfatizou a importância da interação humana e do significado da criatividade em relação à sua perspectiva sobre o Etsy. Dickerson descreveu o site como "uma plataforma que dá significado às pessoas, e uma oportunidade para validar sua arte, seu ofício", e depois de passar um tempo com os usuários do Etsy, Dickerson aprendeu que "todo o comércio é sobre interação humana real". Dickerson também forneceu um resumo de Etsy que é um reflexo adicional do ethos baseado na relação e no significado da empresa: "No final de cada transação, você obtém algo real de uma pessoa real. Há uma satisfação existencial em relação a isso."

Fontes:
https://en.wikipedia.org/wiki/Etsy
https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/maiores-marketplaces-se-consolidaram-na-internet/

terça-feira, 16 de abril de 2019

(Des)Industrialização e a Cauda Longa: o exemplo da única fábrica de lápis na Península Ibérica

A Internet, é sabido, veio revolucionar muitas indústrias e alterar drasticamente a forma de fazer negócios. Numa das nossas aulas aprendemos sobre o conceito da "Cauda Longa" e em como a oferta de produtos antes desta revolução tecnológica, era feita por distribuição em meios físicos - exposição em lojas físicas - no qual os consumidores tomavam conhecimento dos produtos, os testavam ou compravam, limitados à geografia da oferta.
Os custos implicados limitavam a oferta e a introdução de novos produtos era rodeada de riscos e custos avultados. Custos esses que podem agora, com as vendas online, ver-se reduzidos, essencialmente, de duas formas diferentes:

i) Desmaterialização: a digitalização dos produtos e a não necessidade de os ter armazenados ou em stock, reduz o custo de produção; os canais online reduzem os custos de distribuição e, por fim, as campanhas online reduzem os custos de comunicação.
ii) Desagregação: produtos que outrora eram vendidos em conjunto, podem agora ser desagregados; o consumidor paga apenas o que quer consumir e, por fim, elimina-se o bundling.

Além disto a Internet, de forma genérica, criou montras virtuais sem limites, com ofertas sem precedentes, abrindo possibilidade a ofertas específicas, personalizadas e limitadas. Esta característica possibilita a sustentação de negócios que, de outra forma, estavam condenados.

A realidade portuguesa  mostra que há ainda um grande percurso a trilhar e as PME's estão a acompanhar lentamente a evolução tecnológica, com muitas delas ainda alheias aos benefícios e vantagens que podem daí advir.
Ora a pertinência de invocar estes pontos da aula surge através de um exemplo que me ocorreu, o de uma empresa portuguesa com história centenária de cariz fortemente industrial que se salvou, pasme-se, com o advento da internet e a descoberta e consequente 'exploração' de nichos de mercado, dando resposta ao long-tail, pouco ou nada merecedor da atenção dos gigantes concorrentes da mesma industria.

A Viarco, situada em São João da Madeira - distrito de Aveiro - é a única fábrica de lápis da Península Ibérica. Fundada em 1907, os seus produtos fazem parte do imaginário de gerações de portugueses, com produtos como este: 

Em 1990 enfrentou tempos muito difíceis e a sua posição no mercado definhou repetidamente daí em diante. Até que em 2011 é adquirida pelo actual proprietário que transforma a empresa e se concentra nos nichos de mercado existentes, criando produtos em parcerias, para dar resposta às necessidades criativas dos artistas, desenvolvendo produtos que sirvam de ferramentas para o seu trabalho, como são exemplo: a Risko e o pencil jacket e a morphe tools:


Além disto decide abandonar a produção em massa de lápis padronizados, por impossibilidade de competir com os gigantes como a Staedtler ou a Faber-Castell, e produzem, ao invés, pequenas quantidades para clientes que procuram um lápis personalizado para a empresa e aos quais os gigantes não dão resposta por não personalizarem pequenas quantidades de produto, exigindo para isso encomendas de grandes quantidades.

A presença na Internet é fundamental e o modelo de negócio tem resultado, salvando a empresa do seu destino trágico que parecia inevitável, através de um novo modelo de negócio - afastado das grandes superfícies comerciais e da venda em grandes bundles-; redução de custos; olhar para o mercado global e, por fim, grande aproximação ao consumidor final (recebem artistas em modalidade de oficina criativa, podendo utilizar os funcionários e infraestruturas da empresa ao seu dispor, para criar novos produtos, dar ideias para melhorar existentes, o que constitui um input extremamente valioso, além de possibilidades ilimitadas de personalização e customização).
Os prémios internacionais têm-se sucedido e o reconhecimento aumentado. A empresa tem hoje um modelo de negócio de sucesso e faz parte do programa do roteiro de Turismo Industrial.

Quando a única saída é um pedido de desculpa


o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos duma criança.

Os versos de Manuel Freire ganharam, com o aparecimento do digital e da internet, um novo significado (ou, pelo menos, uma maior velocidade no avanço do mundo). Tudo é imediato – as campanhas, as reações dos consumidores e as respostas das marcas; mas, enquanto tudo surge com uma velocidade alucinante e é efémero, nada pode ser definitivamente apagado e, por isso, nada é facilmente esquecido.

A necessidade e a pressão de criar algo “out of the box” tem potenciado os níveis de criatividade e levado as marcas a apostar em campanhas cada vez mais ousadas, quando comparadas com as apostas sólidas, seguras e pouco arriscadas do passado.

As novas estratégias de marketing promovem, muitas vezes, polémicas, de forma a destacarem-se e levando os consumidores e os meios de comunicação social a dar maior importância a uma determinada campanha, o que nem sempre se reflete num destaque maior do produto ou da marca. Ora, ainda que muitas vezes resultem em campanhas brilhantes e com enorme aceitação do público, por vezes, as marcas vêem-se obrigadas a retirar as campanhas e um pedido de desculpa é a única saída.


Em 2011, a Benetton, através da Fundação Unhate, criou uma campanha cujo propósito passava “exclusivamente por combater a cultura de ódio em todas as formas” e que consistia na divulgação de montagens fotográficas com líderes políticos e religiosos a beijarem-se. No entanto, em menos de 24 horas e sob ameaça do Vaticano, a marca viu-se obrigadaa retirar as fotografias que incluíam o Papa Bento XVI.



Em 2017, a Dove optou por retirar uma campanha que estava a ser alvo de enormes críticas por parte dos consumidores, que associaram a marca ao racismo. A marca demarcou-se e pediu desculpa.



Em 2018, a Dolce & Gabbana, depois de lançar uma campanha intitulada “Eating With Chopsticks” para promover o Shangai Fashion Show, cancelou a campanha e o desfile, já que a comunidade chinesa tinha interpretado as ações da marca como um insulto à sua cultura. A marca imitiu um comunicado em que afirmava: “Ao longo dos últimos dias, pensámos com muito arrependimento naquilo que nos aconteceu, naquilo que fizemos ao vosso país e pedimos desculpa. As nossas famílias ensinaram-nos sempre a respeitar as várias culturas de todo o mundo e, por isso, queremos pedir desculpa caso tenhamos cometido erros a interpretar a vossa cultura”.



Mais recentemente, foi a Burger King que, a propósito do lançamento do hambúrguer Vietnamese Sweet Chilli Tendercrisp na Nova Zelândia, teve de pedir desculpa e eliminar um vídeo que mostrava algumas pessoas a tentar comer um hambúrguer com a ajuda de pauzinhos.


Fontes

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Winter is Coming

A última temporada da série Game of Thrones (GoT) acaba de estrear e já promete tornar-se no maior evento televisivo de 2019. No ar desde 2011, a série - uma das mais pirateadas de sempre - tem batido sucessivos recordes de audiência, muito por via de um excelente storytelling e de todo o hype provocado, sobretudo online, já que praticamente qualquer conteúdo partilhado se torna viral.


Os trailers têm particular impacto, sendo que o teaser da oitava e última temporada bateu todos os recordes, com mais de 81 milhões de visualizações no YouTube, Facebook e Twitter nas 24h que se seguiram ao seu lançamento. Nestas duas últimas redes sociais, a série atinge em média 2,56 milhões de interações por episódio. Todas as publicações têm respostas e partilhas na casa dos milhares. A série cria também muitos testes de trivia e quizzes baseados na história, cujos resultados podem posteriormente ser partilhados pelos utilizadores. Existe uma quantidade astronómica de contas de Facebook, Twitter, Instagram, fóruns e blogs dedicados a praticamente a tudo o que for possível imaginar relacionado com a série. A diversidade de páginas e o elevado número de seguidores são impulsionados pela pertença à tribo GoT. O público quer estar perto da série, obter mais conteúdo, estar a par das últimas novidades e discutir aquilo que acontece na história. Há uma relação de interação com o programa e com outros fãs da série, seja online ou offline. Em alguns círculos, é imperativo ver os episódios mal saem para estar atualizado, e mesmo no decorrer do episódio, estão constantemente a ser partilhados conteúdos e opiniões. Há mesmo quem recorra a algoritmos e machine learning para calcular a probabilidade de sobrevivência ou morte das personagens da série nesta última temporada.


Como tal, não é de estranhar que muitas marcas se posicionem de forma a aproveitar o sucesso da série para se promoverem...até mesmo a Marinha portuguesa! Seguem alguns exemplos partilhados pela página Game of Thrones (Portugal) no Facebook. Se houvesse publicidade em Westeros, seria algo assim... Enjoy e boa Páscoa para todos!






Fontes:
https://www.facebook.com/Game.O.Thrones.Portugal/