sexta-feira, 24 de abril de 2015

Uma rede viciosa?

Temos vindo a apontar os inúmeros conceitos que a inovação tecnológica proporcionou, nomeadamente novos paradigmas na comunicação, UGC, proatividade e interatividade, massificação da personalização, marketeers e geração net, desintermediação, entre muitos outros. No entanto, não nos podemos esquecer que com isso também surgiram conceitos como dependência e adaptabilidade.
Deste modo, Ivone Patrão, doutorada em psicologia aplicada e docente do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida realizou um estudo sobre Jovens e o Uso Problemático da Internet (UPI): A relação com a ansiedade, depressão e stress, onde foram inquiridos 645 jovens do ensino básico.
Assim, este estudo determinou que existe uma "relação significativa" entre o UPI e a ansiedade, depressão e stress nos jovens. Esta afirmação foi suportada pelo facto de 10% da amostra inquirida apresentar UPI, no qual 40% assume dependência de estar always on. Além disso, também foi apurada uma relação entre este uso da internet e o bem-estar.



Ora, apesar de esta percentagem à partida não ser preocupante, Ivone é uma investigadora que tem contacto diário com o fenómeno de dependência dos jovens face à internet. Por conseguinte, reconheceu que esta situação não só está a aumentar como o UPI é "uma patologia", onde já existem “tratamentos" para o combater.

Fatores como a irritabilidade quando são privados de jogar, sobretudo a uma determinada hora em que outros colegas também estão a jogar, foram determinantes para a análise. Contudo, o problema não consiste apenas no facto de não puderem estar on-line quando querem e à hora que querem (que como vimos é uma característica da comunicação atual mais concretamente da geração net - YES WE CAN). Como tal, também se verificou que há adolescentes deprimidos em que a internet funciona como um refúgio assim como ausência de atividades que envolvem o contacto com outras pessoas. Portanto, isto vem confirmar que estamos numa geração que apesar dos diversos atributos de que beneficiam, como por exemplo usufruir de ambientes fortemente visuais e tecnologicamente evoluídos, desde cedo apresenta elevada dependência deste sistema global de redes.
Logo, isto demonstra que o estado de dependência é de tal maneira elevado que as novas gerações associam o seu bem-estar à utilização desta rede, o que poderá ter sérias repercussões na socialização e desenvolvimento do público juvenil.

Tem-se vindo a debater se os consumidores ficaram mais ou menos poderosos com a evolução tecnológica. E, pelo que já vimos, de certo modo possuem mais poder visto que o seu comportamento tem muito peso no modo como as marcas atuam e na sua performance. Mas, apesar de atualmente serem chamados de “ consumidores livres” vêm-se limitados, o que por sua vez condiciona essa liberdade.

"É contraditório, mas compreensível, dado a faixa etária e as tarefas comuns na adolescência (…) conseguem estar conetados ao grupo de pares e sentirem que pertencem ao grupo, ainda que a via seja o on-line. Até jogar os jogos on-line dá a perceção de pertencer a um grupo, apesar de haver pouca comunicação entre eles, pois o tema é só o jogo.
Atendo todos os dias jovens e famílias que chegam por vários motivos, como alterações no comportamento dos filhos, faltas às aulas, tempos livres totalmente ocupados com o computador (…) Começamos a ver que não têm amigos, não têm rede -- além da on-line - e isso vai pô-los em risco”.


Como tal, identificam-se com estes jovens?

5 comentários:

  1. Olá Ana! Já leu este artigo?: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/a-geracao-da-net-esta-sem-rede-1691262

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    1. Olá Professora!
      De facto, esse artigo só vem ilustrar como o quotidiano dos adolescentes tem uma elevada interdependência face à internet. E ainda, demonstra o quão elevado é o desagrado quando são privados de o fazer. Desde jogos, comunicação e socialização, que tudo é feito através de um click sem ser necessário o contacto presencial. Consequentemente, estão a por em causa os relacionamentos pessoais, o que certamente terá impacto nos seus futuros.
      Como tal, apesar das diversas vantagens associadas a esta rede e aquilo que ela proporcionou como a troca de conteúdos à distância (como é o caso de fornecer apontamentos de aulas), sem dúvida que moldou o dia-a-dia da geração net em volta desta rede: não só porque têm que estar constantemente online para puderem interagir quando não é possível de outra forma, mas também porque a quantidade de aplicações e plataformas disponíveis assim o permitem.
      Assim, é necessário estabelecer um equilíbrio de maneira a que os millennials fiquem consciencializados que podem usufruir tanto do meio online como do offline.

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  2. É, na verdade, um problema sério na sociedade de hoje em dia, o facto desta geração ser totalmente dependente da tecnologia para socializar. Vão-se perdendo valores que são importantes para uma sociedade que costumava viver em comunidade e se preocupava com o próximo. Na minha opinião, esta dependência torna esta geração muito individualista e focada no seu "umbigo", e terá repercussões notórias num futuro próximo.
    Numa sociedade em que seguir tendências é o que está na moda, e até onde já ha estabelecimentos que não possuem wifi propositadamente para se diferenciarem, era uma ótima altura para dar um passo atrás e encontrar um equilibrio no uso dos smartphones e das redes sociais.

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  3. Penso que essa dependência surge principalmente pela exposição precoce às tecnologias. É comum nos dias de hoje ver crianças nos seus 5/6 anos a brincar com um tablet ou com o telemóvel da mãe ou do pai e que crianças de 9/10 já possuam um destes aparelhos para eles. O facto de estes dispositivos serem uma fonte de entretenimento levam a que a criança perca o interesse em socializar ou realizar atividades fora do ambiente "virtual" (como pintar, jogar à bola, etc.).

    É portanto essencial a intervenção dos pais no modo a como o acesso a estes dispositivos é feito. O uso destes aparelhos ao serem uma fonte de entretenimento para as crianças, não deve ser, de qualquer modo, um substituto para as atividades ao ar livre ou extra-curriculares. Um tempo limite para a utilização destes dispositivos também deverá ser aplicado sendo que os estudos apontam para uma exposição de cerca de uma hora por dia.

    Na minha opinião, tanto os encarregados de educação como as empresas de software (que desenvolvem aplicações para este tipo de dispositivos) deveriam ter uma papel ativo para garantir o crescimento saudável e não dependente das tecnologias. No entanto, os lucros obtidos pelas empresas e a dependência já desenvolvida nas crianças, tornam difícil esta mudança.

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  4. Apesar das inúmeras vantagens que apresenta, a internet trouxe consigo um sem número de consequências negativas, como esta dependência exagerada das tecnologias de que se fala no post. Infelizmente, é cada vez mais comum ver jovens completamente escravos das tecnologias seja para jogar, partilhar conteúdos em redes sociais ou apenas “passar o tempo”.
    A constante partilha de informação e disponibilização de conteúdos leva os millenials a quererem estar sempre online, pois caso não o façam correm o risco de perder alguma informação importante (o chamado FOMO – Fear of Missing Out). Como a Ana menciona na notícia, os consumidores não são tão livres como julgam ser, por estarem sempre dependentes destes meios para estarem informados ou até mesmo para comunicar com os seus amigos.
    Esta é, a meu ver, uma situação bastante problemática e que poderá ter sérias repercussões no futuro de muitos destes adolescentes. Cabe aos pais e aos próprios jovens ter o discernimento necessário para equilibrar a vida online com o mundo real.

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