sábado, 10 de março de 2018

H&M: um caso de Marketing Viral que vai da revolta virtual até ao vandalismo

Recentemente, a marca sueca H&M viu-se envolvida numa grande polémica após ter colocado no site uma foto onde surge um menino de raça negra a usar uma sweat com o texto: 'coolest monkey in the jungle' (o macaco mais fixe da selva). Este facto foi interpretado como tendo um cariz racista, originando uma grande revolta dos utilizadores nas redes sociais. Esta revolta acentuou-se, ainda mais, quando se descobriu que esta peça de roupa faz parte de uma linha onde existe outra sweat que uma criança branca está a usar com a frase 'survival expert' (especialista em sobrevivência).

A partir daqui, gerou-se uma onda de comentários negativos e de desaprovação completamente viral, sendo que até várias figuras públicas quiseram mostrar a sua revolta e indignação com a marca. Foi o caso do cantor The Weeknd que tornou público através do seu Twitter que não trabalharia mais com a H&M.
Também a estrela de NBA, Le Bron James, partilhou a sua indignação ao alterar a foto da criança e torná-lo num verdadeiro príncipe.
Depois de toda esta onda de comentários negativos, a marca veio a público mostrar o seu arrependimento.

E a situação poderia ter acabado por aqui. Contudo, dias depois, dezenas de pessoas vandalizaram seis lojas da H&M na região de Gauteng. A cadeia sueca – que já havia emitido o pedido de desculpas – decidiu encerrar temporariamente algumas das lojas na África do Sul, invocando a “segurança dos seus trabalhadores e dos clientes”. A marca voltou a partilhar uma declaração, desta vez sobre a situação em concreto: “Reforçamos que o nosso staff não teve nada a ver com a nossa falta de bom senso ao produzir o hoodie de criança e a imagem”.

Apesar disto, para Mbuyiseni Ndlozi, porta-voz do partido que organizou os protestos – Economic Freedom Fighters (EFF) – qualquer pedido de desculpa já viria tarde demais.

Em suma, esta situação leva-me a questionar se esta terá sido uma atitude coerente, tanto por parte da marca como por parte das pessoas indignadas.
A marca, incapaz de controlar os comentários negativos e partilhas sucessivas dos seus clientes, reagiu rapidamente mostrando que compreendia o motivo da revolta e identificando-se com os mesmos.

Por outro lado, fará sentido demonstrar indignação com o racismo através do vandalismo?

Fontes:
http://observador.pt/2018/01/08/hm-acusada-de-racismo-por-foto-de-crianca-negra-a-usar-camisola-com-palavra-macaco/
https://shifter.pt/2018/01/hm-racismo-camisola-the-weeknd/
https://lifestyle.sapo.pt/moda-e-beleza/noticias-moda-e-beleza/artigos/hm-envolvida-em-caso-de-racismo
http://www.sabado.pt/mundo/detalhe/acusada-de-racismo-hm-retira-fotografia-polemica
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/01/13/apos-acusacoes-de-racismo-em-campanha-lojas-da-hm-sao-vandalizadas-na-africa-do-sul.htm
https://www.sabado.pt/mundo/detalhe/the-weeknd-nao-colabora-mais-com-hm-apos-acusacoes-de-racismo

2 comentários:

  1. Este é um caso interessante de uma enorme falha ao nível da Comunicação de uma multinacional.
    Acredito que a empresa não tenha tido qualquer intenção da campanha publicitária ter um cariz racista. Aliás, o comportamento racista existe num primeiro momento do lado de quem faz a crítica pois são essas pessoas que associam o rapaz (por ser negro) com um macaco, e não a marca.

    Relembro que a mãe do rapaz inclusivamente veio relativizar a situação: "Parem de se indignar assim a toda a hora, é um caso desnecessário".

    Hoje em dia as marcas têm de ter extremo cuidado com as campanhas que usam para não serem prejudicas por erros ao nível da comunicação.

    Não deixa de ser irónico que o politicamente correto esteja sempre preparado para atacar este tipo de situações (que têm uma importância relativa) menosprezando situações de verdadeiro racismo que ocorrem por esse Mundo fora.

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  2. Relativamente a este caso, na minha opinião, o racismo partiu das pessoas que associaram o rapaz negro ao que estava escrito na sweat.
    Não acho que tenha sido uma manobra de marketing por parte da marca, sendo que, quando despoletou a polémica, tomaram a única atitude possível: pedir desculpa e retirar a sweat das lojas.
    Uma vez mais, o poder inflamatório das redes sociais adensou um assunto, que à partida, nada tinha de errado, levando a comportamentos graves por parte de algumas pessoas.
    Esta polémica vem demonstrar o enorme cuidado que as marcas e agências publicitárias têm de ter antes de lançar uma nova campanha, tentando antever quaisquer motivo para um buzz negativo.

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