terça-feira, 2 de abril de 2024

Influencer fatigue: have we had enough?

Numa sociedade atualmente imersa em informações e estímulos digitais, o sentimento de hiperconetividade e de saturação em relação a esta imersão tem crescido entre alguns consumidores.
Se por um lado o influencer marketing se tem tornado mais prevalente e as marcas colaboram com um número crescente de influencers para promover os seus produtos e serviços, por outro tem vindo a ser observado nas redes sociais um aumento da intolerância aos influencers - influencer fatigue - como reação natural à sobrecarga do conteúdo promocional divulgado.




Mas de onde surgiu este fenómeno e porque devem as marcas compreendê-lo e tê-lo em consideração?

Refletindo sobre o tema, percebemos que várias tendências e características da sociedade contemporânea contribuem para a influencer fatigue:
Vivemos numa era de sobre estimulação digital, em que as pessoas estão constantemente expostas a uma infinidade de conteúdos nas redes sociais, aplicações e plataformas online. Este excesso de estímulos digitais pode levar à fadiga e saturação dos consumidores, tornando mais difícil para os influencers e para as marcas capturarem a manterem a atenção do público.

A proliferação de influencers e conteúdos nas redes sociais tem contribuído para essa sobrecarga de informação para os consumidores. Se, por um lado, os consumidores passaram a ter acesso a mais informação, por outro passaram também a ter mais informação para filtrar, o que pode levar a um aumento da dificuldade para diferenciar vozes e mensagens.

A falta de autenticidade de muitos influencers e o estilo de vida irreal e utópico que promovem são também percecionados pelos consumidores, que começam a procurar conexões mais genuínas e autênticas. Adicionalmente, o aumento da consciencialização sobre práticas de influencer marketing e a prevalência de parcerias pagas entre influencers e marcas, tem levado os consumidores a aumentar o seu ceticismo em relação às recomendações dos influencers e a questionarem mais a autenticidade e a objetividade das publicações promocionais.

Em última instância, os consumidores podem desenvolver uma reação negativa ao conteúdo promocional dos influencers, o que pode levar a uma diminuição do engagement, a um aumento da desconfiança em relação às recomendações dos influencers, ou até mesmo ao unfollow das suas contas. E as marcas verem, assim, diminuída a recetividade dos consumidores às suas campanhas de marketing.



Desta forma, mostra-se fundamental para o webmarketing explorar o fenómeno influencer fatigue para que da sua compreensão possam advir oportunidades de progresso para as marcas.
Reconhecer o fenómeno pode levar as marcas a explorar estratégias alternativas de marketing digital. Isso pode incluir a diversificação dos canais de marketing, o investimento em publicidade paga, marketing de conteúdo ou parcerias com micro-influencers com um público-alvo mais específico e com maior ligação. Pode, também, impulsionar a inovação e a criatividade nas campanhas de marketing, incentivando as marcas a procurar novas abordagens - como conteúdo interativo ou storytelling envolvente - para capturar a atenção e interesse do público de forma genuína.

Este fenómeno faz ressaltar a importância da autenticidade e relevância nas estratégias de influencer marketing, incentivando as marcas a selecionar influencers com base na autenticidade e relevância, que realmente se alinham com os seus valores e cujos públicos têm interesse genuíno nos produtos ou serviços oferecidos. Isso pode resultar em parcerias mais autênticas e duradouras.
Destaca também a importância de colocar o foco na experiência do consumidor, incentivando as marcas a priorizar a criação de valor para os clientes, oferecendo conteúdo relevante, útil e envolvente, em vez de se cingirem a vendas diretas. O que pode resultar numa relação mais positiva e duradoura com os consumidores.




Em suma, a influencer fatigue é um reflexo da sociedade contemporânea, caracterizada pela sobrecarga de estímulos digitais, desconfiança do consumidor, falta de autenticidade percebida e a procura por conexões mais genuínas e significativas. As marcas e os influencers devem ter consciência destas tendências e adaptar as suas estratégias de marketing, priorizando a transparência, inovação, autenticidade e foco na experiência do cliente. Assim, é importante que as marcas e os influencers criem um equilíbrio entre os conteúdos promocional e orgânico, garantindo que as mensagens publicitárias sejam integradas de forma natural e genuína no feed dos consumidores.


Fontes:

1 comentário:

  1. Muitas vezes começamos a seguir alguém porque nos identificamos com o seu estilo de vida e queremos recolher dicas e trocar impressões. Mas um dia a pessoa começa a monetizar a nossa atenção e também nos sentimos usados.

    Há alguns anos seguia uns entusiastas de um hobbie que pratico e identifiquei-me porque estavam na mesma fase que eu. Hoje em dia a página deles é altamente focada na venda e na promoção de produtos relacionada com o hobbie e sempre de marcas associadas. Perdi totalmente a confiança quando aconselham algo, porque não sei se no post usam marca A e no "backstage" usam marca B.

    Poderiam ter usado a sua influencia para se destacarem no meio, crescerem ainda mais e continuarem a fazer bons testes e boas recomendações e acabaram por se transformar em vendedores através da plataforma das redes sociais e monetizarão a minha atenção, o que me faz sentir um pouco usado.

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