Em novembro de 2024, durante o Web Summit, o Primeiro-Ministro Luís Montenegro anunciou aquele que viria a ser o primeiro Large Language Model (LLM) português, destacando-o como um passo importante na afirmação do país no campo da inovação tecnológica.
Nos últimos anos, têm sido frequentes as iniciativas para desenvolver modelos de linguagem próprios em vários países, e Portugal não quis ficar para trás. Com um nome que presta homenagem à eterna Rainha do Fado, o AMÁLIA, Assistente Multimodal Automático de Linguagem com Inteligência Artificial, promete ser uma ferramenta capaz de compreender e gerar texto em português de Portugal, distinguindo as suas variantes e reconhecendo elementos da cultura e da história do país.
Um Investimento Estratégico
O projeto representa um investimento de 5,5 milhões de euros, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e tem previsto um período de desenvolvimento de 18 meses. A execução operacional está a cargo da Agência para a Modernização Administrativa (AMA) e da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), em articulação com centros de investigação, como o NOVA LINCS, o Instituto de Telecomunicações (IT), o INESC-ID, o INESC-TEC, o CISUC e o ALGORITMI, bem como investigadores da Universidade da Beira Interior e da Universidade de Évora (Aqui).
Entre os objetivos do AMÁLIA, destacam-se os seguintes: - Preservar a soberania nacional;
- Distinguir as variantes da língua portuguesa;
- Reconhecer elementos da cultura e história de Portugal;
- Controlar os dados utilizados para a sua aprendizagem;
- Assegurar condições de armazenamento e utilização de dados sensíveis, como a maioria dos dados da Administração Pública.
Afinal, ninguém quer ver os segredos do Estado a circular por aí sem controlo, certo?
A Versão Beta Está a Chegar... Mas não é para todos!
Segundo comunicado do Ministério da Educação, Ciência e Inovação, a versão beta do AMÁLIA será lançada até ao final deste mês.
O compromisso inicial previa que todas as versões do AMÁLIA fossem disponibilizadas de forma gratuita e em
open source, permitindo o seu uso por centros de investigação, entidades públicas, empresas e cidadãos (
Aqui). No entanto, sabe-se agora que esta versão não estará acessível ao público em geral – pelo menos, por agora. Apenas os especialistas diretamente envolvidos no seu desenvolvimento terão acesso à plataforma (
Aqui).
Posto isto, resta agora aguardar pelas próximas fases do projeto e esperar que, em breve, todos os portugueses possam interagir com o primeiro grande modelo de linguagem feito à medida da nossa língua e cultura.
Enquanto isso, permanecemos atentos – e, quem sabe, talvez o AMÁLIA venha a saber tanto de Portugal como Amália Rodrigues sabia de fado.
Olá Adriana! Achei o post e o sentido de humor muito interessantes! O titulo não podia ser melhor... :D
ResponderEliminarO projeto é de facto inovador e ainda bem que Portugal tenta não ficar para trás, já que o faz em muitas outras coisas...
No entanto, se o objetivo é criar uma ferramenta representativa do nosso país, qual é a razão para restringir o acesso da versão Beta apenas aos especialistas envolvidos? Não seria mais interessante envolver outros investigadores, startups ou mesmo utilizadores comuns, pessoas que estão habituadas a trabalhar com este tipo de ferramenta? Acho que poderia resultar melhor para testar a plataforma em diferentes perspectivas, como se faz muitas vezes com produtos, websites e apps, para testar o "customer experience".
Apenas um comentário, não sei ao certo o que envolveria este tipo de abordagem!