terça-feira, 13 de maio de 2025

Roupa, Likes e Comentários: Como o Facebook Virou um Shopping em Direto

O comércio eletrónico tem evoluído muito nos últimos anos, mas há uma tendência em particular que tem chamado a atenção: as vendas de roupa em direto através do Facebook. O que começou como uma solução improvisada durante a pandemia transformou-se numa estratégia eficaz e dinâmica de comercialização online, sobretudo entre pequenas empresas.




Uma Nova Forma de Vender: Da Sala de Estar para o Ecrã

Durante os confinamentos, várias empreendedoras iniciaram transmissões em direto nas redes sociais para escoar stock e manter contacto com os clientes. A fórmula revelou-se eficaz: apresentavam peças em tempo real, interagiam com os espectadores, respondiam a perguntas e reservavam produtos conforme os comentários.

A proximidade, a informalidade e a resposta imediata tornaram-se os pilares deste modelo. O público não se limitava a assistir a uma transmissão de vendas, estava envolvido numa experiência comercial interativa, com oportunidade para diálogo, partilha de opiniões e momentos de descontração.


Exemplo de venda em Direto

 

O Que Explica a Eficácia das Vendas em Direto

Vários fatores explicam o sucesso crescente deste formato:

  • Interatividade: Os clientes podem colocar questões em tempo real e obter respostas imediatas.
  • Exclusividade: Muitas das peças são vendidas em quantidades limitadas, o que aumenta a urgência e o valor percebido.
  • Humanização da marca: Ver quem está por trás do negócio cria uma ligação emocional com o cliente.
  • Conversão elevada: A envolvência do formato reduz a hesitação na decisão de compra.

  

Da Tendência à Estratégia

O fenómeno deixou de ser uma solução de recurso e passou a integrar a estratégia de muitas marcas. Plataformas como o CommentSold facilitaram o processo de automatização das vendas em direto, permitindo gerir stock, pagamentos e interações num único sistema.

Nos Estados Unidos, estima-se que o live shopping movimenta mais de 11 mil milhões de dólares em 2021. Na China, onde o modelo já está mais consolidado, este tipo de vendas representa uma parte significativa do comércio online. Em Portugal, começam a surgir cada vez mais iniciativas do género, com boutiques locais a adotarem transmissões regulares para apresentar coleções.

O Futuro do Comércio é Mais Próximo

Num mercado saturado de publicidade digital, estas vendas em direto oferecem algo diferente: proximidade, autenticidade e interação real. Não se trata apenas de vender produtos, mas de construir relações e experiências em torno da marca.

É um exemplo claro de como a tecnologia pode ser usada para aproximar marcas e consumidores, mesmo à distância.


Fontes:

https://www.voguebusiness.com/technology/instagram-facebook-snapchat-tiktok-the-social-shopping-race

https://theboutiquehub.com/live-selling-for-your-boutique-how-to-turn-views-into-sales/

https://about.fb.com/news/2021/05/introducing-your-new-favorite-way-to-shop-live-shopping-fridays/

1 comentário:

  1. Ola Beatriz! É muito engraçado que tenhas escrito sobre isto. Já me tinha questionado sobre este fenómeno, que me intrigou no início (mas agora consigo ter uma visão mais clara). O que entendi foi que apesar de várias pessoas/ marcas realizarem diretos sem qualquer formação em vendas, marketing ou uma estratégia, o sentido de comunidade e autenticidade agarra os participantes. O erro e o improviso humanizam a jornada do consumidor e o vínculo social substitui a necessidade de confiança na marca/empresa. A interação em tempo real também é muito valorizada. O cliente pode estar no seu conforto e ver todas as suas questões respondidas enquanto compra. No meio do processo também são ativados alguns gatilhos emocionais como o FOMO da "é a última peça meus amores". Muitos nem sabem, mas são um sucesso do marketing de comunidade.

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