quarta-feira, 29 de junho de 2011

Crowdsourcing: Islândia reforma a Constituição através do Facebook



Pensavam que já tinham visto de tudo? Então vejam só como a Web e as Redes Sociais podem ser úteis ao ponto de ajudarem na reformulação da Constituição de uma nação desenvolvida.

A Islândia, o país desenvolvido que faliu (e vai recuperando) antes dos outros, que virou o mundo da aviação do avesso por causa de um vulcão, e cujo povo recusou medidas de austeridade extremas por não querer assumir a culpa por erros da banca e da governação, tornou-se também no primeiro país do mundo a utilizar as Redes Sociais, nomeadamente o Facebook, como ferramenta crucial para ouvir e recolher ideias de cidadãos anónimos para a reforma da sua Constituição!

A isto poderíamos chamar Crowdsourcing com sentido de Estado!! A medida não só é inédita pelos meios utilizados para recolher e debater opiniões, como também pelo facto de estar a ser mediada por um grupo de outros cidadãos anónimos escolhidos para organizarem esta reforma, e não a classe política, que como referido acima, entrou num sério descrédito neste país.

Se por aqui e na maioria do globo falamos na aplicação de estratégias de comunicação interactivas como o Crowdsourcing com marcas e organizações, os islandeses tornam-se pioneiros em utilizar este conceito no domínio público, pois reconhecem a elevada importância de se fazerem ouvir as opiniões de todos e de se aproximar o poder das pessoas. Como referem os responsáveis pelo processo, a recepção tem sido muito boa, com uma participação expressiva para a população islandesa, e a maioria as ideias em debate parecem ser bastante pertinentes, contrariando o receio de que "fossem escritas barbaridades", mostrando que "se pode confiar nos cidadãos".

Acham que o mesmo poderia ser feito cá?

4 comentários:

  1. Os povos nórdicos sempre personificaram uma sociedade colaborativa, pelo que acho que na Islândia (ou na Suécia, ou na Dinamarca) estas iniciativas fazem todo o sentido.
    Aqui em Portugal há apenas muitos treinadores de bancada, que apenas gostam de dizer ao "Estado" o que deve fazer (normalmente fazendo valer os seus interesses pessoais) , sem perceberem que o "Estado" somos todos nós...

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  2. Realmente é uma excelente forma de ouvir o que os cidadãos têm a dizer e fazer com que percebam que estão realmente numa democracia. No entanto, pode ser preconceito meu, mas acho que os portugueses não saberiam aproveitar da melhor forma este instrumento porque normalmente só se ouve pessoas a dizer o que está mal e a criticar em vez de sugerir novas medidas.

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  3. A verdade é mesmo essa, nós portugueses vemos o estado como "uma coisa" e os países nórdicos percebem que o Estado são eles.

    Fora de política e de culturas, o crowdsourcing está a ser usado (e parece que com sucesso) em muitas instituições diferentes, até para a recuperação de um país! Uma igreja critã alemã também têm uma págin no facebook onde pede ideias aos crentes. A comunidade sentiu que as pessoas estão a deixar de visitar a igreja e querem saber o que mudar. Todas as ideias são bem vindas, desde cânticos novos até um novo design interior da igreja.

    (Vou tentar recordar do nome da igreja e depois digo)

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  4. Olá Tiago

    Sem dúvida que os nórdicos poderão adoptar este tipo de "postura"! No entanto, não creio que isso seja possível em Portugal. Fica aqui a comparação vinda de um colega meu que está a estudar na Dinamarca: para os nórdicos pagar impostos é uma questão de orgulho e honra pessoal. Já para os Portugueses, que foge aos impostos é que é o mais "cool". Com esta filosofia, não fará sentido este tipo de iniciativas!

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