sábado, 19 de maio de 2018

Panana - Novo produto de Economia Circular

O Continente acrescentou este mês, à sua oferta de produtos de economia circular, um novo produto com o lançamento do Panana. Este produto é confeccionado a partir de bananas que deixaram de ter valor comercial, por estarem demasiado maduras. Fonte de manganês, apresenta uma textura húmida e um sabor doce e característico a banana.
Segundo a cadeia de Hipermercados, “à semelhança de um pão ou um bolo, é uma opção prática e energética para pequenos-almoços, snacks ou até como sobremesa”. 

No ano passado o Continente, utilizando já esta forma de confecção lançou doces e chutneys, que são também produzidos a partir de frutas e legumes em fim de vida. Este produto é o resultado do reaproveitamento de excedentes alimentares das lojas Continente, que dão origem a um novo produto, voltando ao circuito comercial com uma nova forma.

A este processo, de transformar produtos alimentares em fim de vida, através da reutilização, recuperação ou reciclagem, chama-se Economia Circular, um modelo que surgiu em oposição ao modelo de economia linear, que pressupõe que um produto tem um princípio e um fim.



Este novo lançamento está enquadrado no projeto Transformar.te, que faz parte das iniciativas da Missão Continente e tem por objetivo reduzir o desperdício remanescente através do reembalamento de produtos, iniciativas de escoamento, reutilização de produtos, doações internas e outras ações. Os excedentes alimentares da marca que não podem ser recuperados são diariamente encaminhados para instituições de solidariedade social (IPSS) e de apoio a animais. Em 2017, essas doações equivaleram à entrega de dois milhões de refeições. 

O projeto Transformar.te valeu à insígnia um prémio nos Food &Nutrition Awards, além de uma nomeação para o World Retail Awards, na categoria de “Responsible Retailer Initiative”.
O diretor de Projetos na Sonae MC, Pedro Lago, declara-se “orgulhoso com este novo lançamento, pois é revelador da capacidade de inovação da marca e do seu compromisso com o combate ao desperdício alimentar. Sabemos que o planeta tem recursos limitados e, por isso, assumimos o compromisso de sensibilizar os nossos clientes para um consumo consciente, patente nesta aposta em produtos de economia circular, mas também nas doações que fazemos diariamente, para ajudar entidades e pessoas com necessidades alimentares.”

O que é a Economia Circular?
É um modelo económico reorganizado focado na coordenação dos sistemas de produção e consumo em circuitos fechados. Assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado, a economia circular é vista como um elemento chave para promover a dissociação entre o crescimento económico e o aumento no consumo de recursos, relação até aqui vista como inexorável.


Inspirando-se nos mecanismos dos ecossistemas naturais, que gerem os recursos a longo prazo num processo contínuo de reabsorção e reciclagem. Caracteriza-se como um processo dinâmico que exige compatibilidade técnica e económica (capacidades e actividades produtivas) mas que também requer igualmente enquadramento social e institucional (incentivos e valores).

Porquê uma economia circular?
As atuais tendências de aumento populacional, consequente crescimento da procura e a pressão na exploração dos recursos naturais têm vindo a sublinhar a necessidade das sociedades modernas avançarem para uma lógica de economia mais "verde", para um paradigma mais sustentável que assegure o desenvolvimento económico, a melhoria das condições de vida e de emprego, bem como a regeneração do "capital natural".

O paradigma atual, baseado num modelo linear, confronta-se hoje com questões relativamente à disponibilidade de recursos. Em 2010 cerca de 65 mil milhões de toneladas de matérias-primas entraram no sistema económico prevendo-se que em 2020 atinjam os 82 mil milhões de toneladas. Este é um sistema que expõe empresas e países a riscos relacionados com a volatilidade dos preços dos recursos e interrupções de fornecimento.

Uma economia "mais circular" tem vindo a ser apresentada como um conceito operacional no caminho para a mudança de paradigma, tendo em vista enfrentar os problemas ambientais e sociais decorrentes da globalização dos mercados e do atual modelo económico baseado numa economia linear de “extração, produção e eliminação”.

Benefícios e potenciais impactos de uma Economia Circular
A economia circular distingue-se como um modelo focado na manutenção do valor de produtos e materiais durante o maior período de tempo possível no ciclo económico. Este modelo apresenta como benefícios de curto prazo e oportunidades estratégicas de longo prazo face a desafios como:
  • Volatilidade no preço das matérias-primas e limitação dos riscos de fornecimento;
  • Novas relações com o cliente, programas de retoma, novos modelos de negócio;
  • Melhorar a competitividade da economia - “first mover advantages”;
  • Contribuir para a conservação dos recursos naturais, redução da emissões e resíduos e combate às alterações climáticas.
A Economia Circular pode servir como um catalisador para a competitividade e inovação. Por exemplo, se na UE fossem implementadas medidas que levassem a uma recolha de cerca de 95% dos telemóveis isso equivaleria a uma poupança de mais de mil milhões de euros em custos de materiais de fabrico.

Fontes:

2 comentários:

  1. Acredito que o projeto Fruta Feia também siga nessa linha de economia critiva. Trata-se de uma iniciativa portuguesa que trabalha com fornecedores locais e disponibiliza frutas e hortícolas desprezados pelas grandes redes, já que o consumidor-padrão não atribui qualidade ao produto feio. Por um preço módico anual de 5 euros o consumidor interessado poderá se associar à cooperativa e a partir daí poderá comprar produtos nas feiras do Porto, Lisboa, Cascais, Almada e Braga. São disponibilizadas cestas de 3,5 e 7 euros com produtos e pesos variados: é só levar a sacolinha e escolher!

    Fontes: http://www.abras.com.br/superhiper/superhiper/ultima-edicao/internacional/?materia=19513 e http://www.frutafeia.pt/pt/perguntas-frequentes/perguntas-frequentes

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  2. Ideia interessante de reaproveitamento alimentar. Existem várias projectos na área social que tentam combater o desperdício alimentar, nomeadamente o Refood ou o exemplo que a Kamila deu, a fruta feita.

    Na minha opinião, seria interessante re-educar o consumir para este perceber o desperdício alimentar que existe e aceitar tanto produtos esteticamente bonitos como aqueles que apesar da aparência não ser perfeita são tão bons como os restantes.

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