O paradigma da transmissão de informação mudou e já não são apenas os grandes grupos de media os responsáveis e responsabilizáveis pela informação. Os
influencers são geralmente
bloggers,
youtubers ou especialistas, com uma presença online estabelecida e uma audiência de seguidores muito leal. Eles tendem a usar a respetiva plataforma digital como canal de comunicação para transmitir determinadas opiniões, atividades do quotidiano, entre outros.
Por este motivo, é muito comum um
influencer influenciar os seus seguidores na assunção de determinadas posturas, na reflexão sobre determinados assuntos e até no desenvolvimento de determinados padrões de consumo. Assim sendo e devido ao número elevado de seguidores, a divulgação de informação por eles tende a criar um efeito de grande escala e de grande envolvimento através dos seus conteúdos. Neste sentido, é também muito frequente que marcas se associem para ganhar notoriedade, afinidade e lealdade junto de um determinado segmento.
Este novo paradigma levanta, contudo, algumas questões. Francisco Goiana da Silva - Professor na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior e coautor de um estudo que venceu, este ano, o Prémio em Bioética João Lobo Antunes –, em entrevista recente à TSF, defende que os influencers "têm de ser, de alguma forma, responsabilizados pelo impacto que aquilo que defendem e que apresentam tem nos seus ouvintes ou nos seus seguidores”, alertando que, no entanto “a legislação atual não prevê isso". Alega, ainda, que, se "por um lado, uma indústria dos media que é extremamente regulada, por outro, uma indústria informal, que tem cada vez mais influência, não tem qualquer tipo de regulação.”
Francisco Goiana da Silva acrescenta, no entanto, que ainda que deva haver uma revisão da legislação no sentido de responsabilizar os influencers pelo conteúdo partilhado, tal não deverá ser feito “à custa da violação do direito à opinião e à expressão”.
Notem, contudo, que esta entrevista surge num contexto de pandemia, em que que muitos são os conteúdos de informação não oficial e
fake news que são difundidos, que abrangem milhares de pessoas e que poderão, de acordo com o Professor, representar um perigo para a saúde pública.
Parece-vos viável uma revisão da legislação neste sentido ou acreditam ser um atentado à liberdade de expressão?
Fonte:
Olá, Cristiana
ResponderEliminarAcho que, independentemente do contexto, não podemos aplicar limites à liberdade de expressão como os sugeridos pelo professor Goiana da Silva. Os influencers não são órgãos de comunicação social nem jornalistas. Eu não sigo influencers de qualquer tipo e, do pouco que conheço desse mundo, não gostei muito do que vi nem ouvi. No entanto, mesmo estando ciente de que alguns influencers espalham mentiras ou outros tipos de desinformação a milhares de seguidores, seja conscientemente ou não, acho que devemos continuar a defender o direito à liberdade de expressão.