Todos nós alguma vez na vida já fomos fãs de algo, de uma série, uma saga de filmes, livros, jogos, um cantor/a ou banda, um clube desportivo, ou mesmo um produto.
A palavra “Fandom” foi criada pela junção de “fan” com “kingdom” originando o “Reino dos fãs”, ou seja, Fandoms são comunidades que juntam fãs e ídolos, promovendo a interação, a criatividade e a partilha de ideias e pensamentos. Estes grupos permitem a criação de uma conexão muito forte baseada na partilha de paixões, valores e interesses.
Os fãs sempre existiram, mas as redes sociais fortaleceram a sua relação com a comunidade e aumentaram a sua influência em relação ao mercado. A Era Digital facilitou a comunicação entre fãs, através de fóruns, paginas online, redes sociais, grupos, blogs e podcasts dedicados ao fandom. E facilitou ainda a comunicação com os próprios ídolos, por exemplo no Instagram existem atualmente, comunidades que os artistas, influencers e atores podem criar para interagir com o público, de uma forma mais próxima.
As Fandoms são comunidades muito poderosas, potenciadas pela Era Digital não criam apenas novas culturas, mas sim novos mercados. Podemos ver alguns exemplos de diferentes Fandoms:
- Apple enthusiasts – A marca Apple conseguiu criar um grupo de fãs leal e devota à marca através da inovação e constante lançamento de produtos melhorados. Há clientes que têm todos os produtos da marca, que adquirem os novos produtos assim que estes são lançados, existem inúmeros vídeos, páginas, blogs na internet sobre as tecnologias da Apple, com comparações e opiniões. Aposto que qualquer pessoa que tenha um iphone, antes de o comprar fez comparações entre os vários modelos Apple e várias marcas de smartphones, através de vídeos partilhados por outros utilizadores, feedback e rewies partilhados em blogs ou redes sociais.
- Harry Potter “Potterheads” - A fandom de Harry Potter é uma das mais dedicadas e apaixonadas do mundo. Os fãs se reúnem em convenções, eventos temáticos, e online em fóruns e redes sociais para discutir teorias, compartilhar arte e fanfics, e expressar seu amor pela série. A Universal Studios levou o mundo mágico de Harry Potter aos fãs, em Inglaterra e nos Estados Unidos os fãs têm oportunidade de conhecer todos os locais onde ocorre a saga fictícia. Existem também jogos de telemóvel e computador onde é possível encontrar a nossa casa e descobrir o nosso patronum, entre outras atividades e todo o tipo de merchandising criado em torno das histórias de Harry Potter. Além disso, a série inspirou movimentos sociais, como a Aliança da Luz, uma organização sem fins lucrativos fundada por fãs de Harry Potter que se dedicam a promover a justiça social e combater a discriminação. Em Portugal, mais precisamente em Sintra foi recentemente inaugurado um restaurante temático, adivinhem sobre o que? Sim, claro o Harry Potter, trata-se de um buffet de pizzas, mas todo o conceito gira á volta da decoração e da experiência. No espaço de um mês e meio, o restaurante Plataforma 9 3/4 já deu muito que falar.
- Temos ainda, atualmente as Swifties como foi retratado na última publicação da Ana Pereira, ainda no âmbito musical as directioners, que mesmo após a banda se separar continuam com uma forte presença online e a apoiar cada um dos membros individualmente enquanto aguardam por um reencontro dos 1D (confeço que sou uma delas). No âmbito das séries um dos maiores fandoms de sempre é o de Game of Thrones.
É importante destacar que estas comunidades se tornaram tão efetivas na comunicação das marcas, que as marcas se estão a aproveitar do marketing gratuito realizado pelas Fandoms através do Word of Mouth/Mouse e do User Generated Content. As empresas cada vez mais percebem a importância dos fãs e, portanto, começam a criar eventos e produtos especiais para os mesmos.
O User Generated Content como sabemos é uma das melhores formas de criatividade e empreendedorismo, por parte dos consumidores, que apenas é possível devido à elevada quantidade de informação que nos rodeia. É considerado um earned media, assim como o WOM, pois não é pago, nem é propriedade da empresa, é gerado pelos consumidores, porque a empresa merece, positiva ou mesmo negativamente.
Isto permite criar um laço mais afetivo forte com os consumidores pois como já abordamos nas aulas, as novas gerações apostam muito na relação com a marca, desejam interação, relação, participação e acima de tudo experiências únicas. Já para não falar que a geração net tem preferência pela comunicação via online e baseia muito as suas decisões em opiniões de outros consumidores publicadas online.
Os fandoms desempenham um papel crucial na indústria do entretenimento, pois contribuem significativamente para a divulgação de músicas, jogos, livros, filmes e séries, aumentando o interesse e, por conseguinte, os lucros para os produtores e a perspetiva é que com o passar dos anos esse poder aumente.
E vocês? Fazem parte de algum fandom? Conhecem alguma iniciativa interessante criada por fãs?
Fontes:
- https://www.meioemensagem.com.br/opiniao/fandom-o-poder-das-novas-relacoes-entre-idolos-e-fas
- https://www.linkedin.com/pulse/o-crescimento-exponencial-dos-fandoms-e-comunidades-nas-ara%C3%BAjo/?originalSubdomain=pt
- https://www.linkedin.com/pulse/marcas-e-fandoms-o-poder-de-consumo-das-comunidades-luisa-moraes/?originalSubdomain=pt
- https://rabiscodahistoria.com/a-ascensa
- o-do-fandom-na-era-digital/ https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/11577/1/DM_35312.pdf
Achei bastante interessante teres abordado um tema tão presente no meu dia-a-dia e analisares detalhadamente o poder dessas Fandoms na Era Digital. Identifico-me com alguns dos grupos que mencionaste e não podia concordar mais.
ResponderEliminarÉ fascinante observar como várias comunidades de fãs se tornaram tão influentes a ponto de moldarem não apenas a cultura pop, mas também de criarem novos mercados e oportunidades de negócio.
Além disso, é igualmente admirável ver como as empresas ajustam os seus modelos de negócio a essas comunidades, criando eventos e produtos especiais para satisfazer as suas necessidades.
Estava a fazer scroll no Instagram e vi um vídeo da Professora Sprout - a das mandrágoras - cujo nome verdadeiro é ... (não faço mesmo ideia), enfim. No vídeo, ela comenta sobre o sentimento de constrangimento que tem em relação à fixação das crianças de 30 anos com o mundo mágico de Harry Potter (um nicho ao qual me incluo, rs), em que essas pessoas até se casam com festas temáticas do universo HP. Pessoalmente, acredito que todos nós temos o direito de alimentar a nossa criança interior com o que nos apetecer.
ResponderEliminarAqui fica também o link do Harry Potter Wiki -https://harrypotter.fandom.com/pt-br/wiki/P%C3%A1gina_Principal - neste site você encontra todas as informações do mundo mágico dos bruxinhos :)
Olá Mariana! Adorei o teu post :) Sou super suspeita a falar neste caso porque considero-me fã de muita coisa e quando gosto, gosto a sério. Sinto que, apesar de todos já termos sido fãs de alguma coisa, alguns de nós são mais do que outros... Eu pessoalmente gosto bastante de ter coisas pelas quais me sinto (demasiado) interessada.
ResponderEliminarTenho aqui no blogue um post sobre o Barbenheimer que penso que vá muito ao encontro do que falaste. Neste caso o fandom da Barbie e do Oppenheimer tiveram um papel de peso no marketing de ambos os filmes (em conjunto).