sexta-feira, 6 de junho de 2014

Mais um exemplo

Tem-se escrito bastante, no blog, sobre o facto da atenção dos consumidores ser um bem cada vez mais escasso, dada a enormidade de objetos (no sentido lato da palavra) a reclamá-la. Têm sido igualmente fornecidos vários exemplos de ações de comunicação eficazes, do ponto de vista da sua captação.

Ora, no mês passado, deparei-me com um desses exemplos, que tem, na minha opinião, uma particularidade interessante, a ideia não partiu de nenhuma agência de comunicação, mas de uma igreja católica, a Misereror, na Alemanha.

Esta lembrou-se de colocar, na parte superior dos mupis, com grande destaque, frases desconcertantes e que estimulam, se não mesmo obrigam, à ação, a título de exemplo: “Alimente-os!” e “Liberte-os!”. Neste caso, a ação consistia em passar um cartão de crédito por uma ranhura embutida, nos próprios mupis. Ao fazê-lo, um pão é cortado ao meio ou a corda que amarra as mãos de uma pessoa.


Graças à interatividade, permitida pela evolução da tecnologia, os interlocutores têm a real perceção do encaminhamento das verbas que doam àquela instituição e a mensagem é claramente transmitida: a necessidade de continuar a contribuir para o trabalho que a Misereror desenvolve junto dos mais pobres. Sem esquecer, o potencial para gerar partilhas por parte dos internautas.

3 comentários:

  1. Sandra,
    Acabei de publicar um post em que reforço precisamente a ideia de que, atualmente, as empresas e organizações são quase obrigadas a ter uma atitude diferenciadora para captar a atenção de um consumidor que está cada vez mais assoberbado de informação e que, a todo o momento, tem de fazer escolhas sobre aquilo a que realmente acha que vale a pena prestar atenção. Eu dei o exemplo do marketing de conteúdos, mas o caso que apresentas é realmente interessante e mostra como a interatividade e a transparência na maneira como se aborda o consumidor é um dos caminhos a seguir numa abordagem que se quer cada vez mais relacional.
    Neste caso acho muito interessante o facto de as pessoas conseguirem perceber que o dinheiro que estão a doar será devidamente encaminhado, algo que encoraja à participação.
    Referes também as partilhas online e essa é também uma vantagem deste tipo de ações. Apesar de parecerem efémeras, basta um vídeo ou uma imagem para que possam ter impacto ao longo do tempo. A partilha em sites e redes sociais desta ação vai chamar a atenção de um número muito maior de pessoas que, apesar de não terem tido oportunidade de passar fisicamente por estes muppies, vão ficar a conhecer a Misereor e podem também vir a contribuir para esta causa.

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  2. Sandra é realmente uma ótima ação de comunicação e marketing.
    Na verdade quanto mais interetiva for mais chama a atenção dos consumidores e a vontade pela experiência. Este caso dá aos seus 'consumidores', se é que os podemos chamar assim', a sensação de realização da ação, no sentido de ajudar alguém, quando na verdade estão 'apenas' a doar dinheiro (independentemente do bem que isso faça). Já há muito que se fala na diferenciação por parte das empresas mas na realidade o que se passa é que cada vez mais estas têm que o fazer não só pelos seus produtos/serviços (como antes funcionava) mas também pela sua atitude e comunicação. E este é um excelente exemplo disso mesmo.

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  3. Catarina e Nânci,
    Partes dos vossos comentários fizeram-me lembrar de uma mensagem amplamente transmitida pelo Prof. Doutor Carlos Brito: "O marketing serve para vender ideias".
    Na verdade, de nada nos serve ter um produto ou serviço inovador, se não formos capazes de transmitir aos consumidores os benefícios acrescidos que traz, se não formos capazes de desenvolver uma necessidade latente. Na mesma linha, podemos ter um produto ou serviço semelhante aos da concorrência, mas posicioná-lo como diferente na mente dos consumidores, nomeadamente, através da comunicação.
    Esta ideia de vender uma ideia acaba por estar intimamente relacionada com o marketing de conteúdos: "tell me a story" (storytelling), tal como a produção de conteúdos menos intrusivos, interessantes e úteis para os consumidores, gozando, por isso, de maior aceitação, referida no post da Catarina.
    Na minha opinião, o marketing de conteúdos será uma das grandes tendências, ou mesmo a grande tendência, ao nível do marketing, e onde o digital pode ter um papel relevante, em razão da interatividade e dos conteúdos multimédia que lhe estão associados e que pode combinar.

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