domingo, 27 de maio de 2018

GDPR - Será que vai mudar assim tanto?

Entrou em vigor dia 25 deste mês o tão falado GDPR.
Depois de várias broncas com facebook, Cambridge Analytica etc, na União Europeia será instaurado um protocolo que visa a proteção de dados pessoais e melhorar toda a dinâmica que existe nesta temática.
Fico impressionado pois, andava toda a gente contente a partilhar no seu facebook qual das princesas da Disney essa pessoa seria, a troco de toda a sua informação pessoal do facebook, que até era muita, e sim, tinha lá, em letras bem legíveis, uma página que dizia "entidade X terá acesso a todos os seus dados".
Depois deste processo repetidos N de vezes, racha o escândalo do facebook e então toda a gente fica indignadíssima com as acções cabais que estes senhores levavam a cabo. Começam a chover posts super indignados no facebook (giro) sobre o desconhecimento deste tipo de recolha de dados "eu não li em lado nenhum que estava a ceder estes dados, é uma pouca vergonha!".
Pois bem, o GDPR está agora isntaurado e anda toda a gente a afagar a sua barba metafórica, proclamando mensagens de "agora sim, finalmente tudo será bem feita e já ninguém tirará proveito de mim a seu belprazer".
Estava ontem à noite a tomar café com uns amigos e acontece que, recebemos ao mesmo tempo, todos, a mesma mensagem. Por mero acaso, dois desses meus amigos eram como as personagens que descrevi nos dois parágrafos anteriores. A mensagem era de um ginásio da nossa zona, ginásio esse que nunca nenhum de nós frequentou e que do nada nos começou a ligar (como raio obtiveram o meu número, ainda me questiono) e podem-na ver no print abaixo.

Eu ignorei a mensagem, prontamente. Já tenho um ginásio e nunca iria ganhar este concurso, muito menos quando o custo da rifa era os meus dados, dados esses que não tenho interesse nenhum que andem a circular nos 3500 ginásios de Gaia. Aquelas chamadas de "se subscrever já 12 meses, não paga o primeiro" chateiam um bocado e bom, se eu quiser saber destas promoções, siga as páginas destes estabelecimentos nas redes sociais.
No entanto, esses meus dois amigos reagiram de modo diferente, "épáááá, 1 ano à pala? Deixa já preencher isto". Muito inocentemente, digo eu "mas então, tanta coisa sobre os vossos dados e vão dá-los assim de mão beijada por uma chance ínfima de ganhar um ano de ginásio? Sabem que essa mensagem seguiu para 10.000 pessoas, certo?"
Pois bem, os meus amigos pareceram não se importar e eu também não.
Vou deixar aqui um link com um resumo do GDPR explicado e tecer uma última consideração.
Um dos argumentos para que este protocolo fosse instaurado foi o de as pessoas entenderem o valor dos seus dados pessoais e não os "venderem" ao desbarato. Do meu ponto de vista, isto é um belo puxão de orelhas às empresas e como tal, deviam de encará-lo com seriedade. Este tipo de campanhas promocionais associadas a coisas como o GDPR, deixa o meu parecer ético um pouco inquieto. Se uma empresa minha tivesse de cumprir este protocolo, faria por encará-lo da maneira mais transparente possível,
de modo a ganhar a confiança dos meus clientes ou potenciais clientes. Este tipo de "se nos deres acesso aos dados podes ganhar um bilhete de cinema" é uma atitude que considero mesquinha e que, mais uma vez, leva as pessoas a voltarem ao paradigma antigo, desvalorizem o valor do seu eu.

Link de resumo

Votos de um bom domingo.

5 comentários:

  1. A tua pergunta a questionar se vai mudar assim tanto é bastante pertinente.
    Logo no primeiro dia em que a medida entrou em vigor, as gigantes Google e Facebook, assim como algumas subsidiárias, como é o caso do Instagram e WhatsApp, foram acusadas de violar o GDPR.
    A acusação é feita pela ONG "Europa versus Facebook" liderada pelo ativista austríaco Max Schrems, já conhecido pelas suas críticas à violação da privacidade dos utilizadores por parte do Facebook.
    Segundo o ativista, estas empresas estarão a “coagir” os utilizadores a aceitarem as suas políticas de recolha de dados, de forma a poderem continuar a usufruir do serviço, sendo tal prática contra as regras estabelecidas no GDPR.
    Estará realmente este regulamento a ser cumprido? Ou daqui a uns tempos seremos novamente confrontados com mais algum escândalo ao estilo da “cambridge analytica”?

    Fonte:
    https://www.tecmundo.com.br/seguranca/130670-facebook-google-acionados-bilhoes-euros-1-dia-nova-lei.htm

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  2. Boa tarde Bruno,

    O teu post resume brilhantemente aquilo que é um conflito de décadas senão de séculos: a proteção jurídica dos direitos dos cidadão e os interesses comerciais das empresas!

    Ora, não só a UE vem (e bem) tentar assegurar mais segurança jurídica naquilo que é a disponibilização (ingénua?) dos dados dos utilizadores disfarçados em inquéritos da Disney por exemplo, como vem, em última instância, evitar que manipulações de dados com fins políticos cheguem ao velho continente e se alastrem como se de um vírus maléfico se tratasse!

    Contudo, na minha modesta opinião, não há lei que salvaguarde a consciência de cada um e de todos. A Lei, por regra, só vem proteger situações jurídicas já existentes, muitas deles com várias e graves lacunas mas a consciência daquilo que cada um contribui, extrapola o mundo jurídico e só pode ser combatido com mais e melhor educação e que estejamos todos sob alerta que, atrás de uma Bela da Disney, há sempre um monstro à espreita!

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  3. Publicação bastante pertinente, realmente as empresas não estão preparadas para esta "perda" de dados e neste momento em vez de respeitarem o principal objetivo da implementação do GDPR, estão mais preocupados em implementar estratégias que lhes permita manter os dados adquiridos até entao.
    Contudo, a sociedade também não está ciente e verdadeiramente informado de como funciona o GDPR, pois em alguns casos, como por exemplo nos bancos, eles apenas enviam uma mensagem a "informar" que os dados do cliente serão utilizados e estão seguros na sua base de dados e em caso de "silêncio" é dado como aceite que o banco utilize os dados, sendo que basta uma pessoa trocar de número de telemóvel e não receber a mensagem "informativa" do banco que acaba por estar a aceitar tal coisa sem sequer ter tomado conhecimento.

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  4. O Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) ou General Data Protection Regulation (GDPR), vem exigir às empresas, reformulações e adaptações nos seus processos de negócio, requerendo uma sinergia entre todos os departamentos. O RGPD é assim um desafio para todas as empresas que lidam com dados pessoais, pois exige um equilíbrio nas leis da privacidade de dados – proteger, fortalecer a privacidade dos cidadãos e reformular o modo como as empresas abordam a privacidade dos dados.
    O conceito de “dados pessoais” é extenso e inclui qualquer informação suscetível de identificar a pessoa direta ou indiretamente. E pode ser feito através de identificadores online (IDs de cookies ou IDs de publicidade), endereços IP ou até mesmo dados de localização, tecnologias de acompanhamento ou rastreamento online e de segmentação.
    As equipas de Marketing & Vendas para se adaptarem rapidamente e com sucesso ao RGPD, devem: conhecer as limitações ao tratamento e processamento da informação, ser transparente e claro na recolha dos dados e evidenciar o consentimento e a finalidade dos dados recolhidos.

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  5. Boa tarde Bruno,
    Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD)
    Sendo um assunto que esta na "MODA" que foi e é um negocio para muitos, infelizmente, não vai alterar quase nada uma vez que as redes sociais, e mesmos as profissionais, não tem como controlar este situação; os casos mais caricatos que me passaram na mãos há 15 dias, foi uma empresa de viaturas caras, terem enviados para os seus clientes a declaração a informar que estão a cumprir o RGPD e colocaram todos os seus clientes em CC; Ou não sabem o que significa CC ou não sabem o que é o RGPD.
    Tive outro fornecedor da UE que fez exatamente o mesmo, todos ficamos a saber quem são os clientes/fornecedores de cada um. Mas casos como estes, devem de ser às "paletes" porque recebo emails com a declaração, de empresas que nunca trabalhei na vida.

    São os tempos modernos ... (Pena que o Charlie Chaplin não viesse agora fazer o filme TEMPOS MODERNOS) .
    Abraços.

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