sexta-feira, 19 de abril de 2024

A Adesão dos Partidos Políticos Portugueses ao Digital

Dia 10 de março a abstenção desceu e registou o seu valor mais baixo (33,77%) desde 1995. O que mudou? O que está a ser bem feito? Como captamos quem não se interessava por política?

Penso que esta taxa de abstenção se justifique com muito mais do que uma simples “revolta” aquele que era o nosso antigo governo. Já falamos de marketing político aqui no blogue e, inclusive, os cartazes de muitos partidos portugueses refletem a importância que os próprios partidos perceberam que o marketing teria na sua campanha.

Mas mais do que os cartazes, o digital em si assumiu uma nova dimensão na política portuguesa. Talvez terem demorado tanto a juntar-se às redes sociais pode-se associar ao medo de perderem a seriedade ou a formalidade, que são tão dignas no mundo político.

Se os partidos portugueses decidiram arriscar e juntar-se às redes sociais? Sim. E fizeram muito bem.

Estatísticas dizem que os jovens se afastaram dos partidos mais antigos, tendo o PS assegurado os eleitores mais velhos, IL e Livre conquistado os mais jovens e BE e PAN terem uma maioria feminina. Sem falar no Chega que é falado como um partido que cresceu muito à custa das redes sociais.

O número de seguidores e o consequente “engagement” que os partidos têm nas redes sociais podem ir ao encontro das estatísticas eleitorais. Se os partidos pretendem aproximar-se das camadas mais jovens podem e devem juntar-se às redes sociais e eu acho que já perceberam isso! A presença online dos partidos vem a crescer muito em comparação com as Legislativas de 2022.

No TikTok os partidos com assento parlamentar estão em peso. O BE e o Chega são aqueles que contam com mais seguidores, sendo até uma diferença bastante significativa em relação aos restantes. Segue-se os seguidores de cada partido por ordem decrescente.






Todos estão presentes na rede social que é a maior sensação entre os mais jovens e eu penso que a reduzida percentagem de abstenção se pode dever muito à captação do interesse jovem pela política. E o número de seguidores em muito pode refletir as estatísticas eleitorais.

Mais do que as redes sociais, acredito que fique muito bem e seja muito benéfico que os partidos políticos se juntem a criadores de conteúdo online, sejam eles influencers e/ou youtubers.

Não sou a favor de youtubers utilizarem os seus canais para fazerem entrevistas sobre política aos próprios políticos. Não é nada mais nada menos do que dar espaço para o político dizer tudo aquilo que quer sem que o entrevistador lhe consiga fazer frente. Jornalistas políticos são quem deve estar encarregue desse trabalho.

No entanto, sou totalmente a favor de entrevistas que consigam trazer ao de cima aquilo que os políticos são além da sua profissão. É uma forma de nos aproximar de pessoas que nos parecem tão distantes de nós.

O comediante Guilherme Geirinhas lançou uma mini-série de entrevistas aos líderes partidários. Geirinhas afirma que todos foram convidados mas dois recusaram. Ainda que tendo 50 minutos, deixo-vos o primeiro episódio da série e no canal do Guilherme podem encontrar as restantes entrevistas, sempre num registo muito informal, tranquilo e humorístico. Questões sérias são evitadas nesta série.


Para quem não tem o interesse ou disponibilidade de assistir a vários e longos vídeos, deixo também QR codes que levam a um teaser desta série.

Se até a política está a aderir ao digital, conseguimos perceber que não há realmente muito por onde escapar! 

Devem os políticos utilizar as redes sociais para se tornarem mais informais e se aproximarem dos seus eleitores? Parece-me que sim!


Fontes:

https://www.linkedin.com/pulse/o-poder-do-marketing-pol%2525C3%2525ADtico-nas-elei%2525C3%2525A7%2525C3%2525B5es-arte-de-moldar-silva/?trackingId=VkW0427gT86DrPvEVYmrcg%3D%3D

https://expresso.pt/politica/eleicoes/legislativas-2024/2024-03-14-As-mulheres-votaram-mais-a-esquerda-e-os-jovens-afastaram-se-dos-partidos-antigos-quem-escolheu-quem-nas-legislativas--37730132

https://www.publico.pt/2024/03/11/politica/noticia/taxa-abstencao-desce-baixa-desde-1995-2083165

https://expresso.pt/politica/eleicoes/legislativas-2024/2024-03-10-Retrato-dos-eleitores-por-partidos-PS-segura-mais-os-velhos-IL-e-Livre-conquistam-jovens-maioria-dos-eleitores-do-Chega-tem-secundario-5d2c793d

https://www.instagram.com/guilherming/

https://www.youtube.com/@GuilhermeGeirinhas/videos

2 comentários:

  1. Olá Ana. Achei o tema do teu post muito interessante! Sem dúvida que a adesão dos partidos às redes sociais/ plataformas digitais é uma estratégia muito inteligente e perspicaz para alcançar o público mais amplo, ou seja, os mais jovens, para posteriormente terem mais votos. Ainda assim, acredito que este tipo de presença nas redes sociais não deve invalidar o diálogo direto nos debates como vemos na televisão, ou entrevistas como referiste. Acredito que o uso das redes sociais é apenas uma boa forma de fortalecer, complementar e promover a participação cívica de cada vez mais eleitores e diminuir a abstenção.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Inês! Obrigada pelo teu comentário. Concordo a 100% :)

      Eliminar