sexta-feira, 30 de maio de 2025

Agora sou fã de Fórmula 1?

Ultimamente a minha página “For you” está completamente infestada de publicações de F1, ou seja da corrida do Mónaco da semana passada, a corrida de Barcelona desta semana, ou momentos icónicos dos principais pilotos que há 3 semanas atrás não me teriam dito nada. Honestamente, já sei mais sobre pneus do que alguma vez quis saber. E o porquê desta insurgência súbita? Um único like num vídeo do Lewis Hamilton a chegar às qualificações da semana passada numa moto vermelha com o polo da Ferrari, what can a girl say?

O TikTok, tal como todas as redes sociais, utiliza sistemas de recomendação sofisticados para oferecer conteúdos o mais personalizados possíveis aos seus utilizadores, de forma a maximizar o tempo de cada um de nós na aplicação. O conteúdo é continuamente ajustado com base nos nossos interesses e comportamentos anteriores.



Este algoritmo utiliza um sistema de recomendações sofisticado que interpreta a forma como os utilizadores interagem com cada vídeo: um like, uma partilha ou um comentário, bem como ver o vídeo até ao fim ou só um bocadinho. E cada uma destas escolhas tem um peso. Como resultado? Um simples like naquele vídeo desencadeou um todo um novo interesse que já me levou a comprar mini carrinhos da Lego de F1. Não são tão fofos?


Estes algoritmos são úteis para as plataformas e para os utilizadores, já que deixamos de ter de pesquisar para termos acesso a conteúdo que estamos interessados. No entanto, esta facilidade cria também um efeito secundário, as bolhas de conteúdo, as quais limitam a diversidade dos conteúdos vistos por cada um de nós. A atual definição de personalização do conteúdo pode levar a dificuldade de acesso a conteúdos fora destas, podendo existir um reforço de certas ideologias ou a “preguiça” de encontrar novos conteúdos.

Todos os algoritmos em que entramos em contacto têm um enorme impacto na forma como consumimos conteúdo digital. No meu caso com o TikTok e os vídeos de F1, é algo relativamente inofensivo, porém nem sempre é o caso. Existem cada vez mais artigos científicos e pesquisas que demonstram que demora progressivamente menos tempo para serem exibidos conteúdos extremistas aos utilizadores e existir uma radicalização das pessoas, mas nós estávamos só a falar de F1, certo?

Fontes:
Como funcionam os algoritmos das redes sociais?

O Impacto das bolhas digitais no comportamento humano
Social media, extremism, and radicalization

1 comentário:

  1. Olá Rita! Identifiquei-me imenso com o teu texto! É impressionante como um único like pode mudar completamente o nosso feed. A forma como explicas a mecânica do algoritmo torna o impacto destas plataformas ainda mais claro. É ótimo ter conteúdos personalizados, mas concordo contigo: acabamos muitas vezes presos numa bolha que limita a diversidade e até a capacidade crítica. No teu caso foi F1 (e Lego, vá), mas em muitos outros casos as consequências podem ser bem mais sérias. Obrigada por levantares esta reflexão de forma tão leve e eficaz!

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