segunda-feira, 21 de maio de 2018

Nem todo o retalho quer mover-se para o digital

Eu sou um pouco retrógado para a minha idade. É verdade. O meu colega João até goza comigo a dizer que eu sou uma alma de um cinquentão disfarçada num corpo que devia pertencer a um millennial... E ele até tem alguma razão. A tecnologia está a avançar demasiado rápido e há alguns conceitos que não consigo processar ainda que veja que a balança pende largamente a favor no lado do imenso valor acrestado que trazem. Um desses conceitos é o do retalho estar cada vez mais a dar um passo para o Mundo digital de um modo generalizado. Não gosto de fazer compras online. Gosto muito mais de ir a uma loja com uma ideia do que quero e a pessoa lá, bem mais entendida que eu, me esclareça e me tire as minhas últimas inseguranças quanto à compra que vou fazer. Se é muito mais cómodo fazê-lo no sofá? Claro que é, mas não sei, estou habituado a este sistema, um sistema que resulta, e não vejo o porquê de isso mudar. Na internet perco o contacto cara-a-cara, perco o tocar/experimentar as coisas, não trago as coisas para casa porque... bem, elas provavelmente estão noutro continente.
Acredito ser uma opinião discordante do grande universo de consumidores, e se tivesse um negócio no retalho, iria preferir seguir as preferências da maioria dos consumidores do que as preferências da dúzia de velhos do restelo inconformados.
Pois bem, parece que nem todos os retalhistas estão a favor da mudança e há alguns brick and mortars bem resilientes a estas modernices, como podem ver no artigo (clicar na imagem abaixo) de um jornal irlandês.
Ir para o digital não é assim tão fácil. É necessário montar a loja online, desenvolver a cadeia de distribuição, ter um local onde armazenar a mercadoria, entre outras. O arquitetura do processo é mais complicada do que aparenta e, o que ao início parecia uma estrutura de redução de custos, acaba numa empreitada com um investimento inicial muito avultado. Para além disso, os custos de envio existem e, tornam alguns produtos inviáveis. Muitas vezes ao tentar adquirir um artigo relativamente barato acabamos a pagar o mesmo valor para que nos chegue a casa... Como se pode ler no artigo, a Primark tentou esta estratégia com um grande marketplace e acabou por abortar por não achar viável. Tudo isto, agregado ao que já referi em cima, deixa os retalhista com o feeling de que, a passagem para o on-line é inevitável mas que ainda não estão reunidas as condições necessárias para arrancar o tijolo das lojas que já estão de pé.
Bom estudo e boa leitura.

2 comentários:

  1. Eu concordo com a afirmação de que "a passagem para o on-line é inevitável" mas não necessariamente para o marketplace. Eu pessoalmente também prefiro o meio tradicional de retalho, principalmente quando falamos de roupas, mas atualmente acredito que toda loja necessite de um website ou uma página no facebook ou até mesmo no instagram. A loja pode não usar esses meios para efetuar a venda, mas sim para fazer uma vitrine virtual, para esclarecer dúvidas dos clientes, informar sua localização, expor suas novas coleções, e etc. Quando falamos de serviço então... os clientes buscam "pistas" e a Internet se torna uma grande aliada

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  2. Caro Bruno, estou contigo parcialmente, mas gostei do teu habitual tom critico.
    O off-line vai continuar a existir, até porque existem "Brunos" para agradar, são os que gostam de cheirar, provar, tocar, vestir, calçar...no fundo os que gostam de experimentar no momento de comprar. Por mais on-line que estejamos, todos temos ainda muito de Off-line, ou seja, todos somos "Brunos"! Ainda bem que assim é, senão vejamos:
    as lojas físicas tenderiam a desaparecer, facto que iria alterar a fisionomia das cidades e, acredito, que não seria para melhor; muitos destes espaços servem para socializar, pelos atractivos que apresentam, situação que igualmente se perderia só existindo o on-line;...
    Muitas transacções (bancárias por ex), muitas compras (viagens por ex), e muitas outras situações, são efectuadas por nós on-line e ainda bem!
    Abraço
    Humberto

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