Nos últimos tempos a forma como um produto se torna viral mudou completamente. Meios digitais, como o Tiktok, têm o poder de transformar um produto comum num fenómeno global. E foi exatamente isso que aconteceu com o Ozempic, um medicamento que contém semaglutido, prescrito pelos médicos, para o tratamento de adultos com diabetes do tipo 2.
Sendo o Tiktok o ponto de partida,
influencers e utilizadores começaram a partilhar as suas experiências com
o Ozempic como uma nova "arma" de emagrecimento. Sem campanhas publicitárias, o
medicamento tornou-se viral apenas com testemunhos pessoais, um exemplo claro de
UGC (User Generated Content).
Mas este sucesso repentino teve
um custo. A procura aumentou exponencialmente e o Ozempic começou a faltar nas
farmácias. O que era um medicamento prescrito passou a ser procurado por
pessoas sem qualquer indicação médica, movidas apenas com a vontade de
emagrecer rapidamente.
Surgiu então um novo problema: a
escassez do produto para quem realmente precisa. Trabalho numa farmácia e posso
afirmar que, diariamente, tenho de dizer: “Não temos. O produto está esgotado e
não temos previsão de entrega”.
Assim, começou a surgir a venda
de Ozempic no mercado negro, onde não existe a necessidade de apresentação de
receita médica, não há garantia da conservação correta do medicamento e, mais
preocupante de tudo, onde se coloca em risco a saúde pública. Tal pode ser visto
na reportagem feita pelo Repórter Sábado que se infiltrou neste meio para expor
a gravidade da situação.
Reportagem Repórter Sábado:
O que acham que poderia ser feito neste tipo de situações? Maior literacia de saúde através dos mesmos meios? Ou será que as próprias plataformas digitais deveriam ter um papel mais ativo para evitar estes problemas?
Fontes:
https://www.deco.proteste.pt/saude/medicamentos/noticias/ozempic-para-serve-quem-destina
Tema bastante interessante, é necessário ter em conta os desvios que existem, no que toca a este tipo de medicamentos com procura influenciada pelas plataformas digitais. A moda de "ter PHDA" levou a que o metilfenidato entrasse em falta na maioria das farmácias. Desta forma, acho importante o aumento de literacia de saúde, deixando o fármaco de ser uma oportunidade de negócio para este tipo de mercados ilegais.
ResponderEliminarOlá Margarida, muito bom Post! Acredito que trouxeste um assunto e um tema que têm muita relevância e que deveriam ser mais falados. Efetivamente, e com a popularização do conteúdo curto, houve um crescimento exponencial do UGC. Cada vez mais, as pessoas tomam as suas decisões de compra baseadas na publicidade feita por pessoas que estas consideram influencers. Isto levanta algumas questões: têm estes influencers noção da responsabilidade que têm quando fazem propaganda a um produto? Ou estes estão mais preocupados com dinheiro que vão receber das marcas por fazer este tipo de publicidade? Na realidade, o assunto torna-se realmente sério quando o tema está relacionado com a saúde das pessoas. Deveria de ser permitido a publicidade de medicamentos nas redes sociais? Na minha opinião não e, além disso, acredito que deveria de existir mais regulamentação para as plataformas digitais evitarem este tipo de problemas. Há anos que fazem dinheiro às custas dos seus utilizadores e propagam o free of speech para fugir das suas responsabilidades de monitorizar e banir conteúdos prejudiciais das plataformas. Casos como o do Ozempic, onde reais doentes diabéticos ficaram sem a sua medicação, e onde as pessoas recorrem ao mercado negro para atingir os corpos ideias que os influencers propagam deveriam de ser casos suficientemente graves para medidas serem tomadas dentro do espaço da Internet
ResponderEliminar