quarta-feira, 4 de junho de 2025

Numeiro: entretenimento ou influência tóxica?

Numeiro (Rui Moreira) é um streamer e influenciador digital português, conhecido pelo seu humor irreverente e opiniões polémicas que se tornam virais, especialmente no TikTok. A visibilidade começou por volta de 2017 no YouTube, mas foi a partir de 2020 que se destacou como streamer na Twitch, consolidando-se como figura popular entre os jovens portugueses. O verdadeiro "boom" aconteceu entre 2022 e 2024, com o crescimento explosivo de clipes seus no TikTok, onde o seu estilo provocador ganhou forte tração.

Foi precisamente em 2017 que começaram a surgir os videos virais de influencers portugueses no YouTube mais apreciados pelos adolescentes, com conteúdo como: "7 maneiras de destruir um iPhone", "Como irritar a minha irmã" e "Explodi a maior bomba de fumo em casa". Com isto, surgiu também a "casa dos youtubers", uma casa de 1 milhão de euros, onde viviam vários youtubers a produzir conteúdo todo o dia individualmente e em conjunto. Uma mistura de luxo e brincadeiras parvas que tinham sucesso por serem tão diferentes do que já existia, polémicas no fundo. 


Com o surgimento do Tiktok e atenção seletiva, plataformas como o Youtube entraram em decadência e qualquer pessoa consegue criar um video e torná-lo viral de forma mais fácil e estes youtubers não ficaram para trás. Figuras como o Numeiro entraram em ação na produção de conteúdo, com pouco esforço e com um grande alcance. Num dia está a reagir a vídeos de comida, no outro está a dizer que as mulheres "devem saber o seu lugar" e os videos correm a plataforma como fogo num mato seco. É entretenimento? É opinião? É personagem? Ou é só machismo em 1080p? Os seus vídeos com takes controversos sobre relações, género, ou "como é que as mulheres devem comportar-se" são partilhados, comentados, criticados e... claro, recortados até à exaustão.

Há quem diga que é só humor. Outros juram que é só ironia. Mas o que se vê nos comentários é uma legião de seguidores que concorda com cada palavra. E quando alguém o critica? Aparecem logo os "reis da verdade" a dizer que o problema “é não saberem lidar com opiniões masculinas”.


Entre piadas e masculinidade tóxica: onde está o limite?

A persona do Numeiro mistura o humor nonsense com tiradas que facilmente se confundem com discursos saídos de fóruns como o Reddit Red Pill. E isso levanta a questão: até que ponto ele é responsável pelo que diz? E mais: até que ponto está a legitimar ideias retrógradas sob o disfarce de entretenimento?

Quando um vídeo seu com comentários machistas ultrapassa os 200 mil likes, não é apenas viral — é um reflexo de algo mais profundo, algo desconfortável, algo que nos diz muito sobre o público jovem masculino e mesmo feminino em Portugal em 2025.

Com isto, mesmo que os que criticam sejam mais do que os que concordam, a realidade é que o video ganha audiência e o algoritmo adora!

"Falem bem ou mal, desde que comentem"

Será que é apenas uma estratégia para ter o seu nome na "boca do povo" ou acredita mesmo no que diz e quer mostrar ao mundo? Pode ser uma mistura dos dois mas o que interessa é que tornou-se uma "trend" trazer estes pensamentos à "mesa", outros influenciadores aproveitam o "Boom" como o Tiago Paiva e Ruben Silva. 

E onde é que isto vai parar? Quantos adolescentes usam estes criadores de conteúdo como exemplo para os seus pensamentos? Vamos acreditar que a nova geração vai trazer outras trends mais saudáveis.


Fontes:

(148) Windoh - YouTube

(148) como irritar a minha irma joao sousa - YouTube

(148) wuant - YouTube

https://isociologia.up.pt/projetos/influenciadores-digitais-portugueses-perfis-contextos-e-influencia-social

202730689.pdf

Influenciadores digitais : evolução e perspetivas futuras nas redes sociais em Portugal

Numeiro | TikTok

1 comentário:

  1. Olá Margarida! Discutes questões significativas acerca dos limites entre o humor e a responsabilidade. É preocupante ver discursos problemáticos sendo naturalizados como "entretenimento", especialmente quando têm um impacto significativo nos mais jovens. É essencial reconsiderar essas tendências e incentivar conteúdos mais saudáveis

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