terça-feira, 24 de abril de 2012

Português condenado por partilhar músicas na net


O Tribunal Criminal de Lisboa condenou um dos arguidos do processo por partilha ilegal de ficheiros, que resultou de uma queixa da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP) em 2006. A condenação refere-se à partilha ilegal de três músicas: “Queda de um Anjo”, dos Delfins; “Não há”, de João Pedro Pais, e “Right Through You”, de Alanis Morisette (ver reportagem aqui). Até agora, apenas um cidadão português tinha sido condenado por disponibilizar música reproduzida ilegalmente via web.
Em comunicado a AFP salienta que estas práticas ilícitas têm levado a indústria fonográfica à ruína na última década, perdendo 80 por cento da sua facturação. As editoras discográficas portuguesas sofreram uma quebra de 38% na facturação no primeiro semestre de 2011, face ao mesmo período de 2010. Revelando dados preliminares de 2011, a AFP revela que se verificaram quebras de facturação em todos os sectores do mercado discográfico nos primeiros seis meses de 2011: venda de LP em vinil (menos 40%), de CD (menos 15%) e de DVD musicais (menos 26,2%), face ao primeiro semestre de 2010. No terceiro trimestre de 2011, entre Julho e Setembro, registou-se uma descida de 32,3% em relação ao mesmo período de 2010. A AFP atribui estas variações de mercado à “proliferação da pirataria na Internet, mas também no meio físico, e à ausência de quaisquer medidas fiscalizadoras ou preventivas nos últimos seis ou sete anos em Portugal”.
Face a este cenário, alguns artistas aliam-se aos "inimigos". Pontapés de saída foram dados por bandas como os Radiohead que, em 2007, disponibizaram no seu site o álbum "In Rainbows". Os fãs podiam descarregar gratuitamente o disco ou escolher o montante que achassem justo pagar. O preço médio obtido foi de 5 dólares por CD. Aos Radiohead sucederam-se bandas como os Coldplay ou os Kaiserchiefs, e os portugueses David Fonseca e The Gift, entre outros.
Disponibilizar os conteúdos de forma gratuita ou pagar por eles? Será que as investidas da AFP levarão muitos portugueses a abdicar dos seus uploads e downloads gratuitos? Se o conteúdo é replicável e está disponível na rede, porquê continuar a pagar por ele? Quem perde e quem ganha...?

2 comentários:

  1. Já há muito tempo que tenho opinião formada sobre esta matéria. A AFP pode tentar fazer a pressão que quiser que não me parece que vá demover as pessoas de fazer downloads do que quer que seja, pelo menos as pessoas mais informadas no assunto.
    Hoje em dia, vemos guerra entre a indústria discográfica e os piratas. Vimos a ascensão de partidos pirata nomeadamente na Suécia e vimos os Anonymous a atacar sites americanos públicos e privados depois do fecho do site Megaupload e depois da entrada da proposta de lei americana para discussão no congresso que pretendia regular a internet, a qual não foi aprovada devido à pressão destes grupos.
    A cultura quer se livre e tendencialmente gratuita, só isso salvará o povo. Só assim teremos uma massa crítica mundial, maior e mais bem informada. A internet veio permitir isso mesmo, em oposição à televisão dominada e controlada por quem a gere estavámos há muitos anos a ver o que nos era dado, hoje em dia escolhemos o que vemos, às horas que queremos. Temos blogs de opinião e jornalismo independente, livre partilha de vídeo e aúdio e muito mais.
    Se esta mudança de paradigma veio prejudicar a música, a minha resposta será um claro não.
    Veio prejudicar a indústria discográfica e o intermediário entre músico e público, mas só alguns intermediários, outros como o myspace ou o bandcamp ou o beatport floresceram e são gigantes.
    A internet libertou os artistas. Acho que os únicos artistas que se podem queixar ao lado das editoras discográficas são aqueles mais comerciais. São esses que vendiam milhões de discos, e são esses que deixaram de vender.
    A perda da importância da TV, deu automaticamente menos importância a estes artistas mais comerciais, muitas vezes levados ao colo pelos meios de comunicação. Aliás, esses mesmos artistas vendem agora para franjas da sociedade desligadas da realidade da Internet e ainda muito dependentes da TV e dos seus conteúdos para entertenimento pessoal.
    Os radiohead, por outro lado, não deixaram de vender esses volumes e continuam estáveis. Cortaram o intermedíario, utilizaram o método descrito e segundo os mesmos fizeram tanto ou mais dinheiro quanto antes.
    Vemos agora, mais do que nunca, que os festivais de música e cultura estão a ter um sucesso enorme mesmo em altura de crise. Agora, pequenas bandas de todo o mundo podem ser conhecidas e ouvidas nestes festivais.
    Há mais festivais, há mais pessoas a ir a festivais, há mais bandas a ir a festivais, nomeadamente bandas mais pequenas. Muitos artistas concordam e usam estes sistema do download ilegal ou legal, sabem que se esta possibilidade não existisse nunca seriam conhecidos e reconhecidos noutros mercados e por outros públicos.
    Em suma, as editoras perdem, alguns artistas de grande expressão perdem senão souberem se movimentar nesta realidade. Quem ganha? Virtualmente todas as outras pessoas, o público, os artistas em geral (em particular os que antes tinham pouca expressão mas que tinham qualidade e agora podem ser ouvidos por todos), os promotores de espetáculos/festivais.
    Ninguém está a roubar nada a ninguém e se por ventura o produto que é "baixado" tiver qualidade e aliado a isso tiver um bom suporte físico, concerteza que um fã vai adquirir o disco ou sucedãneos.
    O meu comentário só podia sair assim no dia da Liberdade.

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  2. Porque não me esqueço, deixo aqui um artigo que suporta o meu ponto:
    http://www.readwriteweb.com/biz/2012/09/bittorrent-downloads-booming-and-benefitting-musicians.php

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