quinta-feira, 23 de março de 2017

A revelação do segredo

Caros colegas que pararam para ler este post porque o título vos pareceu apelativo ou até revelador, informo-vos que o título não serviu mais do que para vos fazer mostrar o que é o clickbait – o verdadeiro tema deste post.

E questionam alguns de vocês: o que é o clickbait? E eu respondo, o clickbait é isso mesmo uma caça ao clique. Como é de conhecimento geral, o paradigma da comunicação está a mudar e já (quase) ninguém compra revistas/jornais quando horas/dias antes (ou até depois) teve acesso exatamente à mesma informação, isto levou a que a imprensa tenha procurado novas formas de sobreviver: a publicidade nas próprias plataformas online é uma delas. Assim, uma vez que captam mais investimentos publicitários as plataformas que caçarem mais clique, nada melhor do que títulos enganadores que provocam curiosidade no consumidor para conquistar cliques.

Entenda-se que não estou a discutir a pertinência de um título original e apelativo, que até levante alguma curiosidade, esta reflexão prende-se com títulos enganadores que nos levam a acreditar que a notícia é sobre uma temática, ou que até irá ser feita alguma revelação, e afinal não.
Desengane-se quem acha que este truque é exclusivo da imprensa cor-de-rosa, mais ou menos vezes todos os meios de comunicação o fazem. A verdade é que se pensarmos bem, manchetes sensacionalistas sempre existiram e várias são as publicações com longa presença no nosso mercado que são conhecidas por isto mesmo (no digital ou no papel), a diferença, acredito eu, é que hoje em dia somos inundados com títulos deste género a cada instante (basta estarmos online).

A verdade é que se refletirmos já todos nós nos sentimos enganados e irritados com um qualquer meio de comunicação. Contudo, atualmente boa parte das vezes que lemos um título mais sensacionalista temos já desenvolvida, ainda que inconscientemente, a capacidade de perceber se se trata de um “isco” ou não, e até conseguimos identificar quais são as plataformas que mais vezes recorrem a este truque.
Assim se em 2014, quando o The Onion lançou o ClickHole, que explora e crítica o clickbait, este era um tema muito em voga, hoje, em pleno 2017, acredito que este seja um tópico ainda mais relevante e cada vez mais presente no nosso dia-a-dia, e nada melhor do que uma passagem de 2 minutos pelo Facebook para nos depararmos com exemplos disto mesmo. Neste sentido, surgiu também em Portugal uma página de Facebook, a Anti Clickbait Portugal, que satiriza este tipo de manchetes.

Para concluir, ainda que muitas vezes inconscientemente, acredito que atualmente grande parte dos consumidores (talvez com destaque para os millennials e a geração Z) estejam a combater o clickbait mais enganador e, presumivelmente, a imprensa terá de arranjar novas formas de atrair leitores para as suas páginas.

1 comentário:

  1. Adoro essa conta de facebook, rio-me muito com ela. É de facto gozar connosco, leitores, publicar títulos que nada têm a ver com a notícia. Fazer um título chamativo tudo bem, mas já vi casos onde o título não tem nada a ver com o conteúdo da notícia e isso é mesmo para gozar...

    ResponderEliminar