quinta-feira, 9 de maio de 2019

Um Mundo Sem Likes

O Instagram está a testar uma nova versão da aplicação que não permitirá aos utilizadores perceber o número e a origem dos “likes” em publicações de terceiros. No entanto, a versão que está a ser testada permite a cada utilizador “conhecer os seus “likes”.

“O Instagram encontra-se a testar uma nova versão da app que esconderá o número de ‘likes’, anunciou o responsável pela rede social, Adam Mosseri, durante a conferência F8. Atualmente visível no feed de publicações, o número de ‘likes’ estará escondido mas, diz o DesignBoom, ainda será possível ver quem dos seus amigos gostou de determinada fotografia ou vídeo.”


As razões que motivam estes testes prendem-se, aparentemente, com a ideia de que, para o Instagram, as pessoas devem focar-se nas fotos e vídeos partilhados e não no número de likes que estes conseguem obter. Esta preocupação é partilhada por outras redes sociais e poderá ser replicada.

Numa altura em que o Instagram é claramente a rede social preferida dos utilizadores anónimos, das celebridades, dos influencers e das marcas, esta mudança (se vier a confirmar-se) poderá ter dois efeitos, não mutuamente exclusivos.
Se, por um lado, esta modificação pode alterar em muito a forma como o Instagram funciona e a forma como as pessoas e as marcas estão presentes nas redes sociais, levando a uma diminuição da necessidade de “aprovação” pelos outros e criando problemas de gestão às marcas, pois não poderão saber quais os perfis com maior alcance e com mais likes por foto.

Por outro, o Instagram poderá correr um grande risco e levar a que surjam outras redes sociais e que existia uma migração de utilizadores, esvaziando o Instagram (algo parecido com o que aconteceu já com outras redes sociais e que temos vindo a assistir no Facebook).

Estaremos preparados para um mundo sem likes? Qual será a reação das marcas e dos influencers?

Fonte

3 comentários:

  1. Não estamos preparados e não podemos viver sem eles, assim como as marcas; empresas ou influencers.
    Sem likes não há contabilização do sucesso das publicações, do público-alvo atingido, enfim, um sem número de estatísticas que as empresas e os departamentos de marketing consideram cada vez mais importantes e dedicam mais atenção.
    Em segundo lugar nós, enquanto humanos utilizadores destas redes sociais, estamos viciados nos likes e somos dependentes dessa atenção e aprovação no mundo virtual. Existem diversos estudos e notícias sobre esta temática, mas recomendo este, particularmente relevante por demonstrar que os likes provocam no nosso cérebro shots de dopamina, que nos tornam dependentes e ansiosos pelo próximo shot.
    Os likes são, no fim de contas, um ciclo viciosos que nos tornou dependentes. Não me parece que o instagram tenha sucesso nesta aposta. Aqui vai: https://www.psychologicalscience.org/news/releases/social-media-likes-impact-teens-brains-and-behavior.html

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  2. Tópico muito relevante numa cultura em que cada vez mais as pessoas e empresas dependem da validação de quem os segue. Até atrever-me-ia a dizer que o objetivo de muitos em ter Instagram é precisamente obter likes (em oposição à criação de uma galeria onde se guardam momentos para a posteridade, que acredito que seria a sua função primordial).
    Principalmente as gerações mais novas relatam que os gostos são uma forte fonte de auto-estima, mesmo tendo completa consciência de que a rede social tem uma influência "tóxica" na sua vida, o que é preocupante, pois o pensamento não inibe as pessoas de abrirem a aplicação a cada 5 minutos, mesmo que nesse entretanto nada de novo tenha sido publicado. Tem muito mais a ver com a parte psicológica e bioquímica tal como o João refere no seu comentário.
    Acho que remover o "pequeno coração vermelho" é apenas um pequeno gesto que ajudará a diminuir esta cultura da validação, mas que não a eliminará completamente. Os utilizadores dela dependentes procurarão outras formas de ter a atenção desejada, seja através de comentários (por exemplo) ou, numa medida mais drástica, migrarem para outras redes sociais.

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  3. A iniciativa é extremamente relevante. Isto porque em recente pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health,as redes sociais foram identificadas como o fator mais prejudicial a saúde dos jovens.
    Apesar da ação, concordo com a posição do Bruno, as pessoas irão encontrar outros meios para se sentirem aceitos. https://super.abril.com.br/sociedade/instagram-e-a-rede-social-mais-prejudicial-a-saude-mental/

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