segunda-feira, 1 de junho de 2015

Quanto realmente custa produzir uma T-shirt

Foi lançada há pouco tempo uma campanha de sensibilização elaborada pela ONG Fashion Revolution relativamente à exploração laboral na indústria têxtil de baixo custo.
Como se pode verificar pelo vídeo, uma máquina de venda automática foi disposta numa determinada rua no centro de Berlim, Alemanha, com a indicação de que as T-shirts brancas tinham um custo de apenas dois euros (T - Shirt only 2 €).
Como seria de esperar, o anúncio rapidamente reteu a atenção de várias pessoas que se mostraram dispostas a adquirir o produto.
Ora, após a introdução da moeda e a escolha do tamanho pretendido foram surpreendidos: em vez de obterem a t-shirt foram “forçados” a visualizar uma pequena apresentação explicando o motivo de a peça ser tão barata. Como tal, à medida que era inserida a moeda os potenciais compradores viam-se obrigados a ler a mensagem (Comunicação push).
Por sua vez, cada indivíduo recebia uma mensagem diferente. Ou seja, apesar de a justificação do valor da peça ser comum, cada apresentação apresentava uma criança diferente, como por exemplo: "Conheça a Manisha, uma das milhões de pessoas que fazem a nossa roupa barata por menos de 13 cêntimos à hora, durante 16 horas por dia. Ainda quer comprar esta t-shirt?".

Após a mensagem, é dada a opção de efetuar a compra ou em contrapartida doar o valor. Pode-se ver pelo vídeo que as pessoas mostraram diversas reações e no final não ignoraram a causa. Por conseguinte, optaram por ser solidárias e doaram o montante.



Assim, o objetivo consiste em sensibilizar os consumidores para que fiquem consciencializados com este tipo de indústria, no qual esta campanha advém do facto de no dia 24 de Abril de 2013 um edifício no Bangladesh ter ruído. Nele operacionalizam cinco fábricas de roupa, que por sua vez eram fornecedoras de marcas ocidentais conhecidas. Consequentemente, 1100 pessoas perderam a vida. Portanto, surgiu a ideia de lançar um apelo às pessoas para que estas não contribuam para a continuidade deste tipo de práticas.
Logo, deste o ano passado que esta data é relembrada como forma de recordar a opinião pública que a exploração laboral e sobretudo infantil existe. Assim, o vídeo foi divulgado a 23 de Abril e atualmente já conta com mais de cinco milhões de visualizações no Youtube.
No entanto, também existe a opinião contrária. Num país onde milhares de crianças passam fome onde a única forma de obterem rendimentos, ainda que muito reduzidos, é através da “exploração infantil”, até que ponto não é ético deixa-las trabalhar?


As opiniões também divergiram nas redes sociais, nomeadamente no Facebook e Twitter. Por uma lado, como já disse, há quem defenda que é a única maneira de estas crianças deterem meios para sobreviver, por outro lado, há quem argumente que é imoral e por esse motivo deveria ser combatido.




Este caso pode ser relacionado com o que vimos na aula relativamente aos alertas que os consumidores recebem (messaging). Um exemplo disso foi o caso abordado referente à promoção da alimentação saudável onde cada vez que um consumidor pretendia adquirir uma pizza recebia um alerta questionando-o se essa seria a melhor opção fornecendo uma alternativa mais saudável.

Como tal, identificam-se com esta causa?

8 comentários:

  1. Gostei muito Ana, Sim claro que me identifico. É um exemplo excelente de Marketing social. A sustentabilidade, a ética e os valores no seu máximo expoente.

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    1. Obrigada Augusto!
      É realmente notório como o Marketing Social consegue influenciar a decisão dos consumidores levando-os a adotar um comportamento contrário ao que teriam caso não existissem campanhas como esta.

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  2. Vi o video e penso que o valor que esta acção emprega ás t-shirts é princeless, não existe valor que pague a escravidão e a utilização de mão de obra barata. Penso que foi uma activação interessante de marketing social para sensibilizar as pessoas a doar uma quantia simbólica e relembrar que esta é uma realidade actual.

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    1. Também concordo, é uma forma eficaz de sensibilizar os (potenciais) consumidores levando-os a refletir sobre esta questão que é a escravidão sobretudo infantil. No entanto, devido à conjuntura atual, não sei até que ponto é que as pessoas se identificam com a causa. Uma vez que há de facto alguma consciencialização e existe vontade de não querer contribuir voluntariamente para a continuidade desta realidade, muitas vezes acabam por ter que adquirir produtos provenientes destes países devido ao seu reduzido poder de compra.
      Contudo, devido à facilidade e obtenção de informação, os consumidores podem comparar preços e até mesmo adquirir os produtos online mais baratos. Logo, dispõem de mais ferramentas para se informarem relativamente à origem das peças. Portanto, o facto de existirem estas campanhas vem reforçar a ideia de que atualmente há a possibilidade de comprar apenas aquilo que se quer e não o que é impingido pelas marcas.

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  3. Olá Ana! O post está mesmo muito interessante. A verdade é que muitas vezes quando uma pessoa compra algo, seja barato ou caro, não está programada para pensar no que é que está por detrás daquela peça. Este tipo de iniciativas são fundamentais e deveriam existir muitas mais para que as pessoas nunca se esqueçam de pensar antes de comprar.
    Compreendo o ponto de vista do vídeo ao utilizar as tshirts de $2, foi uma forma de chamar a atenção do consumidor. Mas existem também muitas peças caras que são produzidas da mesma forma e algumas marcas chegam a ter lucros exorbitantes à custa disso. Muitas chegam mesmo a gastar mais em publicidade do que a pagar aos trabalhadores que produzem os seus produtos.
    Foi uma iniciativa excelente a nível de marketing Social que fez as pessoas relembrarem o acidente de 2013. A mim chamou-me particularmente a atenção o casal com a filha a doar os $2. Será bom pensar que este tipo de iniciativas possa conduzir a uma geração mais consciente.

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    1. Olá Orlanda :)
      Também concordo contigo, existem muitos consumidores que no momento da aquisição não têm em consideração fatores como o local de produção e a mão-de-obra. O caso da Nike reflete o que mencionaste relativamente ao facto de existirem marcas a praticar preços elevados quando na realidade em termos de processo de produção não há diferenças significativas face às de baixo custo. Como tal, os produtos são diferenciados essencialmente pela marca e consequentemente pelo preço.
      É sem dúvida muito importante que estas iniciativas despertem a atenção dos consumidores consciencializando-os sobre esta realidade com vista a que comecem a questionar-se sobre aspetos como o país de fabrico e a relacionar o preço com o produto, excluindo claro promoções.

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  4. Este tipo de campanha é essencial para nos lembrarmos que em pleno século XXI ainda existe escravidão e que existem crianças que, para conseguirem sobreviver, têm de trabalhar!
    Porém é complicado culpabilizar apenas as marcas que vendem roupa barata, pois não sabemos como e onde são produzidas as peças de roupa das marcas mais caras.
    Por isso, a meu ver, não é por não comprarmos a roupa nas marcas mais baratas que estamos a combater a escravidão infantil!

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    1. É exatamente pelo motivo de terem que trabalhar para sobreviver que muitos consumidores não defendem a ideia de que o trabalho infantil, nestes países, deveria ser ilegal e não ético.
      Nem sempre se consegue identificar o verdadeiro local de produção, mas atualmente as marcas não conseguem esconder a longo prazo informações relativas à sua produção e à sua forma de atuar. A geração net tem muito poder nesse sentido uma vez que as redes socias são um meio eficaz para se gerar um buzz negativo que rapidamente afeta a reputação da marca em segundos. Deste modo, com o volume de informação disponível e o facto de os consumidores questionarem frequentemente o que é divulgado pelas marcas, é uma maneira de intervirem e de certa forma ajudarem a combater a exploração laboral.

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