sexta-feira, 31 de maio de 2019

Usar o Marketing para sensibilizar: o caso das Eleições Europeias de 2019

Desta Vez Eu Voto!

"A abstenção é um problema crónico das europeias. Em 2014, a abstenção em Portugal foi de 66,2%: dos cerca de 9,7 milhões de eleitores, apenas um terço foi às urnas. Nesse ano, apenas 28% dos eleitores europeus entre os 18 e os 24 anos votaram." (Público, 2019)

A abstenção nas eleições europeias tem sido alvo de preocupação. Como forma de retaliação, a União Europeia criou uma campanha institucional de apelo ao voto (destavezeuvoto.eu), investindo 36 milhões de euros. A campanha começou em junho do ano passado.


A grande aposta da campanha foi no mundo digital (e não só). A ideia foi, não só sensibilizar os cidadãos a votar, mas também a influenciar os seus amigos e familiares a fazê-lo através das redes sociais. Para chegar às pessoas utilizaram as suas contas do Facebook, Twitter e Instagram.

Nas redes sociais circularam imensos posts, alguns de caráter mais informal que outros, feitos por amigos, influencers e até algumas páginas institucionais. Foi no Instagram que mais partilhas vi sobre este assunto (e foram bastantes), mas dado o seu caráter temporário de 24h não consigo publicar. A seguinte imagem foi das que mais vi a serem partilhadas, no próprio dia 26, apesar de ter poucos likes:


No Twitter:



No Facebook:
 




A UE tem lutado para mostrar aos cidadãos europeus a importância de votar, mas será que esta campanha ajudou? Os resultados dizem que não: a abstenção de Portugal foi de 68,6%, mais 2,4 pontos percentuais do que em 2014. 
Será o Marketing capaz de criar awareness nos portugueses e resolver um problema deste calibre? Uns dias antes das eleições foi revelado um estudo que concluiu que 69% dos portugueses não conhecem um único eurodeputado português...

E vocês, votaram? O vosso Instagram também foi invadido por posts relacionados com as Europeias antes do dia 26?


Redes Sociais do Parlamento Europeu
Fontes:

2 comentários:

  1. Um caso bastante interessante. Infelizmente a campanha não surtiu efeitos nenhuns em Portugal dado os números mais recentes da abstenção no nosso país e o mesmo se passou, com maior ou menor relevância um pouco por todos os Estados-membros da União Europeia. O que coloca uma questão grave... Como alterar este paradigma? A classe política mundial está a passar por uma fase de descredibilização tremenda e isso prova-se pelas taxas de abstenção exorbitantes e pelo crescimento dos nacionalismos encarnados por Trump, Bolsonaro, Le Pen, entre outros. No Parlamento Europeu os partidos moderados perderam terreno para a extrema direita e extrema esquerda ainda que não sejam PARA JÁ valores com muita relevância. Continuando assim dentro de 5 ou 10 anos teremos uma maioria parlamentar europeia que não é a favor da União Europeia e o projecto pode ser posto em causa. Um projecto que nos garante liberdade e democracia desde 1986. Um projecto que a maioria de nós, estudantes, não dá o devido valor porque pensamos cá para nós que os direitos hoje em dia são garantidos e que não é preciso fazer nada para os preservar. Com isto não defendo que a culpa é única e exclusivamente dos que não votaram. A classe política também tem muito de culpa neste tipo de situações, logo em primeiro ponto por não fazer o suficiente no que toca a informar as pessoas sobre o que realmente é a União Europeia. É essencial uma pessoa saber para que servem as eleições europeias e não só, obviamente que a motivação é muito menor se desconhecermos aquilo para que estamos a votar. É essencial também que a classe política não se limite a aproximar-se do povo apenas em campanha, esse tipo de campanhas à moda antiga já não funciona e isso ficou provado principalmente em Portugal. É necessária uma reformulação sobre o que é fazer campanha e transformar os partidos políticos em algo mais compreensível para as pessoas. Dito isto, friso: Só as pessoas podem mudar o panorama político em democracia e a incompetência política por parte de alguns não justifica sermos incapazes de perder 5 minutos da nossa vida para colocar um X num papel e tirar esses mesmos incompetentes do poder ou até não colocar X nenhum e votar em branco. Porque um dia poderão escolher por nós alguém que nos fará adormecer em democracia e acordar em ditadura.

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  2. Post super pertinente!
    Concordo com muito do que disse o Daniel Padrão. A abstenção deu a resposta que procurávamos: o marketing, neste caso não funcionou. Mas porque não funcionou? Porque é que mesmo utilizando as redes sociais (tão próximas dos jovens) e o recurso a vídeos tão cativantes, os jovens não foram votar?
    Bom, acredito que existam vários motivos, o primeiro dos quais penso que terá que ver com o facto da comunicação só ser realizada para jovens aquando as eleições, durante o restante tempo não tenho conhecimento de campanhas com o impacto desta. Durante os restantes meses quem são os jovens que sabem o que sabem o que se passa no Parlamento Europeu? Claro que, como disse o Daniel, a culpa não será exclusivamente de quem comunica. Hoje a informação está toda à distância de um click e por isso, qualquer jovem que tenha interesse no tema terá acesso à mesma.
    O que me leva ao próximo aspeto, falta de empatia entre os jovens e os políticos, uma classe completamente descredibilizada aos olhos dos jovens. Como vimos em vários exemplos expostos tanto neste blog, como em aulas, é importante criar empatia entre o comunicador e aquele que recebe a informação, mas como é que se gera esta empatia quando quem recebe a informação relativa aos assuntos europeus não a percebe?
    Por último, acredito que outra causa que contribui para os elevados números de abstenção seja a falta de educação na matéria. Porque é que não se fala mais de política da escola? Porque é que a política é encarada como um assunto a evitar, quase como os clubes de futebol ou a religião? Os jovens desta geração, na qual me incluo, nunca viveram noutro regime que não em democracia. Só isso justifica que os mais velhos, apesar da descrença nos nossos políticos façam questão de ir votar, enquanto os mais novos desprezam este direito.

    Posto isto, este é talvez um bom exemplo de falta de estratégia de marketing, onde claramente foram desenvolvidas ações a curto prazo, sem uma visão alargada do panorama e assente numa premissa de que o "consumidor" é facilmente influenciável, mesmo que não a campanha não tenha uma base de confiança, credibilidade e empatia.


    Ps: Escrevi um post sobre a comunicação das eleições europeias antes das mesmas, caso tenhas interesse, convido-te a leres: https://webmktfep.blogspot.com/2019/05/game-of-thrones-na-corrida-as-europeias.html

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